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Eu sempre tento encontrar uma válvula  de escape para desviar minha impulsividade, tenho lido vários livros para elaborar meu TCC, e tive semanas de muita correria para apresentação de um seminário muito importante, acabei despejando todo meu foco no projeto, e de alguma forma isso me ajudou a não ficar pensando besteiras.

Acredito que minha cabeça deve ficar sobrecarregada de tanta merda que eu penso, minha terapeuta diz que isso é um sintoma da ansiedade, mas eu sempre fui assim, até antes de tudo acontecer com o Diego.

Passaram algumas semanas e fiquei doente, cheguei a ficar internada em observação, fiz varios exames e tive que tomar antibiótico e anti inflamatório, coloquei atestado no trabalho e no estágio e passei alguns dias de cama, mas o que ninguém sabia era que eu estava me preparando para viajar até Belo Horizonte pois o aniversário de Rafael estava próximo e eu queria está com ele e comemorar mesmo que antecipadamente.

Eu já tinha comprado minha passagem aérea e reservado o Hotel, estava tudo programado e não contei a ninguém pois bem conheço minha mãe e minha vó elas acabariam falando para Rafael e estragariam meus planos.

Quando o dia do vôo se aproximou eu resolvi contar mas fui impedida de viajar pelos meus pais que alegaram que eu ainda estava me recuperando e precisava de cuidados e isso foi uma enorme frustração para mim, um balde de água fria melhor dizendo.

Ligaram para Rafael me deletando, relataram tudo pra ele e fiquei triste quando ele me ligou dizendo que meus pais estavam certos, na real eu só queria dá um abraço nele, aliás não somente um abraço mais sim o encher de beijos e matar a saudade que só faz aumentar dentro do meu peito.

Perdi o dinheiro que gastei comprando a passagem aérea, e foi uma luta para o hotel fazer o reembolso da minha reserva cancelada, não gosto de perder dinheiro, foi como se eu estivesse jogando fora ou rasgando dinheiro.

Fiquei frustrada, sem saber o que fazer pois não haveria outra oportunidade de encontra-lo antes do aniversário dele, me sentir incapaz e até chorei de raiva, mas não dos meus pais e sim de mim mesma pois eu não poderia ter ficado doente justo agora.

Quando eu já tinha me lamentado pra Deus e o mundo Rafael me telefonou avisando que estaria voltando, e o meu dia que estava como num dia de tempestade, abriu um sol derrepente, e em vez de choro e lágrimas um sorriso passou a habitar em meu rosto.

Ele chegaria no domingo e na noite que antecedeu esse dia eu não dormir de tanta ansiedade em encontra-lo novamente, me vi com 17 anos novamente, é bom me sentir como a garota que já fui um dia, eu era tão feliz e sabia muito bem disso.

No domingo não sair do quarto, tomei café da manhã e almocei no quarto, lendo livros e tentando controlar a ansiedade, Rafael chegaria em Campinas e iria passar em seu apartamento, de lá ele vêm de carro pra minha casa e saber que ele vai demorar um pouco mais é torturante.

No final da tarde começo a me arrumar, meus pais não irão permitir que eu saia de casa, embora eu já me sinta muito bem e não esteja sentindo nem um pingo de dor de cabeça, eles levam a risca todas as recomendações médicas.

Depois de passar praticamente o domingo todo trancafiada no quarto eu desço para tentar convencer minha mãe em deixar eu ir para Campinas com Rafael, pois ele dormir na minha casa está fora de cogitação.

Mas antes de Rafael chegar em minha casa fui comunicada por minha mãe que meu pai estava com uma visita, e essa pessoa eu conhecia muito bem, meu ex ainda possui uma amizade com meu pai e embora nosso namoro tenha terminado meu pai o convidou para assistir o jogo do Palmeiras na nossa casa.

Não teria problema algum Théo aparecer na minha casa mas hoje não é um dia propício para isso acontecer, e imaginar a situação me deixa bastante apreensiva. Embora eu saiba que não devo satisfação da minha vida para Théo, não seria nada confortável ficar no mesmo local com meu ex e meu atual.

Mando mensagem desesperada para Laura, a única  que não fica me zoando depois de eu contar o que está acontecendo pois minhas primas riram da minha cara quando tentei buscar algum tipo de conselho com elas, eu entendo elas, e também reagiria da mesma forma se não fosse eu vivendo essa situação.

Laura me deu vários conselhos, falou para eu sair com Rafael para o cinema, outros lugares e tentar evitar esse desconforto e foi isso que tente fazer. Quando Rafael chegou eu já esperava no portão de casa ansiosa para matar a saudade e sair com ele o maos rápido possível mas de primeira ele não aceitou.

- sentir muitas saudades, estava louco pra te ver. - diz ao me abraçar logo depois de descer do seu carro.

- também sentir saudades, e quero matar essa saudades por isso não quero ficar aqui em casa.

Ele segura minhas mãos, estão geladas, sempre que fico nervosa elas ficam assim.

- calma minha linda, somos todos adultos aqui, nem eu nem você estamos  fazendo nada errado.

- eu sei... só queria conversar a vontade com você, te beijar, te abraçar...

Ele sorrir de lado, sua mão direita ajeita meu cabelo, colocando um mecha atrás da minha orelha.

- vamos ter muito tempo pra isso, agora vamos entrar quero dá um abraço na vó e na minha sogra. - diz entrando e segurando minha mão.

Meu coração bate acelerado, enquanto eu tento respirar normalmente, logo ao entrar observo Théo desviar sua atenção da tv e olhar em nossa direção e eu congelo.

- boa tarde sogro, boa tarde a todos.

Rafael comprimenta educadamente mas só meu pai o responde.

- opa! Boa noite meu jovem! E ai como vão as coisas? Senta ai vamos assistir o nosso palmeiras jogar. - meu pai diz ao levantar e dá um abraço nele.

Rafael faz menção para eu sentar e faz o mesmo ficando ao meu lado, vejo quando Théo nos olha e faz uma cara que eu conheço muito bem, consigo ler o que passa na mente dele e embora eu não o deva satisfação da minha vida, sei que ele ficou magoado comigo, e isso me deixou mal.

Rafael foi o tempo todo educado, logo minha mãe e minha vó  se juntaram na sala com a gente e como são um amor com ele, ficou um climão, Théo foi o tempo todo irônico e era nítido o descontentamento dele, assim que o jogo terminou ele se despediu e foi embora.

Logo depois meu namorado foi sequestrado por minha mãe e minha vó  que inventaram de fazer um jantar com a ajuda dele, e esse é um dos motivos para eu não querer ficar em casa com ele. Estou cheia de saudades e não quero o dividir com ninguém.

Mas a noite ainda é uma criança e a oportunidade de ter Rafael somente pra mim vai chegar, e sim as vezes sou um pouco egoista.

Uma Eterna AprendizOnde histórias criam vida. Descubra agora