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Ter transtorno de ansiedade e viver numa montanha russa, eu posso acordar feliz e alto astral e antes de chegar a hora do almoço eu esteja mergulhada numa agonia que parece me puxar para um abismo sem fim. Aquela sensação de tá lá em cima e derrepente despencar sem aviso prévio.

Passo dias sem ter crise alguma mas basta acontecer algo que abala meu emocional para desencadear uma sequência de sintomas me fazendo regredir tudo que eu tinha conquistado antes. Pequenos gatilhos que pra outras pessoas não são nada para mim é como uma avalanche chegando com força devastando tudo que encontra pela frente.

Hoje tinha tudo pra ser um dia maravilhoso, me arrumei lindamente para ir a um show do L7 com Théo, ele adora o cantor e seria a primeira vez que iríamos a um show juntos, mesmo tendo o desprazer da companhia de Mariana com seu namorado eu estava disposta a curtir muito a noite.

Chegando na casa de show, fomos para o bar, o show do L7 demoraria umas duas horas para começar mas enquanto o show principal não começava alguns DJs tocariam. Me animo para dançar quando uma sequência de funk começa a tocar.

- vamos dançar amor? - o convido mesmo sabendo que ele não curte muito dançar funk.

Seu semblante diz tudo, zero animação para me acompanhar.

- vai com a Mari vida, vou ficar por aqui te admirando.

- eu não tô afim, não gosto desses tipos de musicas. - fala Mariana fazendo cara de puta santa.

- eu vou sozinha, antes só do que mal acompanhada. - digo a encarando.

Ela me olha com raiva.

- você vai deixar sua namorada ir pra pista sozinha Théo? Ainda vestida desse jeito para os gaviões ficarem dando em cima? Tá de vacilo viu cara! - o ex namorado traíra de minha prima entra na conversa.

Observo Théo lançar um olhar ameaçador pra ele.

- a minha idéia é uma só, cuida da sua namorada caralho! Tô achando que você tá olhando demais pra minha namorada, se liga mané! - Théo diz firme enquanto Joel fica pálido.

- para com isso irmão, tá louco? Meu namorado só tem olhos pra mim. - diz mariana saindo em defesa do namorado.

- coitada, tão iludida... - simbilo baixo e com o barulho das batidas da música eles não me escutam.

- vai lá vida, você tá linda,  gostosa pra caralho! - ele me puxa para um beijo.

Vou caminhando para a pista e dou uma breve olhada para trás e o vejo soltar um beijo para mim e fazer sinal que está de olho.

Começo a dançar, e sinto falta das minhas primas ao meu lado, faz tempo que não saímos como antes e anoto mentalmente que devemos voltar a ir para as baladas como antigamente.

Derrepente sinto uma mão gelada segurar meu braço e um calafrio sinistro percorre o meu corpo, sou tomada por uma sensação ruim e quando viro o meu corpo pra confirmar quem é a pessoa entro em pânico por  ficar tão proxima dele.

Eu paraliso ao vê aqueles olhos cruéis me olhando, um sorriso cínico nos lábios e o cheiro dele que me faz ter ânsia de vômito. Diego tinha voltado, e por mais que eu achei que tinha me recuperado de tudo que ele me fez passar eu acabo de constatar que ele ainda me faz muito mal.

Tudo é muito rápido mas pra mim passa em câmera lenta, não consigo ter reação alguma, sinto meu peito apertar, uma falta de ar começa a surgir, meu corpo começa a tremer e lágrimas rolam em meu rosto, estou tendo uma crise.

Rapidamente Théo surge o afastando com brutalidade fazendo Diego cair no chão, ele se levanta querendo revidar.

- seu merda! Você quer mesmo isso? Se eu fosse você partia daqui antes que eu mude de ideia e queira partir você ao meio. - Théo fala com a voz carregada de raiva.

Diego rir zombando do que acabou de ouvir.

- cê tá me ameaçando cara? Sabe quem eu sou?

- eu não ameaço, eu faço! E pra mim você é apenas um saco de bosta, um fracassado pego no doping por passar a maior parte do tempo se drogando ao invés de jogar futebol.

Diego arregala os olhos, acho que ninguém sabia sobre isso.

Théo segura a minha mão me tirando da confusão que permanecia na pista.

- vida você tá tremendo, calma já passou eu tô aqui. - ele tenta me acalmar e pede uma garrafinha de água para o garçom.

Eu não consigo falar, minha cabeça parece que vai explodir.

Ele coloca a garrafa de água na minha mão e bebo um pouco da água.

- vamos embora daqui, já deu por hoje.

Ele diz acariciando meus cabelos

- não amor, ainda não começou o show que você tanto queria vê, eu tô  bem já, vamos ficar. - falo tentando controlar o que estou sentindo.

Eu não queria estragar a noite dele, era um show que ele queria muito curtir.

- ei minha vida, você é a minha única prioridade aqui, vamos pra casa.

Eu ainda não tinha conversado com Théo sobre minha ansiedade, mas depois de hoje seria inevitável continuar escondendo isso dele.

Uma Eterna AprendizOnde histórias criam vida. Descubra agora