66 - Camila, por Lauren

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Voltei, meus anjos.

Estive ocupada, mas aqui estou.

Boa leitura!

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Lauren

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Ela era o sol. Não me canso de repetir isso. E ali com um rastro de luz que invadiu sorrateiramente nosso quarto através de uma fresta da janela e deitou em suas costas nuas, Camila parecia ainda mais um ser protetor da luz.

A luminosidade sem vergonha alguma a abraçava como se fosse parte dela, e era tão lindo que fosse o sol que me emocionava por dentro.

Meu coração derretia e suspirava.

Camila estava deitada de bruços, a boca semiaberta. Seus cabelos estavam jogados para cima no travesseiro para impedir que caíssem em seu rosto, deixando-o totalmente a mostra pra meu pulso acelerado contemplar seus traços maduros.

Eu nem acreditava mais que tínhamos passado tanto tempo longe uma da outra. Era quase como se esse momento nunca tivesse existido, ainda que eu soubesse que fora fundamental para que chegássemos onde estávamos.

Seus olhos se apertaram e se abriram lentamente em minha direção. Eu via o arco-íris castanho que a luz do sol criava apenas para meu deleite.

- Está me olhando desde quando? - sua voz sonolenta perguntou com o mesmo vigor preguiçoso do piscar de seus olhos.

- Faz alguns anos já - minhas bochechas coraram e eu sorri por ter me entregado de como sou boba.

Mas Camila soltou um risinho baixo e manteve a forma de seus sorriso no rosto.

- Isso seria assustador se não fosse você - ela disse - mas você é meu anjo, sua vigília é uma benção.

Se possível, corei ainda mais. Minhas bochechas ardiam.

Camila sempre sabia o que dizer.

Olhei seu rosto antes de descer para a luz que a beijava. Minha mão curiosa se desvencilhou do cobertor e tocou sua pele quente. A sensação de tocar o sol era maravilhosamente satisfatória, mas Camila me cortou após um tempo se mexendo e me puxando para seus braços.

Nossos corpos nus se encaixaram. Isso era perfeito. Fiz parte dela, e ela de mim. De repente eu era o sol também, podia sentir seu calor no corpo de Camila e na luz que me tocou as costas e era a mesma coisa.

- Você é meu sol - murmurei, minha mão com vontade própria escorregando para seu rosto e acariciando sua bochecha macia e levemente rosada.

Eu a tinha deixado tímida, o que era fofo.

- Linda - foi seu comentário seguido de um suspiro - você é a mulher mais corajosa do mundo e isso é tão lindo...

Certo, era dia de extremo carinho. Isso era tão bom que me lembrei ligeiramente de sua falta dolorosa em meu passado.

- Sabe... por um tempo, acho que orbitei em torno de você como o centro de meu sistema solar - confessei para nós duas - eu não deveria, mas foi irresistível porque me atraiu para você.

Camila se inclinou e me deixou um beijo rápido nos lábios.

- Eu também girei em torno de você por muito tempo. Quando eu tive que voltar a ser apenas eu, doeu muito. Parecia insuportável. E parecia injusto que a vida simplesmente continuasse seguindo e me obrigando a seguir em frente.

- Mas conseguimos - observei.

- Sim, meu Planeta Olhos Verdes... seguimos e voltamos para nossa órbita. Estar perto de você também é irresistível para mim.

Assenti.

- Mas sabe... apesar de ter doído tanto, foi bom que aprendessemos que ainda somos nossa. Quero dizer, pertencemos a nós mesmos e há mais no mundo do que girar apenas ao redor uma da outra - percebi - depois de você eu girei em torno de Cake. Então em torno de mim mesma. E assim as coisas foram sendo construídas como todo um sistema em que não existia apenas eu e você obsessivamente.

- Você tem razão - Camila concordou - mas orbitar em torno de você é uma das coisas mais gostosas do mundo e me ajuda a ser eu. Isso é bom.

- Sim - fui de acordo - e depois de todo esse tempo você ainda é meu sol. Eu olho para você e sinto a vida se aflorando em mim. Mesmo se fecho os olhos sinto seu calor me iluminando. Eu consigo me achar com sua luz.

Camila avançou subitamente e seus lábios pressionaram os meus com força e urgência por um longo momento.

Nem consegui contar o quanto. Na verdade, nem mesmo quis. Apenas mergulhei na sensação de calor que me invadia o corpo e me fazia me fundir em sua existência.

Minhas mãos se apressaram e a apertaram com força, meu corpo se apertando contra o dela com tanta força que nos virei e acabei deitada sobre metade de seu corpo, nossas pernas entrelaça e nossos seios se pressionando e reagindo quando houve um atrito ao me ajeitar em cima dela.

Nossos lábios apenas ficaram quietos em seu contato furiosamente necessário. Bebi a existência de Camila daquela mesma forma e suspirei conforme fui me enchendo dela até transbordar.

Meu amor transbordou. Era isso mais um detalhe de Camila. Ela era onde meu amor descansava.

Camila era uma mulher engraçada, desajeitada em seus atos carinhosos e nervosa em expressar afeto porque algumas vezes não sabia exatamente como fazer isso. Ela também era uma mãe incrível mesmo com sua confusão sobre maternidade, e era uma esposa dedicada e louvável.

Camila era uma mulher completa e feliz. Dava para sentir em sua risada que seus sentimentos estavam mais leves.

Ela era a rainha do mundo em uma constelação inteira. Era minha alegria e tudo o que faltava mesmo quando tudo estava completo, porque era tão cheia que se derramava em mim e em toda nossa família.

Era travessa. Um tanto assustada. Era implicante na picancia certa.

Camila era amor, ardência e calmaria. Ou um furacão, isso também a definia. Era a leoa de Cake e a gargalhada de Bear. Era minha esposa apaixonada e que despertava em mim as mais diversas formas de manifestações de amor que eu nem mesmo imaginava que existia.

Era chata. Era irritante. Era viva. Tudo isso a fazia real, o que era o mais importante para manter a sanidade de nosso relacionamento.

E, finalmente, Camila era o sol, como jamais vou cansar de repetir, e orbitarmos ao nosso redor mantinha tudo o que construímos com tanto amor vivo.

Camila era vida.

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Nha! Lauren é muito fofa e boiola.

Estou escrevendo mais recortes! Até logo!

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