QUARENTA E DOIS

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- Não sei o que fazer da minha vida daqui pra frente - comentei abraçada a minha mãe, do jeitinho que resolvi ficar com ela logo após quase todo mundo ir embora.

- Porquê tanta cobrança? Você só tem 24 anos, está começando a construir sua vida - minha sensibilidade tava tão em alta que me incomodava, a encarei com os olhos marejados - Só vive, filha, se permita sentir o que for e seguir 100% o seu coração, eu quero te ver genuinamente feliz e completa, você merece, é uma garota especial.

- Eu nem sei se mereço a senhora como mãe, você é maravilhosa demais - sorri e nos abraçamos, o colo dela sempre seria o melhor lugar no mundo - Eu vou seguir esse conselho.

- Olha pra mim - fiz o que ela pediu e encarei fixamente seus olhos - Se permita fazer tudo o que for necessário pra ser feliz, se permita pensar exclusivamente na sua vida e em como você quer que ela seja, você não não tem obrigação de cuidar de nada e ninguém, só disso aqui - nesse momento, ela apontou para o meu coração e eu só chorava mais e mais, ela sabia exatamente como eu era, sempre tive a mania de colocar tudo a frente dos meus planos para não decepcionar ninguém, as minhas reais vontades as vezes são deixadas de lado. A ansiedade por viver pode gerar o efeito contrário, deixar de fazer isso por pensar demais nas consequências.

- Te amo demais, mãe, sempre recebo os conselhos que se encaixam na minha vida mesmo sem contar como ela está - ela riu alto e me deu um beijo na testa.

- Eu sempre estarei aqui pra quando se sentir bem e me contar o que se passa na sua vida, mas sempre respeitei seu tempo e suas escolhas, fica tranquila - eu não sei o que faria sem essa mulher, ela me lê como ninguém mais consegue.

- Gostou dele? - apontei com a cabeça na direção em que Giorgian comia uma torta doce.

- Muito, ele é sério, mas muito agradável e cuida de você de um jeito... - ela pensou na palavra que usaria.

- Exagerado? - ela assentiu mas fez uma cara, como se estivesse ainda pensando.

- Mas não de uma forma totalmente negativa, ele presta muita atenção em você na maior parte do tempo, parece que quer sempre te deixar bem e confortável - ela falou enquanto o encarava, eu ri de sua análise.

- Também percebo isso, não acho motivo pra reclamar, ele é incrível e agora tá sendo mais ainda - sentei ao seu lado limpei todas as lágrimas do meu rosto.

- Vocês são um casal lindo - ela comentou e eu sorri, também tinha essa opinião.

- Ele me chamou indiretamente para morarmos juntos - comentei sobre a frase dele da outra noite.

- Aceitou, né? - neguei com a cabeça - Porque? Qual a suposição do que ainda nem aconteceu que te impede, meu amor?

- Nenhuma, mãe, só prefiro esperar um pouquinho.

- Você tá feliz morando praticamente sozinha naquele apê? - Manoela havia ido embora, nem animais de estimação eu tinha por ali, gosto de estar na presença de quem amo em casa, a resposta para essa pergunta era óbvia, meu silêncio implacou em afirmação e ela continuou - Pois é! Para de pensar e só viva, filha.

Apenas assenti com a cabeça e refleti sobre tudo em minha vida. Eu realmente precisava sair daquele emprego, e sem duvida alguma, sentia que deveria morar junto com o Giorgian. Esse teste seria até bom para analisar se nos suportamos convivendo tanto.
Pedi licença a minha mãe e caminhei até meu namorado, abraçando-o pelo pescoço.

- Se o povo que cuida de você naquele time te ver comendo tanto doce, te obrigam a me largar - ele estava comendo doce há alguns bons minutos já, eu apenas observava.

- Fica tranquila, cariño - fiz uma careta, demonstrando que não havia entendido muito bem o contexto de sua frase - Vou te foder a noite inteira e aí queimo todas essas calorias, Gabizinha.

- Eu vou cobrar isso de você hoje então, uruguaio - passei as mãos no meu rosto ruborizado e saí de perto dele.

Ele sorriu e seguiu comendo todas aquelas besteiras que ele mal encontra por aí. Ainda bem, porque com esse descontrole todo...
Caminhei até o sofá e fiquei encarando um ponto fixo no teto, pensando em como tudo estava tão desinteressante naquele exato momento. Resolvi beber uns drinks e peguei uma garrafa de licor de amarula e bebi algumas doses.

- Hm... - me expressei sozinha enquanto pensava, já depois de pelo menos 5 copos de licor, que a no apartamento da mamãe tem uma jacuzzi maravilhosa e bem antiga no ambiente externo.

- Amor - chamei a atenção de Giorgian, que ocupava o outro sofá quase inteiro - Tá cansado? - ele assentiu - Tem certeza? - assentiu novamente, me encarando - Até pra isso? - falei mais baixo que antes enquanto passava a mão pelo meu próprio corpo, me virando de bruços no sofá

- Pra isso eu sempre irei estar acordado - respondeu já sentando o corpo no sofá, e seguiu me encarando.

- Vem - o chamei no mesmo tom utilizado anteriormente, para não acordar minha mãe e mais uma parte da família que dormia nos quartos ao nosso redor.

Assim que conseguimos chegar a área externa, que ficava nos fundos do apê, encarei a jacuzzi, já tirando meu vestido.
Coloquei as pernas na água morna e me virei em direção ao Giorgian.

- Você é maluca! - sorri para ele - E tá muito bêbada, né? - assenti abrindo ainda mais o sorriso - Mas é muito gostosa, então eu faço tudo que eu quiser.

Ele tirou absolutamente toda sua roupa, ficando nú, e entrou na mini piscina, se aproximando do meu corpo.

- Fica comigo em casa e sai daquele emprego amanhã - pediu falando no pé do meu ouvido. Ele não desistia de nada que queria até ter a confirmação.

- Não posso fazer tudo isso amanhã, vida - ele bufou e passou as mãos pelas pontas dos meus cabelos, acariciando consequentemente, minha cintura.

- Quando? - perguntou sério.

- Me dá 15 dias, e aí saio daquele escritório e levo algumas roupas a mais pra sua casa, tem certeza disso? - perguntei com a terrível sensação que isso poderia não dar certo.

- Olha como eu fico só de te olhar, no meio da sua família - pegou minha mão, colocando-a em cima de seu membro e beijando meu pescoço - Eu quero você comigo o tempo todo.

Apenas o beijei em resposta com muita vontade, passando as pernas em volta deu cintura, com a plena vontade de seguir no que estávamos fazendo.

Sirena | De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora