Capítulo 8: Chantagens.

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Encarei Aaron ainda tentando processar aquilo. Ele me analisava, com um sorriso zombeteiro no rosto. Minhas mãos se fecharam dentro dos bolsos.

-O que? -Falei, após alguns longos minutos.

Aaron sorriu como um predador que havia acabado de encurralar a presa. Mas eu não era uma presa. Eu estava muito longe de ser isso.

-Acha que eu não sei que está aqui para me matar? -Ele curvou a cabeça. -Acha que eu não sei que a princesinha deve me seduzir? Acha que eu não sei que tudo isso não passa de um teatro do rei dos superiores?

Não respondi. Aaron sorriu mais. Tão largamente que parecia estar comemorando algo internamente.

-Ah, doce, Holly. -Ronronou como um felino. -Eu sou o rei de Andalor e não um idiota completo. Eu sei de absolutamente tudo.

-Se sabe de tudo, porque está fazendo esse jogo? -Questionei e observei sua mão passear pelos cabelos, tentando ajeitar as pontas rebeldes.

-Aprecio a coragem do rei de te mandar até aqui. -Ele aspirou o ar como se estivesse tentando sentir meu cheiro. -E aprecio mais ainda você. Sua coragem e confiança para me matar.

Abri um sorriso falso e cheio de ódio.

-Você é a criatura mais desprezível que existe em todos os mundos. -Afirmei.

-E você é a mais adorável de todas.

Minhas mãos se fecharam e punhos e eu segurei a vontade de pular em cima dele. Ele estava sorrindo tanto que parecia ter ganhado o melhor presente de aniversário.

-Porque não me mata e acaba com isso?

-E acabar com toda diversão? -Provocou. -Não, se o rei quer jogar, então nós vamos jogar. -Aaron se curvou para mais perto de mim com um grande sorriso. -E eu não costumo jogar e sair perdendo, doce Holly.

Engoli o nó que se formou e agarrei a adaga dentro da minha jaqueta. Antes que eu fizesse qualquer coisa Aaron já havia me puxado. Eu cai no chão da carruagem e ele em cima de mim, me prendendo, sem me deixar mover um músculo. Seu rosto estava ao lado da minha bochecha e sua mão segurava a minha, com a adaga no meio.

-Olha o que temos aqui. -Ele zombou. -Acha mesmo que eu não esperava isso vindo de você? -Questionou, roçando o nariz na minha bochecha e levando os lábios até minha orelha. -Eu sei tudo sobre você, Holly. Estudei toda sua vida. Sei o nome de todas as pessoas que você já matou.

-Me solte! -Grunhi e ele sorriu.

-Que adorável ver sua falha tentativa. -Prosseguiu. -Quer mesmo acabar com a brincadeira tão rapidamente? Tenho certeza que seu rei tem outros planos, não?

Fiquei em silêncio e ele soltou outra risada.

-Você me odeia tanto assim? -Ele questionou, agora sem humor. -Uma pena.

-Me solte! -Falei de novo, agora com mais raiva que antes.

Meu corpo formigava sentindo o dele contra mim. A voz tão perto, assim como a respiração na minha orelha. Meu sangue fervia a cada provocação que ele me dirigia.

-Eu vou te matar! -Avisei e ele depositou um beijo no meu pescoço.

-Eu sei que vai. Mas primeiro, solte a adaga. -Pediu e eu a segurei com firmeza. -Solte a adaga, Holly.

-Vai a merda! -Gritei e ele trincou os dentes.

-Solte a adaga ou sua princesinha não sai viva daquela carruagem. -Alertou e minhas mãos soltaram a adaga automaticamente.

Aaron a puxou das minhas mãos, mas não saiu de cima de mim. Senti suas mãos passeando por dentro da minha jaqueta, checando se não havia mais nenhuma adaga escondida ali dentro.

Eu já havia sido imobilizada algumas vezes. Mas nada que eu não pudesse reverter. Mas agora eu não podia. E para piorar ainda era ele sobre mim. A coisa mais odiosa possível. Meu estômago se revirara sempre que eu pensava nisso.

Aaron saiu de cima de mim quando teve certeza que eu não tinha mas nada a esconder. Ele se sentou no banco e eu me afastei até o meu, ficando o mais longe possível.

-Que patético. -Ele resmungou e eu o encarei com ódio. -Me sinto ofendido dessa forma. -Ele analisou a adaga. -Se vai me matar, pelo menos faça isso usando uma lâmina decente.

Observei ele segurar a adaga e a quebrar em dois, como se fosse feita de papel. Eu já tinha ouvido falar que feéricos eram mais fortes do que um humano normal. Mas não esperava isso. Cerrei os punhos e vi ele jogando pela janela o que restou da minha adaga.

-Você vai jantar comigo está noite.

-Não. -Falei automaticamente e ele riu.

-Você vai. Ou pode dizer adeus a princesinha e aos aspirantes a assassinos. -Ironizou. -E diga para ela parar de dar em cima de mim. É vergonhoso.

-Porque está fazendo isso? -Questionei e ele deu de ombros.

-Eu já disse o porque. Gosto de jogos. -Afirmou. -E mais uma coisa, melhor não aparecer no jantar com nenhuma adaga. Você será revistada antes. Então se não quiser perder mais nenhuma, sugiro que as deixe bem guardadas.

Revirei os olhos e olhei pela carruagem.

-O que está olhando?

-Procurando algo afiado o suficiente para cortar sua garganta.

Aaron gargalhou. Tão alto que meu corpo vibrou e eu me encolhi de surpresa e choque.

-Você é realmente adorável, Holly. -Concluiu, como se estivesse pensando longe. -Eu e você vamos nós dar muito bem.

Fiquei em silêncio quando a carruagem parou. Me ajeitei para sair e ele segurou meu braço. Eu o encarei, com tanta raiva que esperava que ele entendesse.

-Essa nossa conversa é um segredinho nosso. -Afirmou com um sorriso travesso. -Não será nada agradável para seus amigos se contar alguma coisa a eles.

-Você gosta de fazer chantagens, não é?

-Estou usando o poder que tenho nas mãos. -Ele deu de ombros.

Puxei meu braço e abri a porta da carruagem sem esperar, escutando meu coração bater de forma acelerada, como se quisesse fugir do meu peito.

-Vou te esperar ansiosamente para o jantar. -Aaron completou e eu revirei os olhos.



Continua...

Reino de Fogo e Caos / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora