Capítulo 21: Festival da Lua.

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Encarei Aaron com os olhos curvados antes de soltar uma gargalhada alta. Cobri a boca com a mão e caminhei pelos aposentos reais.

-Você está brincando, certo? -Questionei o encarando. -Acha mesmo que eu um dia aceitaria ser sua aliada?

Aaron curvou a cabeça e coçou a ponta da orelha. Eu ainda estava tentando identificar o que aquele ato significava.

-Eu não acho, Holly. Eu tenho certeza. -Afirmou e eu balancei a cabeça rindo. -Você não sabe absolutamente nada sobre o seu rei.

-Mas sei sobre você. Sei o quanto odeia humanos o suficiente para trancafia-los naquelas terras. -Exclamei. -Você acabou com várias famílias, incluindo a minha. Você é um monstro!

-E você acha que sua querida espécie não fez nada para merecer aquilo? -Ele devolveu, com a mesma raiva que eu estava usando. -Eles não são heróis que usam capas e querem viver felizes com suas famílias, Holly. Sua querida espécie consegue ser mais suja de que muitas outras por aí.

-Cale essa maldita boca! -Apertei o cabo da adaga e Aaron sorriu de forma desafiadora.

-Você está tão pedida, não é? -Ele deu um passo na minha direção e eu um para trás. -Não sabe a verdade sobre o mundo em que vive. Você, minha doce assassina, está vivendo na completa escuridão.

Aaron continuou andando em minha direção, até que eu estava contra a parede e ele na minha frente, com os braços na parede atrás de mim. Ergui a adaga e coloquei a ponta contra ele. Aaron não se moveu, apenas sorriu.

-Você não percebe, não é? -Ele tocou meu queixo, e eu senti uma corrente elétrica passando dele para mim. Um imã me puxando em sua direção. -Eles estão a usando. Você é apenas uma arma para eles. Mas na primeira oportunidade eles se livraram de você.

Aaron passou o dedo pela minha bochecha e eu virei o rosto, sentindo a respiração dele bater em mim.

-A escuridão se aproxima. Você pode escolher... -Sussurrou. -Enfrentar a mal ao meu lado ou ficar com eles e cair na escuridão.

-Do que está falando? -Falei, com o último fio de voz que encontrei.

-Você pode continuar agindo como a arma que eles querem que seja, amor. -Ele puxou a adaga da minha mão e a jogou no chão. -Ou pode se tornar rainha e governar todos eles.

Aaron segurou meu rosto entre as mãos e eu ofeguei. Seus olhos me avaliaram e ele abriu um sorriso genuíno.

-Estou falando da eternidade. -Minhas mãos pararam na camisa dele, apertando o fino tecido. -Ao meu lado.

Balancei a cabeça negativamente, quase ficando sem ar.

-Não... -Empurrei as mãos dele para longe de mim. -Não, não, não... -Passei por baixo dos braços de Aaron e me afastei dele. -O que está dizendo? Você... Você está interessado em mim?

Aaron soltou um sorriso zombeteiro, ajeitando a camisa que eu havia amaçado.

-Porque não estaria? -Perguntou retoricamente.

-Você não pode. -Afirmei, de olhos arregalados.   -Eu o proíbo! -Falei e ele sorriu, como um felino.

-E eu adoraria acatar uma proibição sua. -Provocou. -Mas já é tarde demais. -Ele voltou a se aproximar de mim. -Você, Holly, é minha assassina favorita. Minha doce vilã, mandada aqui para me matar. A criatura mais esplêndida de todas.

-Pare! -Exclamei, pegando a adaga do chão e apontando para ele.

-Não. -Ele negou, parando de andar e me encarando com os olhos tão brilhantes. -Eu estou te fazendo uma proposta, Holly. E acredite, posso dar tudo a você. Posso te ajudar a achar sua irmã.

Balancei a cabeça negativamente e corri em direção a porta, sentindo que estava ficando sufocada com a onda de energia que estava me invadindo ao ouvir ele.

-Eu conheço você, Holly. Conheço você mais do que qualquer um nesse mundo. -Parei com a mão na maçaneta.

-Você não sabe absolutamente nada sobre mim. -Afirmei, sentindo meu peito se contrair e minha boca ficar com o gosto amargo. -Eu jamais ficarei ao seu lado.

Aaron suspirou. Mas era um suspiro calmo. Escutei os passos dele se afastando, até a varanda, antes de ele falar de novo.

-Vamos sair amanhã cedo. Eu e você. -Olhei por cima do ombro, vendo que ele estava observando o céu noturno. -Quero te mostrar algo.

[...]

Observei os portões da Corte Prateada se abrirem e a carruagem entrar por eles. Estávamos em outra entrada da corte. Isso porque Aaron nos mostrou apenas o pico do iceberg de cada corte. A outra parte, a mais importante, ele preferiu não mostrar. Pelo menos não para os outros. Para mim ele iria mostrar, o que quer que fosse.

Olhei para ele e vi que o mesmo observava as ruas com atenção, vendo os feéricos que andavam de um lado para o outro.

-Temos um festival todos os anos. Não é tão importante para as outras cortes, apesar de todas elas comemorarem. Mas para nós feéricos ela faz parte das nossas tradições. -Aaron falou, como se soubesse que eu o estava observando. -O Festival da Lua. Comemoramos ele quando a lua está no seu ponto mais alto. É quando podemos observar as águas do mar brilharem.

Aaron olhou para mim. Seu rosto estava sem qualquer expressão e humor. Uma máscara que cobria qualquer sentimento.

-Para um rei ou herdeiro, é a noite em que a lua poderá lhe mostrar algo. -Prosseguiu. -Eu participei a primeira vez quando fiz 100 anos. Foi quando meu pai achou que eu estava pronto. E depois disso, todos os anos seguidos, acompanhando ele até eu mesmo me tornar rei.

-O que a lua mostra? -Questionei curiosa e carruagem parou no mesmo instante. Aaron me observou e então abriu a porta.

-Vou te mostrar.




Continua...

Reino de Fogo e Caos / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora