Anna Durand é uma garota francesa que se mudou para a Inglaterra junto com o seu irmão e sua mãe por conta da guerra, e acabou virando vizinha dos quatro irmãos Pevensie.
Anna odiou Pedro de todo o seu coração assim que o viu. Mas vocês sabem oque d...
-Vamos logo elfinha, você já está olhando para isso a meia hora- Pedro disse bufando enquanto eu continuava a analisar a tapeçaria, a mesma do meu sonho/pasadelo/possivel visão.
-Deve ter algo que eu não tenha notado antes- Eu disse e Pedro foi até mim, segurando a minha mão.
-Eu sei que você quer resolver tudo e eu confio em você, mas já chega Anna- Ele disse e eu revirei os olhos -Você não come há dois dias, não dorme desde só Deus sabe quando é mal pensa em si mesma. Lutar é bom meu amor, mas chega uma hora que é preciso descansar.
Eu parei de ouvir no meu amor.
-Meu amor?- Eu perguntei -É sério mesmo Pedro?
Ele sorriu para mim e antes que pudesse me puxar, eu olhei uma última vez para a tapeçaria vendo ela se mexer levemente.
-Espera!- Eu exclamei -Já sei oque fazer!
Fui até a tapeçaria e me lembrei das palavras que significavam Sol e Lua em Quenya, precisa dar certo! Sussurrei as palavras e a tapeçaria começou a brilhar e mudar de forma.
-Isso é...- Completei a frase de Pedro sorrindo.
-Lindo- Eu completei e pude sentir o olhar dele em mim me fazendo corar.
-Sim, é algo lindo de se ver- Pedro disse ainda olhando para mim e provavelmente com aquele sorriso idiotamente lindo brilhando no rosto.
A tapeçaria brilhou com o Sol e a Lua entalhados e por fim virou uma porta.
-Agora sim, está pronto?- Eu perguntei desviando o assunto e ele assentiu.
-Estou sempre pronto, elfinha- Ele respondeu e eu sorri segurando na maçaneta e então abrindo a porta.
Uma biblioteca antiga, bem mais antiga do que provavelmente a biblioteca de Alexandria é. E muito mais bonita também.
As prateleiras pareciam brilhar com ouro encantado, os livros estavam em volta de cordões de algo que parecia diamante puro. O chão e o teto pareciam vivos, exibindo um céu escuro e noturno que se mexia a cada passo que dávamos, enquanto isso as flores que decoravam uma parte do chão pareciam nos encarar enquanto passávamos por elas.
Girassóis e Hortênsias, adoração e frieza, o Sol e a Lua, cara e coroa, o cravo e a rosa, Inglaterra e Escócia, tantos paradoxos sobre opostos lindos que acabaram sucumbindo em meio ao caos.
-Anna, vem ver isso- Pedro disse me chamando para o meio da biblioteca onde um livro se encontrava aberto no meio de um pedaço de árvore.
-É um livro de profecias, o povo de Melian tem um também- Eu disse e ele olhou para mim confuso -Esse livro deveria contar a história do povo mas de um jeito pragmático e poético.
Eu olhei de novo para a página do livro me assustando com oque eu li e ouvindo um barulho vindo de uma das prateleiras.
-Pedro, precisamos ir- Eu disse fechando o livro e segurando na mão dele -Rápido!
Fomos andando rápido até a porta e a abrimos com força vendo ela se fechar e a tapeçaria voltar ao seu lugar, enquanto estávamos seguros do outro lado da porta.
-Oque...?- Pedro nem terminou a pergunta quando eu tirei meu cachicou e enrolei o livro nele.
-Vamos para o meu quarto, não é seguro ler isso aqui- Eu respondi adiantando a sua pergunta e guiando ele até o meu novo quarto, onde eu tinha certeza que ninguém poderia entrar para ver nada.
O livro ainda cheirava a magia, a magia antiga e tenebrosa. Ele é estranho mas ao mesmo tempo convidativo, e principalmente, ele é perigoso e pode fazer as coisas ficarem muito ruins em Nárnia.
-Oque está escrito que fez você se assustar tanto?- Ele perguntou preocupado.
-Esse livro não é como o do povo das neves Pedro- Eu respondi ofegante -As profecias aqui...As profecias são...
-Ei, calma- Ele disse me abraçando, pela primeira vez eu desabei na frente dele enquanto abraçava ele -Vai dar tudo certo.
Ele fazia carinho nas minhas costas e eu não conseguia parar de chorar, oque está escrito é assustador e honestamente me faz querer pular de uma ponte para um rio cheio de enguias elétricas.
-Eu estou aqui, você está segura comigo- Ele disse enquanto eu tentava voltar a respirar melhor, não podia ter uma crise maior na frente de ninguém, nem mesmo de Pedro -Vai ficar tudo bem, eu te...eu te apoio.
Sorri para ele e comecei a rir um pouco saindo do aperto dele, e tirando o livro de dentro do cachecol abrindo o mesmo na página que eu lia dentro da biblioteca.
"O Sol e a Lua irão das cinzas retornar.
E tudo belo irá se tornar.
Mais felizes eles não poderiam ser.
Até a história de novo acontecer.
O Sol então de novo será traidor.
E a Lua de novo se verá com horror.
E cumprindo algo que ninguém poderia esperar.
O Sol e a Lua devem lutar.
E nessa batalha só um sobreviverá."
E essa profecia nem era a pior! O livro todo tinha profecias sobre a Lua, era como se alguém tivesse acabado de pega-lo da estante para analisar mas deixou lá pois ouviu passos.
"E de tanto rancor a Lua definhou. Redefinindo oque os poetas chamavam de amor. Pois o quanto mais a Lua amava as estrelas. Mais delas caíam do céu."
E até que tinha um bonito, mas tão fúnebre quanto a história de Van Gogh.
"Em seu último ato a Lua fechou os olhos. Decidindo que talvez não valesse a pena. Que talvez o amor fosse banal. E que os sonhos talvez sejam feitos para crianças.
Mas então ouviu o clamor das estrelas. E decidiu então que se elas foram feitas. Era para algo como brilhar.
E como um ator que deixa a cena. A Lua abençoou as estrelas. Para quem olhar para elas se lembrar de acreditar."
Li alguns para Pedro e decidi que iria esperar a reação dele, que foi de um choque tão grande quanto o meu.
-Pode não ser sobre vocês- Pedro disse depois de um tempo de silêncio.
-Quem são os outros dois irmãos elfos das árvores que você conhece?- Eu perguntei irônica e ele me olhou com resignação, o pior sentimento que humanos demonstram.
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