Já no shopping, conversei muito com a Rafa no shopping, inclusive sobre meu trabalho e toda a situação que passei.
- Gerou todo esse estresse entre nós dois, eu tive culpa porque falei coisas que nunca fariam ele me apoiar em ficar, mas eu avaliei muita coisa pra decidir, sabe?! - comentei sobre todo o caos com o Eduardo.
- No fim das contas essa decisão é só sua, independente do que aconteceu - ela falou e bebeu um chá esquisito que estava segurando - Mas ele realmente parou de palhaçada?
- Parou, acho que alguém fez ele percebeu que era babaca e algo mudou - ela riu e me puxou pelo braço para uma loja de lingeries.
Ela ficou olhando durante meia hora os conjuntos e eu acompanhava. Só conseguia pensar em como eu ficaria vestindo isso em quatro ou cinco meses, me dava ansiedade boa e má ao mesmo tempo.
- Você não vai levar nada? - ela perguntou me olhando incrédula.
- Eu nem vou usar mais isso - suspirei e só depois de alguns segundos me toquei que a frase soou estranha e ela me encarava com cara de quem não entendeu nada.
- É que eu não curto - ela continuou com a mesma expressão.
- Tá?! - respondeu desconfiada - Você não usa calcinha e sutiã?
- Ok, me rendo - suspirei - eu não ia contat agora mas tô grávida - falei baixinho.
- É sério? Eu acertei? Você tá grávida - acabou com toda minha discrição enquanto falava algo e me abraçava sem controle nenhum - Meu Deus, Gabi, como?
- Quer um tutorial, amiga? - ri sem graça e ela me bateu de leve no braço.
Ela seguiu me abraçando por pelo menos mais dez minutos e eu só conseguia pensar que se minhas amigas de São Paulo soubessem quem não foram as primeiras (depois da Manu) a saberem, me matariam.
- Mas perai, o que tem a ver a lingerie? - voltou a fazer cara de confusa.
- Meu corpo vai ficar redondo, eu vou usar lingerie de pós 50 anos daqui uns meses - respondi desanimada.
- Eu hein, quando engravidar vou seguir usando minhas roupas normais, as que couberem, né? - pegou mais uma calcinha para levar.
- É, você tá certa - pensei bem e peguei um único conjunto, era azul marinho, sexy mas não tanto, eu amei.
- Eu nem perguntei como seu namorado reagiu - me questionou já na fila do caixa para pagar.
- Não contei - ela levantou as sombracelhas.
- Tô sabendo antes do pai - me encarou - Que estranho, você é estranha as vezes, Gabi.
- Obrigada pela parte que me toca - ri baixinho.
- Mas eu gosto de você, só que é isso né, você precisa contar logo pra ele sobre esse bebê - falou em um tom de aviso/ordem.
- Eu tô afim de contar pra várias pessoas, mas não pra ele porque não sei como fazer isso - fui honesta com ela e comigo mesma.
- Faz o básico, ou uma surpresa, sei lá - sugeriu ansiosa - Só conta pra ele e grava pra eu saber a reação depois - ri e revirei os olhos.
- Vou fazer isso o mais rápido possível - era mais uma autopromessa que qualquer outra coisa.
Depois de mais algum tempo rodando o shopping e da Rafaella juntar algumas sacolas, resolvemos ir embora.
- Quer ir lá pra casa no domingo a noite? Vou fazer uma resenha e vai ter um pessoal bem de boa - assenti e a abracei para nos despedirmos.
- Até, estarei lá, infelizmente completamente sóbria - ela riu, e em seguida foi para seu carro, eu insisti em pedir um uber para não atrapalhar o caminho dela, que era para o outro lado.
Era oficial, eu precisava de um carro, até porque acabava gastando muito de taxi e ficando limitada em algumas ocasiões.
- Preciso de um carro - foi a primeira coisa que disse ao Giorgian, jogado no sofá enquanto eu colocava minha bolsa e sacola no chão.
- Quê? - perguntou sem me entender.
- Carro, vou comprar um carro - repeti e ele assentiu.
- Tabom, eu vou com você assim que quiser - murmurei um agradecimento e comecei a pesquisar alguns modelos no celular.
- Eu já perguntei quando é seu aniversário? - me perguntou em tom curioso.
- Já passou - menti.
- Mentirosa - o olhei e minha risada me entregou de cara.
- Se você inventar de me dar um carro de presente, eu te mato, não faz isso - ele riu e negou com a cabeça.
- Tabom, mas se eu quiser eu dou - o olhei com cara de tédio.
- Eu compro um antes de você fazer essa palhaçada - ele ficou me encarando sem falar nada por uns dois minutos - Que foi?
- Porque você tá tão linda? - senti meu rosto queimar mesmo com toda nossa intimidade e imediatamente associei isso a minha gravidez, meus olhos encheram de lágrimas, mas disfarcei pra ele não notar. Hormônios em ação.
- Porque eu nasci assim - caminhei até ele e o beijei.
Quando ia finalizar o beijo, ele me puxou para seu colo, coloquei uma perna em cada lado de seu corpo e ficamos nos encarando entre vários selinhos.
- Se um dia eu for pai, tomara que seja tão lindo quanto você então - até me arrepiei no momento em que ele disse isso, e eu sabia que era uma deixa muito boa para falar o que eu precisava.
- É - foi a única palavra que saiu quando me propus a falar algo - Tomará, lindo.
Suas mãos foram direto para o decote do top que eu usava e eu fechei meus olhos. Até lembrar do que tinha dito a ele no dia anterior.
- Eu não vou ser fraca assim - tirei suas mãos de onde estavam - Disse que estava em greve e é verdade.
- Droga, achei que tinha esquecido essa mierda - reclamou enquanto eu ria da cara de decepção dele - Você não vai aguentar duas semanas.
- Será? - perguntei o provocando, que me encarou e se jogou para encostar o corpo no sofá - Paga pra ver então, amorzinho.
Me levantei e ele ficou me encarando fixamente.
Fiz toda minha higiene, coloquei um pijama fino, mas de frio, e fui até a cama, Giorgian já estava lá jogado e aparentemente dormindo.- Sai - jogou a perna esquerda em cima do meu corpo - Sai, Giorgian.
- Não me chama assim - reclamou como sempre fazia quando o chamava pelo nome, tirando os momentos de discussão.
- Sai, amorzinho.
- Melhorou.
Seria uma luta enorme, mas eu resistiria com todas minhas forças a esse homem, que propositalmente estava dormindo sem camisa no frio.
- Para com isso, sirena - ele me virou de frente para ele, beijando meu pescoço com aquela barba na minha pele e colocou a mão direita em meu seio, o apertando - Eles tão maiores?
- Sai - tirei suas mãos perto de mim e ri, segunda oportunidade de falar algo ou dar alguma dica perdida. Mas tudo bem, eu tinha tempo.
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Sirena | De Arrascaeta
FanfictionAté onde o amor pode sustentar uma relação? * Conteúdo meramente fictício.