LIVRO 5 - EXTRA TRILOGIA - Recortes - Histórias Aleatórias Da Trilogia

16+1 - Escola particular

Sempre quis evitar usar esse número como faziam no começo, mas nunca tive a oportunidade.

NÃO é continuação do capítulo anterior

*alerta de gatilho para bullying* sintam-se a vontade para não ler ou pular a parte em itálico

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Pov Lauren

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- FEIOSA! GORDONA! VADIA POBRETONA! - duas garotas gritaram em meus ouvidos, uma de cada lado, e me assustei.

Olhei ao redor. Era Kittie e uma amiga dela. O nome dela não era Kittie, mas Morgana, só que ela gostava desse apelido porque lembrava "Gatinha", que era como todo mundo a via.

Era tudo o que eu nunca tinha sido. Olhei para baixo e vi que usava uniforme. Lá estava eu aos doze anos de novo. Eu gostava de estudar, mas não gostava exatamente da escola por todas aquelas pessoas, só que eu estava ali para orgulhar meus pais.

Eles não tinham condições de pagar uma escola tão cara e talvez eu fosse mais feliz em uma escola pública, mas eu tinha uma bolsa de estudos e um futuro brilhante por ser inteligente.

Algumas vezes desejei apenas ser burra ou fútil, talvez assim tivesse amigos.

Sempre fui tímida demais. Quando estava nervosa devaneava tagarelando coisas que ninguém se importava. Não me interessava por pessoas e guardava certo nojo por relações físicas.

Não sei de onde tirei a ideia que vender brownies na escola seria bom, porque as pessoas compravam ao mesmo tempo em que riam de mim.

Mais crianças passaram rindo de mim. Ouvi alguma canção nada criativa sobre a vendedora pobre e roliça. Acho que não tinham noção que eu estava ganhando o dinheiro deles, ou talvez tivessem dinheiro o bastante para não se importar.

Segui meu caminho olhando os recipientes quase vazios de doces. Me perguntei se engordaria muito caso comesse os que sobraram. Ao mesmo tempo, tentei controlar meus pensamentos.

Tudo tinha passado. Era só uma lembrança.

Parei ao lado de uma janela espelhada e olhei na intenção de lembrar como eu era, mas encontrei Cake me olhando. Ela chorava enquanto crianças riam dela e se divertiam ao seu redor.

Não suportei ver.

Corri.

Entrei no banheiro e me enfiei em um box, fechando a porta e abraçando os joelhos. Senti as lágrimas queimando meus olhos e meu rosto. O espaço era pequeno como me lembrava. O vaso tinha uma cerâmica esverdeada e brilhante e fazia tudo cheirar como coisas encontradas em sanitários misturadas com um desinfetante de odor forte. Pude ver meu rosto aflito, redondo, cheio de espinhas e coberto por lágrimas. Eu estava visivelmente mais velha, como se o tempo tivesse corrido enquanto eu fugia, mas ainda era uma adolescente.

Eu sabia o que faria a seguir.

Tentei me impedir. Gritei comigo mesma. Bati em meu rosto. Implorei para não ir em frente.

As portas do banheiro se abriram, me interrompendo, e algumas garotas entraram em meio a risos.

- Você viu a cara da vadia? Nem uma porca é tão feia! - uma delas zombou, a outra imitou o barulho de um porco, todas riram.

- Ela é nojenta. Nem para cobrir mais o corpo pra gente não ser obrigadas a olhar para ela.

- Ew! - uma das garotas arquejou com nojo - Ela não deve ter é dinheiro suficiente para usar algo decente. Será que acha que é boa o bastante para estar aqui? Ninguém merece uma nerd irritante.