Capítulo 53

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Naquela noite encontrei Alex. Estava aos pés de uma sequoia e parecia me aguardar. Seu rosto estava magro e abatido, um sorriso triste e cansado. Abraçou-me amorosamente, depois me pediu para não fraquejar.

— A Pedra não tem poder sobre mim — eu disse com entusiasmo.

— Por quanto tempo, Alê? Ela está tentando encontrar um espaço, uma fraqueza em você.

— Não encontrará, eu lhe prometo. Eu lhe juro!

Alex acariciou meu rosto com ternura e franziu a testa.

— Todos temos nossas vulnerabilidades, amor. Qual a sua? Encontre-a antes dela.

— Não é ela, é ele — eu disse com segurança. E contei sobre as visões que tinha em meus sonhos.

Foi Irina quem serviu meu café da manhã. O dia amanheceu inesperadamente chuvoso, e minha serviçal andava silenciosamente, como se temesse despertar minha fúria. Mantinha a cabeça baixa, sem seu jeito solene e altivo. Estaria conformada com seu destino? Ou apenas tentava me ludibriar? Ordenei que limpasse o quarto e cuidasse de minhas coisas. Isso a faria mexer nas anotações sobre a escrivaninha e, se chegasse aos ouvidos de meu pai, reforçaria a farsa que eu apresentava para ele.

Naquela manhã saí para o trabalho pela primeira vez. Vesti minha roupa de combate, me armei com Brenda e fui primeiro para o campo de treino. Chad me recebeu com alguma surpresa. Não sabia ao certo como se comportar em minha presença, por isso tomei a iniciativa de mostrar os novos rumos de nosso relacionamento. Aproximei-me devagar e, enquanto ele se abaixava em uma mesura, saquei Brenda rapidamente e o obriguei a uma defesa difícil. Não lhe dei tempo para encontrar uma posição confortável – ataquei-o com uma chuva de golpes rápidos e variados. O terreno estava escorregadio por causa da chuva e Chad tinha dificuldades em se manter equilibrado. Quando o suor escorria por seu rosto e sua derrota parecia iminente, abaixei minha espada e, rindo, convidei-o para um abraço. Eu estava realmente contente em vê-lo, e deixei isso claro.

Olhei para o pequeno grupo de alunos de Chad. Eram filhos de funcionários e sonhavam em chegar ao exército real. Teriam outros momentos para aprender a arte da espada, entretanto. Agora eu queria movimentar as coisas no castelo, e seria bom ter no exército alguém que conhecesse minha agilidade em uma luta.

— Vejo que você continua no campo de treinos, Chad.

— Para mim é uma honra cuidar do futuro de nosso exército, Alteza.

— Fico feliz por isso. Mas, no momento, o presente me preocupa mais do que o futuro. O que acha de utilizar sua técnica em um campo de batalha?

— Vossa Alteza está me convidando...

– ... estou ordenando — era necessário ser autoritária — que venha trabalhar comigo. Eu o quero como meu braço direito no Exército Real de Âmina. Creio que, a essa altura, já saiba que sou Chefe-Em-Pessoa de nosso exército, não é?

Não sabia, e sua feição transpareceu isso. Não sei se ficou feliz ou assustado, mas guardou os sentimentos para si e curvou-se numa mesura.

Fiz uma sessão de treino com ele, para alegria dos meninos. Mas em seguida os dispensei, informando que um novo instrutor seria contratado em breve. Era mentira, mas que diferença fazia?

E, finalmente, veio a hora de me apresentar ao exército. Cheguei já aquecida para a luta, caso algum engraçadinho resolvesse testar minhas habilidades. É bem verdade que minha fama de espadachim era grande por todo o reino, mas muitos consideravam isso uma lenda. E, a exemplo de Diana, como acreditar em uma Princesa que nunca aparece? Era hora de me conhecerem de verdade.

Aléssia || HISTÓRIA COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora