24+1 - O segundo dia da mamãe

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Obs: não é a continuação do anterior.

Obs2: não tenho nada contra o número 25, mas eu já tinha feito o capítulo 25, prontinho com título e tudo e fiquei com preguiça de renomear.

Obs2.1: sim eu já tinha escrito a obs3 e fiquei com preguiça de renomear, mas achei que aqui era ideal para dizer que sim, tem mais um pronto. E eu só me fiz terminar esse imediatamente, sabendo ser longo, porque tenho ainda outra cena em mente.

Obs3: esse capítulo ta grande, mas é uma descrição do segundo dia da Camila sozinha com a Cake quando a menina Lauren teve que viajar. Recapitulando o final do capítulo anterior ao momento, a Camila teve um de seus pesadelos e Cake a acordou porque também estava tendo um sonho ruim.

Comentem bastante para mim porque eu mereço.

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Pov Camila

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Eu não sonhei com nada. Pode parecer estranho, mas era reconfortante apenas cair no escuro enquanto luzes piscavam por trás de minhas pálpebras. Sobretudo pelos pesadelos que vinha tendo.

Eu não queria dizer, aliás, na verdade, eu jamais seria capaz de dizer com precisão a dor que a presença de Lauren e sua coisinha — oh, nossa coisinha! — despertava em mim. Tinha medo que isso destruísse tudo.

Sentia dor física a cada segundo. Mas agora eu ignorava e buscava um remédio melhor que fugir.

Mas, voltando ao presente, tive uma vaga noção de que estava acordada. Não sei em que momento minha mente vagou de adormecida para desperta, mas não acho que isso seja importante ali, porque tudo o que me dominou era que havia um peso quente sobre meu corpo.

Era algo pequeno que ocupava boa parte de meu comprimento. Tinha cabelos muito finos fazendo cócegas em meu queixo e pescoço e meu coração acelerou suas batidas quando o cheirinho de violetas inundou meus sentidos e compreendi que havia braços pequenos me apertando contra um mini corpo.

A coisinha estava totalmente sobre mim. Suas pernas se encaixavam nas curvas de meu corpo, uma mão sobre meu ombro e a outra segurando minha blusa. Eu podia ouvir seu ressonar baixinho e tranquilo. Parecia comigo mesmo em seu sono.

Isso era estranho.

Se eu fosse parar e pensar bem, ela era parecida demais comigo. Eu via isso mais claramente agora, que ela puxou uma alavanca dentro de mim e ligou o modo "mamãe" que tentei emperrar para que nunca funcionasse.

Eu dei acesso a ela, se fosse ser sincera. Eu queria ser escolhida como sua mãe havia um tempinho bem recente. Ou madrasta, não sei bem como dizer.

Eu era uma segunda Lauren?

Era estranho porque, por mais que eu a visse como uma filha agora, era um sentimento presente. Antes de nos envolvermos ela não era minha filha, mas agora, três anos depois de seu nascimento, ela era.

Como uma linha divisora de águas. A coisinha nunca seria minha filha em meu passado, mas a partir de agora, com sua escolha por mim, isso tinha mudado do presente ao futuro.

Suspirei.

Eu agora tinha uma filha. Essa constatação me deixou enjoada. E se eu fizesse tudo errado?

Por mais que a presença dela sobre mim tivesse me acalmado, meus pesadelos eram vívidos demais para serem apagados. O dessa noite ainda estava aqui, martelando meu cérebro pedindo para sair tal como Atena surgiu da cabeça de Zeus completamente formada e de armadura.

Não sei se consigo lutar contra ele e também não sei se devo simplesmente adotar como filho. Um bebê pesadelo. Isso era pior que parir um filho de verdade, em carne e osso.

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