Uma Eterna Aprendiz

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Passei dois dias cobrindo o inchaço do meu rosto com base e corretivo, evitei ficar em casa, saindo para faculdade e voltando no final da tarde. Diego foi para o Nordeste mas antes me ligou pedindo desculpas e dizendo está arrependido colocando a culpa nas merdas que ele usou. A minha prima Rê nunca contou a ninguém o que tinha acontecido comigo, fiz ela prometer e ela cumpriu sua promessa, esse segredo ficou guardado por muito tempo.

Terminei o namoro com Diego por telefone mesmo, e foi um alívio para mim saber que ele ficaria longe de mim, pelo menos era o que eu esperava que acontecesse.

...

Minha vó voltou pra casa, ela tinha ficado um bom tempo na casa do meu tio em Goiânia, ela fez muita falta os meses que ficou longe de mim.

Chego em casa no fim da tarde, tinha ficado mais um dia perambulando pelo shopping tentando evitar o máximo minha família, eles não faziam idéia do que tinha acontecido comigo e nem o que aquela noite tinha desencadeado na minha vida.

- olha quem chegou! - uma senhora baixinha com seus cabelos dourados e brancos vem em minha direção.

- vó!! Que saudade! - me apresso em abraça-la e sentir o abraço mais gostoso desse mundo.

Seu cheiro de avelã com cereja, me causa uma sensação de conforto.

- a vó voltou minha pequena, e numa batida de olho já sei que você não está nada bem. - sempre intuitiva parecendo ler minha alma.

Ela me olha nos olhos profundamente, seus olhos verdes me transmitem paz, algo que eu não sentia a muito tempo.

- que falta a senhora me fez vó... - não seguro minhas lágrimas, não é nada fácil fingir na frente dela.

- agora estou aqui com vocês e vou colocar tudo em ordem, começando por você que parece está vivendo uma guerra ai dentro. - ela aponta para o meu peito e abre um sorriso singelo.

Eu respiro fundo e retribuo o sorriso, sinto ter uma conexão especial com minha vó, e agora com a volta dela talvez eu possa voltar a ser feliz novamente.

...

Depois de um tempo as coisas caminhavam para a normalidade, sem faltas na faculdade, voltei a ter uma rotina e me reaproximei das minhas amigas, a relação familiar estava como antes mas eu ainda não aceitava eles querer opinar na minha vida, ainda tínhamos dificuldades em relação a esse assunto.

Acabei voltando a namorar o meu ex namorado, aquele primeiro que eu tinha terminado mesmo ainda gostando, esse foi um grande erro pois pessoas machucadas tendem a machucar outras pessoas e isso acabou acontecendo. Rafael não merecia tudo que eu o fiz sofrer, talvez o fato de me sentir segura e protegida ao seu lado me fez usa-lo, ele sempre foi entregue e eu não me doava o tanto que ele merecia.

Não estava rolando algo recíproco e consequentemente terminamos, era o certo para acontecer eu precisava me tratar, algo dentro de mim gritava por isso ou então eu viveria o resto da minha vida tendo relacionamentos fracassados.

Por esse e outros motivos eu começei a fazer terapia, algo que minha mãe me aconselhava a fazer a muito tempo e como sempre ela tinha razão.

Não é fácil você admitir que precisa procurar ajuda de um psicólogo, antes você se nega acreditar que a terapia poderá de alguma maneira te ajudar e comigo não foi diferente pois até chegar essa conclusão foi difícil.

Na primeira sessão eu apenas chorei, desabei na frente da psicoterapeuta, eu não sei como conseguir produzir tantas lágrimas mas depois de 50 minutos dentro daquela sala eu sair com a sensação de alívio, eu precisava disso, foi o início de uma longa caminhada.