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Antes de viajar com Théo conversei com Rafael, não era algo que eu precisava falar mas achei melhor deixar tudo as claras, ele apenas me aconselhou a ser prudente e disse para eu curtir, a reação dele me deixou um pouco desmotivada em relação a nós dois mas eu preferir pensar nesse assunto depois que voltar do festival.

Viajei com Théo e já chegamos indo direto para o festival, é a primeira vez que eu curto um festival numa proporção tão gigantesca, a sensação e de está vivendo um sonho, e nem a chuva tirou minha empolgação.

Os dois dias que eu estive no Lolla foi insano, a experiência mais louca que já vivi até aqui, eu vibrei com cada show, dancei e pulei como uma louca, cantei e gritei a cada apresentação e o show de Alok foi o melhor que já curtir na vida.

Théo foi uma excelente companhia, sempre ao meu lado, cuidando e me orientando a todo instante, curtimos muito como se não houvesse amanhã, parecia que sabiamos que seria nossa despedida.

Quando voltamos pra casa eu fiquei no apartamento dele, e ficamos novamente, o sexo tinha um gosto de adeus, foi tudo intensificado e inesquecível para mim, nós dois sabia que não rolaria outra vez e cada um queria deixar sua marca e foi isso que aconteceu.

Théo me marcou com seu cuidado, com o jeito que me tocava, com seus beijos quentes e com seu olhar que sempre me lançava com desejo, ele foi alguém que me incentivou a realizar os meus planos e segurou minha mão nas tantas crises que tive, acredito que o que vivemos foi bom enquanto durou e embora não tenha durado para sempre valeu a cada instante que vivemos.

Depois de voltar pra casa eu seguir minha vida, Rafael continua me deixando em standbay, e eu acordo todo dia na expectativa dele me dá algum tipo de esperança, a espera de algo que eu nem sei se realmente vai acontecer.

....

Nas últimas semanas fiquei totalmente focada nos meus estudos e no estágio, recebi várias mensagens de Théo tentando ter um remember mas eu não tenho mais saco pra isso e acabei o bloqueando, até porque eu tenho medo dele mandar mensagens tentadoras nos dias em que eu estiver carente me fazendo ceder e isso é muito fácil de acontecer.

Rafael continua ligando todos os dias e disse que quando voltar iremos conversar sobre nós dois, algo que me deixou animadinha mas ao mesmo tempo vivo chateada pois parece que terei que esperar por muito tempo.

Me sinto uma egoísta, pois sei que ele está com a irmã internada, e precisa ficar o tempo necessário lá para ajudar sua família, mas será pecado desejar que ele volte logo para tirar essa angústia que sinto? Oro todos os dias para a recuperação da irmã dele, pois o bebê precisa da mãe e é triste saber que ela perdeu a memória e nem lembra que teve um filho.

Tem noites que não durmo com a minha ansiedade que faz meus pensamentos acelerarem ao ponto de eu quase ter um surto, são atormentadores é horrível viver assim.

- vó posso entrar? - bato na porta do quarto da minha vó.

- claro querida, aconteceu alguma coisa? - a vejo fechar o livro que estava lendo e tirar seus óculos do rosto.

- posso dormir hoje aqui com a senhora?

Ela abre um sorriso ao me ouvir

- você pode tudo minha Maya, vêm deita aqui do lado da vó.

Eu me apresso em deitar do seu lado e me aconchego em seus braços.

- eu não consigo relaxar vó, me conta uma história, como a senhora contava quando eu era pequena.

- você ainda lembra? Época boa aquela, seu avô ainda estava conosco. - diz saudosa

- conta como você o conheceu vó, eu gosto quando a senhora conta sobre o amor de vocês dois. - digo com lágrimas nos olhos.

Meu avô foi o meu super herói, eu era tão apegada a ele, quando ele foi para o céu a família ficou desolada, foi difícil para todos.

- seu avô foi o amor da minha vida Maya, ele é minha alma gêmea e o meu par perfeito... e quando o conheci nossas almas se recolheceram, eu bati o olho nele e já soube na hora que ele era o homem da minha vida.

Levanto a cabeça para a observar e vejo seus olhos cheios d'água.

- a senhora ainda o ama né, mesmo ele tendo partido a um tempão.

- amores assim não acaba Maya, alma gêmea só temos uma, eu nasci pra ele e ele para mim...

- e ele vó o que fez quando a viu?

- ele ficou me olhando de longe, meu pai tava ao meu lado e acho que ele teve medo mas como eu não era boba fiz sinal para ele ir me encontrar longe do meu pai.

- hum danadinha a senhora hein?

- e eu ia perder aquele homão? Eu lembro que ele tava com a farda oficial da aeronáutica, bonitão, alto e forte, se eu o deixasse escapar as outras garotas que estavam lá poderia o roubar de mim.

Fico a ouvindo atentamente.

- quando ele chegou perto de mim o meu coração quase saiu pela boca, e eu fui logo o dizendo que seria a sua esposa, acho que o assustei pois ele fez uma cara.

Eu começo a rir

- mas vó! A senhora não tinha apenas 15 anos? Era uma criança praticamente.

- naquela época as moças casavam cedo, faziamos o enxoval desde o momento que nossa regra descia, era o sinal que já estávamos prontas para casar.

- nossa! - Exclamo surpresa com o que ela diz.

- eu já tava pronta, e quando vi seu avô eu tive certeza que iríamos ser marido e mulher, e depois desse dia ele começou a me cortejar, era respeitador e se dependesse dele passaríamos meses apenas nos dando a mão.

Ela fica com o olhar longe, lembrando

- a senhora era danada hein? Isso deve ser de família. - digo brincando.

- por isso casei cedo, sua vó não era brincadeira, minha mãe vivia de cabelo em pé, com medo de eu me perder antes do casamento.

- então já sei a quem eu puxei - digo e começamos a rir

É tão bom conversar com minha vó, e quando o assunto e sobre meu avô e a história de amor deles é melhor ainda.

Acabo pegando no sono, minha vó me trouxe a tranquilidade que eu precisava.

Uma Eterna AprendizOnde histórias criam vida. Descubra agora