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Hoje seria um dia difícil, e passar a noite em claro tornava tudo mais complicado, meu corpo implorava por descanso mas a minha mente não parava.

Tomei um banho para adquirir um pouco de energia e no café da manhã apenas comi uma maçã, ainda estava sem apetite e fui praticamente obrigada por minha mãe a comer alguma fruta.

Antes de ir para delegacia meu irmão mais velho Ícaro chamou todos para fazer uma oração, ele é cristão, a base da minha família é evangélica mas eu não frequento muito a igreja, em casa apenas Enzo faz isso.

Depois da oração na qual chorei muito pois sentia que de alguma maneira Deus estava olhando por mim e não iria me abandonar na longa batalha que eu e minha família iria enfrentar.

Recebo o abraço apertado de minha vó  e dou um tchau para minhas primas pois para a delegacia iria apenas meus pais e eu e lá encontrariamos com o nosso advogado.

No trajeto de casa para a delegacia eu permaneci calada, apenas observava o caminho que o carro percorria, eu estava com medo e receio de encontrar com alguém que me olhasse estranho, a sensação que eu tenho e que todos da cidade viu o tal vídeo, e me olhariam com desprezo ou com segundas intenções.

No momento de abrir o boletim de ocorrência foi complicado, as perguntas que eram feitas e refeitas pareciam querer anular tudo que eu contava para eles, então eu tive uma nova crise de ansiedade, minhas pernas tremiam, minhas mãos suavam e pareciam fora de controle, fui ficando sem ar ao mesmo tempo que meu coração acelerava, começei a chorar e minha mãe me tirou as pressas da sala.

Sabe quando o peito aperta e o ar vai faltando e ao mesmo tempo suas vistas ficam turvas. Eu pensei que iria morrer, e talvez não fosse tão ruim pois por fim tudo acabaria ali, pelo menos para mim.

Sinto quando minha mãe me senta em uma cadeira no corredor e se afasta avisando que vai buscar um copo de água, e nesse breve momento sinto um desespero em ficar sozinha e as coisas pioram quando uma voz que desejei nunca mais ouvir pronuncia o meu nome.

- Maya! Olha só que coincidência! - Diego fala parecendo debochar de mim.

Levanto o meu olhar e o incaro, nem de longe ele esboça algum arrependimento.

- por que você fez isso comigo Diego? Me diz o por que disso tudo por favor... - minhas palavras saem acompanhadas de um choro que não cessa.

Estava sendo tão humilhante

- eu gata? Eu não fiz nada com você, aliás vim até com minha mãe dá uma queixa do roubo do meu celular.

Eu nunca tinha percebido o quanto ele era cínico.

- ah Diego conta outra... roubaram seu celular e resolveram publicar o nosso vídeo né? Justo o vídeo que você me chantageou dias antes. - me levanto da cadeira ficando frente a frente com o demônio.

Ele é mais alto que eu mesmo assim o encaro, mesmo fragilizada e fraca eu não abaixo minha cabeça.

- tá viajando como sempre gata, vai curtir sua fama e me deixa em paz.

Em nenhum momento ele se preucupa com meu estado.

- antes de você aparecer na minha vida eu era uma garota feliz, amada e vivia em meu próprio mundinho, eu tinha sonhos de uma garota comum... mas você pegou esse meu mundo e jogou no inferno me deixando queimar viva. - as lagrimas rolam no meu rosto sem parar, mesmo eu tentando segurar para  mostrar um pouco de dignidade.

Vejo a mãe dele aparecer atrás dele e ela me encara e por um momento eu achei que dessa vez ela iria deixar o filho pagar pelos seus atos inconsequentes.

- vai tomar no cu Maya! você apenas teve o que mereceu. - ele diz insensível a minha dor, não dando a mínima a tudo que acabei de falar.

Ele não sentia arrependimento nem remorso, nunca me pediria perdão, e eu amargaria esse rancor e ódio por ele por muito tempo.

Uma Eterna AprendizOnde histórias criam vida. Descubra agora