SEIS

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- Não sei se gosto muito dessa comida, é meio esquisita – Eu falei enquanto comia um sushi no restaurante próximo a praia que ele escolheu para jantarmos.

- É uma delícia, prova mais um – Ele pegou um sushi dele e levou até minha boca, eu abri, mastiguei e fiz uma careta esquisita pra ele que deu risada. – Todo mundo gosta, porque você tem preconceito?

- Não é preconceito, uruguaio, eu só acho a textura de peixe cru um pouco esquisita e sei lá – fiz uma pausada avaliando se falava ou não e acabei soltando – sem contar que meu ex noivo gostava tanto disso que me nego a ficar comendo.

Ele ficou com a expressão um pouco mais séria e me olhou.

- Você ia casar com seu ex? – Perguntou sério.

- Sim. A gente namora, fica noivo e casa, certo? É o fluxo normal dos relacionamentos – Falei encarando-o, assim como ele fazia.

- Mas você rompeu esse ciclo e estamos aqui hoje – Continuou me encarando mas sem uma expressão séria agora. Ok então.

Claro que eu tinha fuçado nas redes sociais dele já que ele me seguiu.

- É, e você também. Mas chegou a casar pelo menos – Dei uma risadinha.

- Fique feliz por não ter dado esse passo – Respondeu meio pensativo.

- Divórcios são complexos, entendo - Eu não sei se queria acessar a opinião dele sobre o assunto então respondi na tentativa de finalizá-lo.

- Não tenho filho, mas o cunhado da minha ex ocupa esse lugar para mim – Perguntou enquanto comia seu 15º sushi. Ele realmente gostava.

- É bom ter crianças por perto, sinto falta disso – Sério que ele nem imaginava que eu tinha stalkeado tudo?! – Eu vi as fotos no seu Instagram, ele é lindo.

- Así como yo – Falou 100% em espanhol me fazendo revirar os olhos imediatamente.

- Ai tabom, Arraxca - forcei o sotaque carioca do jeitinho que todo mundo chama ele.

- Ficou sexy falando assim. Faz de novo? – Semicerrou os olhos.

- Não, vou respeitar meu sotaque paulista, só quis fazer gracinha – Levantei as sobrancelhas.

- Que droga – Dei risada e voltei a comer, mas só as coisas grelhadas. Fui colocando as coisas cruas no prato dele e continuamos conversando sobre o dia a dia.

Ele pediu a conta e assim que chegou nem deu tempo que eu pegasse o cartão na bolsa. Fomos caminhar na praia que ficava bem próxima ao restaurante.

Eu estava morrendo de vontade de beijar ele de novo, mas me mantive concentrada enquanto ele falava a respeito da rotina de treinos e das viagens frequentes que programa ao seu país natal, o Uruguai, especialmente para se manter o mais próximo possível da sua família. Eu achei fofa a forma como ele falava da mãe, dos amigos e de todo mundo que morava por lá.

- Você parece ser bem atencioso com a sua família – Falei e ele sorriu.

- Dou meu melhor. Você não fala muito do seu pai, porque? – Ele comentou num tom curioso, mas sem me questionar nada diretamente. Acredito que para não ser invasivo, era legal conversar com pessoas assim.

- Ele morreu – Ele me olhou e ia pedir desculpas, mas eu levantei a mão e o interrompi – Ele não era o pai mais participativo do mundo, mal nos víamos e ele foi na minha infância. É algo superado na minha vida, sofri com isso na época, mas tá tudo bem.

Enquanto conversávamos continuamos andando bem devagar, até que percebi uma pedra bem grande. Encostamos nela e ficamos um ao lado do outro. Fiquei em silêncio, olhando o mar enquanto a lua refletia na água, eu amava praias em todos os horários.

Sirena | De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora