QUARENTA E OITO

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Já no shopping, conversei muito com a Rafa no shopping, inclusive sobre meu trabalho e toda a situação que passei.

- Gerou todo esse estresse entre nós dois, eu tive culpa porque falei coisas que nunca fariam ele me apoiar em ficar, mas eu avaliei muita coisa pra decidir, sabe?! - comentei sobre todo o caos com o Eduardo.

- No fim das contas essa decisão é só sua, independente do que aconteceu - ela falou e bebeu um chá esquisito que estava segurando - Mas ele realmente parou de palhaçada?

- Parou, acho que alguém fez ele percebeu que era babaca e algo mudou - ela riu e me puxou pelo braço para uma loja de lingeries.

Ela ficou olhando durante meia hora os conjuntos e eu acompanhava. Só conseguia pensar em como eu ficaria vestindo isso em quatro ou cinco meses, me dava ansiedade boa e má ao mesmo tempo.

- Você não vai levar nada? - ela perguntou me olhando incrédula.

- Eu nem vou usar mais isso - suspirei e só depois de alguns segundos me toquei que a frase soou estranha e ela me encarava com cara de quem não entendeu nada.

- É que eu não curto - ela continuou com a mesma expressão.

- Tá?! - respondeu desconfiada - Você não usa calcinha e sutiã?

- Ok, me rendo - suspirei - eu não ia contat agora mas tô grávida - falei baixinho.

- É sério? Eu acertei? Você tá grávida - acabou com toda minha discrição enquanto falava algo e me abraçava sem controle nenhum - Meu Deus, Gabi, como?

- Quer um tutorial, amiga? - ri sem graça e ela me bateu de leve no braço.

Ela seguiu me abraçando por pelo menos mais dez minutos e eu só conseguia pensar que se minhas amigas de São Paulo soubessem quem não foram as primeiras (depois da Manu) a saberem, me matariam.

- Mas perai, o que tem a ver a lingerie? - voltou a fazer cara de confusa.

- Meu corpo vai ficar redondo, eu vou usar lingerie de pós 50 anos daqui uns meses - respondi desanimada.

- Eu hein, quando engravidar vou seguir usando minhas roupas normais, as que couberem, né? - pegou mais uma calcinha para levar.

- É, você tá certa - pensei bem e peguei um único conjunto, era azul marinho, sexy mas não tanto, eu amei.

- Eu nem perguntei como seu namorado reagiu - me questionou já na fila do caixa para pagar.

- Não contei - ela levantou as sombracelhas.

- Tô sabendo antes do pai - me encarou - Que estranho, você é estranha as vezes, Gabi.

- Obrigada pela parte que me toca - ri baixinho.

- Mas eu gosto de você, só que é isso né, você precisa contar logo pra ele sobre esse bebê - falou em um tom de aviso/ordem.

- Eu tô afim de contar pra várias pessoas, mas não pra ele porque não sei como fazer isso - fui honesta com ela e comigo mesma.

- Faz o básico, ou uma surpresa, sei lá - sugeriu ansiosa - Só conta pra ele e grava pra eu saber a reação depois - ri e revirei os olhos.

- Vou fazer isso o mais rápido possível - era mais uma autopromessa que qualquer outra coisa.

Depois de mais algum tempo rodando o shopping e da Rafaella juntar algumas sacolas, resolvemos ir embora.

- Quer ir lá pra casa no domingo a noite? Vou fazer uma resenha e vai ter um pessoal bem de boa - assenti e a abracei para nos despedirmos.

- Até, estarei lá, infelizmente completamente sóbria - ela riu, e em seguida foi para seu carro, eu insisti em pedir um uber para não atrapalhar o caminho dela, que era para o outro lado.

Era oficial, eu precisava de um carro, até porque acabava gastando muito de taxi e ficando limitada em algumas ocasiões.

- Preciso de um carro - foi a primeira coisa que disse ao Giorgian, jogado no sofá enquanto eu colocava minha bolsa e sacola no chão.

- Quê? - perguntou sem me entender.

- Carro, vou comprar um carro - repeti e ele assentiu.

- Tabom, eu vou com você assim que quiser - murmurei um agradecimento e comecei a pesquisar alguns modelos no celular.

- Eu já perguntei quando é seu aniversário? - me perguntou em tom curioso.

- Já passou - menti.

- Mentirosa - o olhei e minha risada me entregou de cara.

- Se você inventar de me dar um carro de presente, eu te mato, não faz isso - ele riu e negou com a cabeça.

- Tabom, mas se eu quiser eu dou - o olhei com cara de tédio.

- Eu compro um antes de você fazer essa palhaçada - ele ficou me encarando sem falar nada por uns dois minutos - Que foi?

- Porque você tá tão linda? - senti meu rosto queimar mesmo com toda nossa intimidade e imediatamente associei isso a minha gravidez, meus olhos encheram de lágrimas, mas disfarcei pra ele não notar. Hormônios em ação.

- Porque eu nasci assim - caminhei até ele e o beijei.

Quando ia finalizar o beijo, ele me puxou para seu colo, coloquei uma perna em cada lado de seu corpo e ficamos nos encarando entre vários selinhos.

- Se um dia eu for pai, tomara que seja tão lindo quanto você então - até me arrepiei no momento em que ele disse isso, e eu sabia que era uma deixa muito boa para falar o que eu precisava.

- É - foi a única palavra que saiu quando me propus a falar algo - Tomará, lindo.

Suas mãos foram direto para o decote do top que eu usava e eu fechei meus olhos. Até lembrar do que tinha dito a ele no dia anterior.

- Eu não vou ser fraca assim - tirei suas mãos de onde estavam - Disse que estava em greve e é verdade.

- Droga, achei que tinha esquecido essa mierda - reclamou enquanto eu ria da cara de decepção dele - Você não vai aguentar duas semanas.

- Será? - perguntei o provocando, que me encarou e se jogou para encostar o corpo no sofá - Paga pra ver então, amorzinho.

Me levantei e ele ficou me encarando fixamente.
Fiz toda minha higiene, coloquei um pijama fino, mas de frio, e fui até a cama, Giorgian já estava lá jogado e aparentemente dormindo.

- Sai - jogou a perna esquerda em cima do meu corpo - Sai, Giorgian.

- Não me chama assim - reclamou como sempre fazia quando o chamava pelo nome, tirando os momentos de discussão.

- Sai, amorzinho.

- Melhorou.

Seria uma luta enorme, mas eu resistiria com todas minhas forças a esse homem, que propositalmente estava dormindo sem camisa no frio.

- Para com isso, sirena - ele me virou de frente para ele, beijando meu pescoço com aquela barba na minha pele e colocou a mão direita em meu seio, o apertando - Eles tão maiores?

- Sai - tirei suas mãos perto de mim e ri, segunda oportunidade de falar algo ou dar alguma dica perdida. Mas tudo bem, eu tinha tempo.

Sirena | De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora