Capítulo 55: Sangue nas Mãos.

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Encarei Aaron, enquanto segurava a adaga e escutava os passos de Kian se aproximando de mim.

-Que decepcionante, Holly. Eu esperava mais de você. -Afirmou eu me virei no mesmo instante, erguendo a adaga para atacá-lo.

Os guardas me seguraram no mesmo instante, como se previssem os meus movimentos. Encarei Kian com tanta raiva acumulada, que poderia dilacera-lo com minhas próprias mãos.

Não importava o que aconteceu. Era possível, Aaron. Eu faria ser possível. Conseguiria mais tempo para nós. E eu olhei para o corpo imóvel de Aaron uma última vez, como uma promessa a ser cumprida. Nossa história ainda não havia acabado.

-Podem avisar as bruxas. -Kian exclamou. -E tirem essa coisa daqui. Está manchando o chão do meu castelo.

-Você nunca governará, Andalor. -Afirmei. -Pode se sentar naquele trono e usar a coroa de Aaron. Mas nunca será o rei por direito.

-Não fique assim, Holly. Quando nós casarmos você poderá ser minha rainha ainda. -Kian afirmou e eu soltei uma gargalhada.

Olhei para perto do trono, onde a figura de uma bruxa negra apareceu. Ela analisou todos nós e então Kian. Seus olhos se curvaram em algo como curiosidade e então foram para o corpo de Aaron. Ela abriu um sorriso largo e deu um passo em direção a ele.

-Não ouse toca-lo. -Exclamei e ela parou, abrindo um sorriso largo. Outra bruxa apareceu e eu senti meu coração acelerar.

-Essa é a famosa Holly Orion, a assassina do rei dos superiores ? -A bruxa questionou e a irmã dela soltou uma risada.

-Uma ratinha. -A outra provocou. Me debati contra os braços dos guardas e fiquei de pé. Olhei para as duas bruxas e então abri um sorriso.

-A assassina do rei dos superiores não existe mais. Eu sou rainha por direito de Andalor. Herdeira de Aaron. -Meu sorriso aumentou quando elas pararam de sorrir. -E vocês estão quebrando um acordo de sangue comigo.

Eu assoprei, como se fosse o suficiente para o acordo de sangue cobrar o seu preço. As duas bruxas vivaram pó sob o chão perto dos tronos. E então eu observei, Amaris e Nico me reverenciasse. E eu sabia que aquilo significava que toda a Corte Prateada e Alada me reconheciam como rainha.

Não esposa de Aaron. Mas declarada rainha de Andalor por ele, antes de sairmos do quarto. Para feéricos, palavras são importantes. E as dele me reconheciam como rainha. Como sua herdeira.

-O que você fez? -Kian questionou e eu o encarei por cima do ombro, com o sorriso que eu sabia que o deixaria irritado. -Você se casou com ele?

-Não. Não era necessário. -Foi Nico que respondeu. -Meu rei apenas a reconheceu como rainha. Isso basta para o acordo de sangue. As bruxas não podem entrar aqui.

Olhei para Kian com um sorriso brilhante, mesmo que por dentro eu estivesse quebrada e tentando não olhar para o corpo de Aaron. Kian praticamente rosnou.

-Prendam ela.

[...]

Eu fui arrastada até a prisão abaixo do castelo de Andalor. Nico e Amaris foram levados para suas cortes, e todos serão prisioneiros a partir de hoje, como as terras humanas.

Haviam prendido meus braços em correntes, que praticamente cortaram a pele do meu pulso quando foram fechadas. Eu estava jogada ali, com os olhos molhados e com a raiva corroendo meu coração.

Aaron estava morto. Aaron estava morto. Morto. Eu repetia na minha cabeça, como se fosse uma grande ilusão. Mas não era. E no fundo, eu sentia que a culpa era completamente minha.

-Olá, Holly. -Ouvi a voz de Kian e fechei os olhos. -Trouxe alguém para vê-la.

Eu abri meus olhos e ergui a cabeça do chão o suficiente para ver Freya, segurada por dois soldados como se fosse um bicho.

-Holly... -Ela se engasgou em um soluço, só então percebi que ela estava chorando. Me remexi até estar sentada no chão, a vendo repleta de desespero. -Me perdoe, Holly.

-O que você fez? -Questionei e ela soluçou.

-Conte a ela, Freya. Conte o que você estava fazendo esse tempo todo. -Kian mandou, erguendo o rosto dela de forma agressiva. -Diga a ela que foi você quem passou todas as informações a Aaron esse tempo todo. Que você estava nos traindo.

E então Freya cuspiu no rosto de Kian e um segundo depois eu escutei o barulho do tapa que ela havia recebido dele.

-É isso que dá manter fracos dentro do castelo. -Kian limpou o rosto.

-Freya? -Chamei e ela ergueu o rosto vermelho até mim.

-Foi eu. -Ela sussurrou. -A adaga que você achou de presente no seu quarto, foi eu.

-Porque? -Questionei, sentindo meu coração se partir aos poucos.

-Porque eu sempre soube que você merecia mais, Holly. Mais do que Kian ou aquele reino humano. -Ela afirmou. -Eu sinto muito.

-Coloquem ela de joelhos. -Kian mandou e assim foi feito.

-Kian, espere. -Pedi e me arrastei pelo chão, tentando chegar até as grades e sentindo meus pulsos serem puxados pelas correntes. -Freya!

-Cortem a cabeça! -Kian mandou e a espada se ergueu no ar.

Eu virei o rosto e fechei os olhos, sentindo o grito ficar entalado na minha garganta. Eu estava na frente das grades e senti o sangue chegar até minhas mãos. Um soluço escapou pelos meus lábios e eu encarei o chão.

-É isso que acontece com quem trai o rei. -Kian afirmou.

Eu encarei minhas mãos sujas de sangue. O final da minha visão. Era isso, a morte de Freya.



Continua...

Reino de Fogo e Caos / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora