09 - Eu te ajudo

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Narrador

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Camila não sabia o que tanto aquela menina fazia que queria se enfiar o tempo todo no apartamento de Dinah e Normani, mas ali estava ela a vendo correr para arrumar uma simples mochila de roupas.

- Garota, calma! - ela exclamou para a filha afobada, que parou e encarou a mãe - para que essa pressa toda? Tenho certeza de que não vão fugir de você.

A garota não disse nada de início, apenar arregalou os olhos e respirou fundo. Ela andava bem menos tagarela e as duas mães ainda achavam isso muito estranho.

- Nós vamos ver um filme - ela contou - e eu não quero dormir no meio dele.

- Tudo bem, mas não faça as coisas assim correndo, ok? - Cake assentiu.

Ainda assim, a menina continuou a esvaziar todas as gavetas de roupas.

- Eu não consigo achar! - Cake exclamou, frustrada.

- Achar o que, criatura divina? - Camila perguntou, massageando o cenho, mas não entendeu o que a filha disse porque murmurou em francês.

Garota maluca.

Ela continuou esvaziando as gavetas e jogando suas preferências de roupas na cama.

Decidida a acelerar o processo, Camila se aproximou do móvel e começou mexer no monte de tecido.

Franziu o cenho. Eram roupas arrumadas demais para ir pra casa de amigas, quase primas, na verdade.

Ela ergueu uma das peças de roupa.

- Cake... - murmurou, intrigada.

- Mamãe - ela murmurou de volta, indicando que estava ouvindo.

- Para que está querendo levar isso? - Camila perguntou, mostrando para a menina um sutiã pequenino porque estranhamente, aos dez anos, seus seios já estavam se desenvolvendo em certa velocidade.

Já estavam praticamente batendo a despeitada da mãe biológica.

Cake parou e olhou para a mãe, seus olhos arregalando novamente e suas bochechas corando antes de ela baixar o rosto para os pés.

Era estranho como ela vinha fazendo isso constantemente.

- Eu gosto deles - mentiu na cara dura.

- Não, você não gosta. Nem precisa deles.

Com certa dificuldade, Cake ergueu o rosto novamente, sua face completamente manchada de vermelhidão, mas um brilho obstinado no olhar.

- Eu quero usar! - disse com firmeza - toda mulher usa!

Camila franziu o cenho. Já tinha conversado com Lauren antes sobre o momento "garota crescida" que teriam que enfrentar. Queria rir, mas não queria constranger a filha e com isso apenas a olhou e pensou no que dizer em silêncio.

- Bom, não é exatamente assim - disse em um tom mais cuidadoso - a mama e eu não usamos.

Ela viu a filha soltar o ar de forma impaciente.

- Mas eu quero usar! - bateu o pé.

- Tudo bem, calma! - pediu Camila - vamos, não precisa colocar suas melhores roupas para ir a casa de Dinah e Normani.

Se era possível, a criatura a sua frente ficou ainda mais vermelha.

- Eu quero ficar bonita. E vou usar isso - seu tom deixou claro que não admitiria intromissão em suas vontades.

Era estranho demais lidar com uma criança com um pé na puberdade. Cheia de vontades, pedindo por liberdade e por autonomia.

- Está bem... - Camila permitiu - só não precisa levar mais roupa do que essas. Não vai se mudar para a casa delas.

- Eu só quero achar meu pijama bonito - explicou.

As sobrancelhas de Camila se ergueram. Uns dias atrás ela tinha feito as mães comprarem um baby doll e aparentemente estava descobrindo ali o motivo.

- Já experimentou no fundo da gaveta de calcinhas?

- Ah! - a menina exclamou e correu para esvaziar a dita gaveta, encontrando o que queria - obrigada, mamãe!

Camila abriu um sorrisinho.

- Anda, arrume logo isso - mandou - ainda precisa arrumar o quarto de novo e sabe que a mama na vai deixar você ir se não fizer isso.

Ela viu Cake assentir e correr.

Minutos depois, arrumada e perfeitamente perfumada, as duas partiram para o destino da baixinha, que correu apartamento adentro quando chegou.

Marie estava no quarto e a menina foi diretamente até lá.

Não sabia o que dizer, mas felizmente a adolescente a viu primeiro e sorriu, fazendo algo se mexer com força em seu estômago e suas bochechas queimarem.

- Entra, bobinha - Marie riu de seu estado paralisado, a deixando ainda mais envergonhada.

Ainda assim, puxando muito ar para os pulmões, ela caminhou e sentou na cama, onde a primeira estava deitada de bruços.

- Estou lendo fanfic - ela contou como quem aprontava algo - essa aqui a menina tem um porquinho como você, quer ler comigo?

- Ooooh! Sim! - disse animadamente.

Se juntou a Marie na cama e as duas começaram a ler, rindo juntas baixinho com o enredo.

A adolescente era sua companhia favorita boa parte das vezes. Era engraçada, a ensinava coisas de gente grande e Cake a admirava tanto que nem sabia medir.

Na verdade, ela sabia pelo que Marie contava o que era aquela sensação engraçada em seu estômago, a sensação de calor extremo e do ar que faltava em seus pulmões.

As duas foram dormir um pouco tarde pelo filme que assistiram, mas ainda assim Cake acordou cedo com um dor no pé da barriga que vinha incomodando ela vez ou outra.

Ela se encolheu, colocando as mãos unidas entre as pernas flexionadas e saltando ao sentir uma umidade.

A menina levantou em um salto, acendendo um abajur próximo de onde dormia e viu sangue em suas mãos. Seus olhos se arregalaram. Ficou olhando aquilo sem saber o que fazer.

O ar lhe faltou.

- Oh! Você menstruou! - ela ouviu a voz rouca de sono de Marie e se sentiu extremamente envergonhada por estar ali manchada de sangue na frente dela, que se sentou - tudo bem, isso é normal. Já te explicaram, não?

Cake assentiu, o rosto corando.

- Eu não... eu não... e agora?

Marie riu baixinho.

- Vamos, eu te ajudo - ela falou e as duas caminharam até o banheiro, onde a mais velha, que já passava por isso, puxou um absorvente das gavetas e mostrou a ela - Você vai precisar disso aqui. Está com dor?

Cake assentiu mais uma vez.

- Foi o que me acordou - murmurou.

- Vou te mostrar como colocar, então você toma um banho para se limpar e vou pegar um remédio para cólicas.

Marie abriu o absorvente e demonstrou como colocar, dando dicas que usava para ficar confortável e evitar que vazasse.

- Obrigada - Cake gaguejou para ela - por me ajudar...

E Marie abriu um sorrisinho.

- Eu sempre vou te ajudar, bobinha - se aproximou e deixou um beijinho em sua bochecha e um abraço rápido antes de sair.

Cake puxou todo o ar do cômodo para seus pulmões. Se sentia de pernas fracas e muito estranha, mas não conseguiu conter um sorriso porque sabia que sim, Marie sempre a ajudava e estava ali quando precisava, nem que fosse para ensinar bobagens que irritavam os adultos.

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Demorei a postar porque to de férias e to fazendo nada da vida no meio do mato bem no meio do nada.

Voltei aqui porque tive uma ideia de história dos recortes e acabei decidindo postar esse que já tinha pronto.

Gente, não esqueçam o enredo da fic kkk as histórias não são imagines fora da realidade do original, mas coisas que não foram contadas e imaginei.

LIVRO 5 - EXTRA TRILOGIA - Recortes - Histórias Aleatórias Da TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora