TRINTA E UM

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- Mas muita coisa acabou rolando nesse tempo, né? – ouvi ela questionar encarando-o assim que cheguei perto deles.

- Sim – tomou um gole do que eu acreditava ser uma caipirinha – Ainda bem – sorri com a resposta dele parei em frente aos dois, coloquei minhas mãos entrelaçadas na frente do meu corpo e fiquei parada, fiz questão de fazer isso e demonstrar que aquilo ali não estava me agradando.

- Não precisa ficar com medo, linda – Vitória teve a audácia de falar isso olhando nos meus olhos.

Eu não sou de brigar, não gosto de fazer isso, principalmente em público e nessa situação, com a ex-ficante insuportável do meu namorado, mas minha paciência iria embora se aquilo continuasse. E sua expressão facial demonstrava que isso era tudo que ela queria.

- Medo passa bem longe do que eu tô sentindo, linda – frisei o elogio final, deixando claro que era extremamente sarcástico.

- Então é o que? Ciúme? – eu dei risada na cara dela e em uma golada só acabei com o drink que eu segurava.

- Me economiza tá, garota?! Eu vim falar com o meu namorado e não com você – olhei para ela da cabeça aos pés e fiz a minha melhor cara de nojo – Nem dá pra ter ciúmes, na verdade – fui sincera, ela era linda, mas estava com um vestido brega e não me deixava nada insegura.

- Acho melhor falar direito comigo – disse enquanto soltava uma risada insuportável.

- Ou o quê? Vai se rebaixar e continuar de papo com homem comprometido e ainda por cima ter uma discussão sem fundamento com a mulher dele? Sério? – apertei os olhos e ela fechou a cara, olhou para o chão e mexeu no cabelo.

- Eu prefiro nem te responder pra continuar sendo educada.

- Não responde porque não tem o que falar mesmo – eu falava mantendo exatamente a mesma postura desde que cheguei ao local em que eles conversavam.

- Olha só... – Giorgian a interrompeu, seja lá o que ela fosse falar, eu não descobriria.

- Acho melhor você ir com suas amigas – colocou uma mão no ombro dela e eu fiquei olhando fixamente para esse ato, ele percebeu meu olhar e tirou a mão na mesma hora.

- Tchau, Arrasca – ela se despediu e pela posição em que ficou, quis dar um beijo de despedida na bochecha dele.

Giorgian só sorriu e não se abaixou para beijo nenhum, apenas respondeu o "tchau", achei ótimo. Ela me encarou novamente e saiu de perto.

- Não sabia que minha namorada era tão ciumenta assim – ele se aproximou e colocou as mãos na minha cintura.

- Sem me irritar mais ainda, por favor, Arrasca – repeti o apelido dele imitando a voz enjoada da garota que tinha acabado de falar aquilo, ele percebeu e soltou uma gargalhada.

- Te quiero.

Eu sabia muito bem o que aquilo isso significava em português. Estávamos juntos há um tempo, mas nenhum dos dois tinha falado "eu te amo" ainda, a gente deixava tudo acontecer o mais naturalmente possível e era uma das coisas que mais me fazia bem nessa relação. Nada era forçado, não existia pressão.

- Amo você também – respondi sorrindo e coloquei os braços em volta dos ombros dele e iniciei um beijo. De todos que demos, esse foi o mais calmo e carinhoso, sem dúvida nenhuma.

- Que coisa mais linda hein, casal?! – ouvi um grito, paramos o beijo e eu vi o Gabriel e a Rafa rindo e levantando um copo na nossa direção, neguei com a cabeça e puxei o Giorgian para pegarmos outra bebida.

Queria muito perguntar o que ele estava conversando com aquela garota, mas nosso momento estava sendo tão bom que eu não quis criar a chance de termos alguma indisposição hoje.
O estilo de música tinha mudado mais uma vez, tocava sertanejo, mais especificamente "Medo Bobo" e aquela eu gostava muito daquela música, sempre que ouvia me lembrava de como eu tinha receio de me envolver com alguém por medo de sofrer e me sentir tão mal quanto no meu relacionamento passado. E agora, me vendo dançar agarradinha com o Giorgian enquanto ela toca, só consegui rir e agradecer ao universo por ele.

Sirena | De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora