Uma Eterna Aprendiz

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Depois daquele dia eu desejei muito voltar a sorrir como antes mas continuei reclusa, não pensava  mais em suicídio, mesmo assim todos em casa ficaram em alerta comigo, com medo e receosos e me fizeram  prometer que eu nunca mais pensasse  no assunto, eu passei a ficar mais cercada de cuidado.

Eu não conseguir voltar a faculdade, e deixei de ir para as seções de terapia, excluir todas as minhas redes sociais, pois ainda apareciam constantes mensagens desagradáveis. Fora o medo de Diego, que me fez não querer mais sair de casa.

Vivo alerta, com receio dele encontrar meu novo número de telefone ou da família dele fazer algo com as pessoas que eu amo. A polícia diz que estão investigando o caso, as provas que meu advogado apresentou não parecem ser suficientes para colocar esse covarde na cadeia, em vez dele estar preso eu que fiquei aprisionada ao medo, a sensação de impunidade e aos traumas que ele me causou.

- Filha posso entrar? - minha mãe aparece na porta do meu quarto me despertando dos meus pensamentos.

Ela me olha, lamentando  me vê  desse jeito.

- pode entrar mamis! - falo forçando um sorriso.

Fingir era algo que eu aprendi a fazer muito bem mas mãe nos conhece tão bem.

- Eu estava conversando com seu pai se não seria melhor você viajar, respirar novos ares... - ela senta-se ao meu lado na cama e vai falando.
- Suíça seria uma boa não? Essa época é  início da primavera lá, tenho certeza que irá gostar de ir. - seu tom soa animado.

Respiro fundo, mas não esboço nenhuma animação.

- não quero ir mãe... não quero dá trabalho ao meu padrinho nem a sua esposa, e fora que serei uma péssima companhia para meus primos.

- não fala assim filha, todos lá sente saudades sua, mas se você não quer ir tudo bem. - nitidamente ela fica triste e isso doi tanto.

- eu não tenho vontade de sair pra canto nenhum mãe, não me entenda mal por favor. - coloco minhas mãos  sobre as suas e a olho nos olhos.

- e Goiânia? Você gosta tanto de ir pra lá né mesmo? Sua vó iria amar voltar a ficar lá por uns tempos. - ela volta  a me olhar animada.

Dou um sorriso contido e desanimado.

- mãe por favor não insista mais, não serei boa companhia pra ninguém agora, eu só quero que todos me entendam.

Ela volta a me olhar triste

- tá bom filha, vou deixar você descansar, eu só não aguento mais te vê desse jeito... parece que fracassei em algo, me sinto tão incapaz. - seus olhos marejados me quebra por dentro.

- eu te amo mãe, a senhora é a melhor do mundo, o problema sou eu... - a abraço forte e não consigo segurar meu choro.

Depois disso ela sai do quarto cabisbaixa, mas espero que tenha entendido o meu lado, não teria lugar nem pessoa alguma que me faria sair da minha casa. Até dias depois minha vó entrar no meu quarto como furacão me assustando.

- vamos levantando princesinha da vó! Chega de ficar deitada nessa cama. - ela diz e sua voz ecoa no meu quarto.

Tão pequena e tão fofa mas quando tá virada sai de baixo.

- que susto vó! - falo colocando a mão no coração.

- você vai levantar, fazer suas malas, tomar um banho e comer alguma coisa, agora Maya. - a voz doce fala com firmeza.

- a senhora sabe muito bem que não vou pra lugar algum, me deixa quieta no meu canto vó. - falo voltando a deitar na cama e puxo o lençol até o topo da cabeça.

- Mas que petulância é essa mocinha? Vamos levantando agora anda!

Ela puxa meu lençol o retirando de cima do meu corpo e me dá uma olhada daquelas que faz agente tremer de medo.

- vó a senhora tá me assustando, acordou no modo turbo hoje foi? - ironizo tentando quebrar o clima.

Ela me olha atentamente e começa a falar.

- serão apenas quinze dias, no sítio com Rafael, e se depois disso você continuar assim eu prometo que não irei mais te incomodar. - fico parada assimilando o que acabei de ouvir.

Quinze dias no sítio com Rafael... como assim? Logo com ele que torma as coisas tão mais complicadas para mim.