72 - Novo

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Lauren

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Quando cheguei em casa, lá estava Camila e as crianças. Bear chorava, mas ela apenas o olhava com aquela expressão de estranhamento de sempre. Ela nunca sabia o que fazer, mas eu não a julgava por isso. Camila nunca foi maternal.

- Hey... - murmurei para ela, que nem me olhou e me beijou o rosto quando me aproximei e sentei ao seu lado no sofá.

Enquanto Bear chorava, deitado no tapete, Cake parecia emburrada com alguma coisa. Ela se aproximou de mim e me abraçou resmungando:

- Eu detesto bebês.

Filha de Camila até o último fio de cabelo. Surpreendente como a genética havia sido tão forte nesse caso.

- Você já foi um - a lembrei - por que ele está chorando?

Camila deu de ombros.

- Ainda estou tentando entender - ela disse - quero dizer... estava tudo bem, então ele jogou aquela bola e começou a chorar. Não se machucou, a fralda está limpa...

Hm...

Me aproximei de Bear e o peguei no colo, pegando logo depois a tal bola que jogou e dando para ele, que parou de chorar imediatamente.

As sobrancelhas de Camila se ergueram.

- Quê??? - ela fez, quase indignada.

Sentei ao lado dela com o bebê que se distraíra com o brinquedo.

- Que esquisito - Cake concordou.

Eu ri da reação das duas.

- Ele apenas descobriu o que acontece se ele jogar a bola e não gostou - expliquei - são descobertas de bebês. Vocês duas sabem o que acontece, mas ele não. Só está aqui no mundo há um ano.

A expressão de mãe e filha era igualmente chocada.

- Eu... - Camila murmurou - que estranho...

Franziu o cenho.

- O quê? - perguntei, afastando os cabelos do rosto de Bear.

- Não saber nada do mundo - Camila disse - tudo ser tão novo que você não sabe o que acontece quando se joga uma bola.

Sorri para ela.

- Sim, é tudo novo. E imagine nem saber explicar isso ou porque é tão assustador! Ou não entender por que aconteceu isso com a bola.

- Oh... - Camila e Cake fizeram.

Foi engraçado.

- Ele só está descobrindo o mundo, não é, filho? - Bear me olhou e sorriu, uma mãozinha em minha bochecha - tudo é novo.

- Que loucura - Camila se espantou - muito louco!

- Vocês ainda tem muito o que aprender e ele mais ainda - comentei, fazendo com que seus rostos expressassem algo como um "caramba, é verdade! Eu não sei todas as coisas do mundo!"

- Oh... - Camila balbuciou de novo - verdade... e olha que já estou velha. Ontem mesmo descobri que tem um monte de cabos nos oceanos levando a internet pelo mundo. É incrível!

Eu ri.

- Com certeza - balancei a cabeça em concordância - o novo é incrível, uh?

- Sim! - ela concordou.

Me voltei para Cake.

- E você, amor? O que aprendeu hoje? - perguntei a ela, que franziu o cenho enquanto pensava.

- Uh... que bebês não sabem o que acontece quando se joga um bola porque não conhecem as coisas todas - falou.

Assenti, satisfeita.

- Um ótimo aprendizado - eu disse a ela.

- E que tem um monte de cabos nos oceanos levando internet pelo mundo, mas a mamãe não sabia disso - completou e Camila e eu rimos, provocando o riso de Bear e logo depois o de Cake.

- Que loucura...! - comentou Camila - nunca tinha realmente pensado que conhecemos as coisas aos poucos. É mesmo estranho pensar que você tem algo em sua mão e não sabe o que acontece quando se joga ela. O que será que ele pensou que aconteceria?

Dei de ombros.

- Eu não sei, mas agora ele sabe.

- Lern! - Camila se sobressaltou.

- O quê?

- É por isso que crianças choram tanto, afinal! Que desesperador não saber nada...

- Não saber nada e nem saber o que está sentindo - acrescentei.

Cake puxou o ar com força, os olhos arregalados.

- O que foi? - perguntei a ela.

- Está passando mal? - Camila se preocupou.

A pequenininha olhou para nós duas e fez uma careta.

- É que eu não sei como me sinto agora, que esquisito! - confessou com uma carinha fofa de estranhamento.

Sorri apenas porque ela entendeu exatamente o sentimento da coisa.

- Eu também não... - Camila murmurou mostrando o quão eram parecidas - me sinto estranha, mas... o que mais além disso?

Eu ri baixinho.

- Vocês são tão mãe e filha - comentei e elas trocaram um olhar idêntico - vou dar banho no bebê.

Levantei com Bear, que olhou por cima do meu ombro e tagarelou:

- Keki! Keki! Keki! Keki!

Cake não reagiu, mas isso não era novidade. Talvez estivesse se dando conta ali mesmo que não conhecia os sentimentos que isso lhe despertava.

Olhei para Bear quando entramos em seu quarto e ele me encarou com seus grandes olhos claros.

- É, rapaz - disse a ele - tudo é novo para todo mundo, afinal.

Deixei um beijo em seu rosto, fazendo com que risse e puxasse meu cabelo, aprendendo que eu reagia com um resmungo de dor sobre o ato e gostando disso.

Ah, o novo. Ele é incrível, mas por vezes doloroso demais.

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No próximo capítulo vem.... o troco. Haha

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