Andei para trás quando escutei os gritos dos guardas no castelo. Até então me virar e encarar a porta sendo aberta e ver Aaron entrando por ela. Minha boca secou quando ele olhou para mim no mesmo instante e abriu um sorriso.
-Ah minha doce assassina, estava procurando por você. -Provocou esboçando um sorriso felino e zombeteiro ao mesmo tempo. Aaron fechou a porta e se virou para mim. -Está um caos lá fora. Mas imagino que saiba disso.
-Você não parece preocupado com seu povo. -Comentei, vendo o quão tranquilo ele estava. Ele abriu mais o sorriso e deu de ombros, retirando a coroa na cabeça e a largando em cima da poltrona.
-Porque eu estaria? Não pense que os gritos que está ouvindo são do meu povo. Na verdade, são dos seus queridos e patéticos humanos. -Aaron caminhou pelo quarto e olhou para as chamas no horizonte. -E aquilo? Ah são barreiras de fogo criadas pelos meus soldados. Seus amigos nem conseguiram entrar nas cortes.
-Não? -Questionei surpresa e ele negou com a cabeça.
-Eu sabia que o principezinho ia fazer isso. Todas as cortes já estavam em alerta desde o momento que os navios atracaram. -Aaron esclareceu com a maior calma do mundo. -Está tudo sobre controle, amor.
-Como você sabia? -Ele curvou a cabeça e abriu um sorriso divertido. -Como você sabia, Aaron?
-Não importa. -Rebateu.
-Importa sim! -Declarei. -Como você sempre sabe sobre tudo?
-Sou muito bem informado. -Disse com ar convencido e eu engoli a raiva. -Eu sabia o passo de cada um de vocês desde o início, Holly.
-E porque deixou chegar a esse ponto? Gosta de se divertir com os humanos, Aaron? O que fez com as terras humanas não é o suficiente? -Questionei com raiva e Aaron arqueou as sobrancelhas.
-Você é tão engraçada, Holly. A única coisa que falta é me chamar de monstro. Mas você alguma vez já se perguntou o porque de eu ter feito o que fiz? -Aaron deu um passo na minha direção e eu um para trás. -Você sequer sabe os meus motivos? Você protege tanto seus queridos humanos, mas eles são tão sujos quanto eu.
-Você é um monstro! -Exclamei e ele sorriu.
-Sabe, no começo eu tinha medo que você soubesse a verdade, mas depois eu percebi que não.
-Do que está falando? -Questionei e ele balançou a cabeça.
-Você encontrou o acordo de sangue nas minhas coisas, então imagino que saiba sobre as bruxas negras. -Eu fiquei em silêncio e Aaron voltou a se aproximar. -Pois seus queridos humanos, minha doce Holly, se juntaram com essas mesmas bruxas e conspiraram contra os meus pais. -Meu corpo entrou em estado de alerta quando Aaron parou a centímetros de mim. -O meu pai, meu rei, estendeu a mão para sua raça oferencendo ajuda. E sabe o que eles fizeram, Holly? Eles entraram neste castelo e mataram ele e a minha mãe.
-Você está mentindo. -Falei, quase como um sussurro e Aaron soltou uma risada amarga.
-Tem certeza? -Aaron curvou a cabeça.
Eu respirei com dificuldade e encarei o vazio, lembrando das histórias de Ingram. Um casal, um ser, conspiração e assassinato.
-Ah não, você sabe que é verdade. -Aaron comentou analisando como um gavião cada uma das minhas emoções. -Mas sabe, deveria perguntar para o seu rei. Pergunte a ele sobre a amizade dele com as bruxas. -O sangue sumiu do meu rosto quando eu ouvi aquilo. -Ou você acha que não tem dedo dele nisso tudo? Ele sabia de tudo, Holly. Ele sabe o que aconteceu naquele dia aqui neste castelo. E você, amor, está aqui para terminar o serviço que os outros da sua espécie não terminaram. Porque era pra eu ter morrido junto com os meus pais.
-Chega! -Falei e fiz menção de me afastar. Aaron agarrou meu braço e quando eu menos esperei me prensou contra a parede. Meu corpo se arrepiou inteiro e ele roçou o nariz na minha bochecha.
-Certo, amor. Pegue uma adaga e termine o que começou. -Eu fechei meus olhos para não encarar Aaron. -Eu e você somos iguais, sabia? Eu aprisionei os humanos por pura vingança pelo que eles haviam feito com meus pais. E você está aqui pelo mesmo motivo.
-Me solte! -Grunhi, com meu coração acelerando.
-Me mate. Não é por isso que veio aqui? -Aaron questionou com raiva. Mas eu não me movi. Ele rasgou a saia do vestido, revelando minha coxa e as inúmeras adagas que eu carregava nela.
Aaron pegou uma das adagas e colocou na minha mão, a posicionando no seu peito.
-Me mate, Holly. Termine o que veio fazer aqui. -Ordenou e eu engoli em seco. -Me mate! Eu ordeno que me mate!
Soltei a adaga e escutei o barulho dela batendo contra o chão. Aaron me encarou com a respiração pesada.
-Você não é meu rei. Eu não tenho que te obedecer. -Um sorriso surgiu nos seus lábios e ele apertou mais meu corpo contra o dele.
-Eu sei qual o problema. Você tinha que me seduzir e depois me matar, não é? -Questionou.
Eu fiquei em silêncio e então ele me puxou em direção a cama. Eu não falei nada. Apenas deixei ele fazer o que quisesse.
-Vamos resolver isso. -Exclamou. Aaron se sentou na cama e me puxou para o seu colo. Minhas pernas ficaram em volta de sua cintura e ele apertou minha coxa.
Sua mão deslizou pela minha bochecha e então foi para o meio dos meus cabelos. Onde ele segurou minha nuca e quando eu menos esperei, juntou nossos lábios.
Necessitado, quente, voraz. Aaron parecia depositar todos os seus sentimentos naquele beijo. Os lábios quentes e macios como inferno. Nossas bocas eram como gelo e fogo, refletindo inúmeros choques elétricos no meu corpo.
Ele me apertou contra ele, me fazendo senti-lo duro embaixo de mim. Minhas mãos agarraram seus ombros e logo depois seus cabelos, ouvindo ele gemer em aprovação com a minha curiosidade. E pela primeira vez meu corpo estava aprovando aquilo. Não havia raiva ou vergonha.
Ele explorou meus lábios com vigor, apertando minha nuca e mordendo meus lábios. Ele se afastou um segundo e eu respirei com dificuldade, sentindo seus lábios encontrarem meu pescoço. Fechei os olhos e me agarrei a ele, a cada beijo e mordida que ele deixava naquela área.
Abri os olhos sentindo meu coração extremamente acelerado. Olhei para os cabelos de Aaron, por onde meus dedos se enroscavam e observei a ponta da orelha saindo por entre os fios negros.
Toquei a curva da orelha e senti o corpo dele tremer, como se aquilo o deixasse mais excitado. E eu me lembrava da sua voz dizendo que aquela área era sensível. Aaron afastou o rosto do meu pescoço e encarou meus olhos, com os lábios trêmulos e levemente abertos.
-Minha deusa da morte, eu estou nas suas mãos agora. -E ele voltou a me beijar.
Continua...
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Reino de Fogo e Caos / Vol. 1
FantasiaLIVRO1 (TRILOGIA REINO DAS SOMBRAS) Nenhuma lâmina é mais afiada que as adagas de Holly Orion, a assassina cruel do rei dos superiores. Quando criança, ela foi vendida pelo próprio pai e viu sua família ser escravizada pelo grande rei de Andalor. O...