- Mas porque você não me disse que estava insatisfeito, que não me amava mais ou que tinha se interessado por outra pessoa. – Eu falava sentada no sofá e olhando para o chão enquanto sentia as lágrimas pelo rosto.
- Eu tentei te falar, não queria te magoar desse jeito, mas foi difícil amar uma pessoa com tantas inseguranças.
Eu até abri a boca pra dar uma resposta a ele, mas nenhuma frase saiu. Milhares de coisas passaram pela minha mente, mas nenhum som foi emitido. "foi difícil amar uma pessoa com tantas inseguranças". Não sei a parte mais dolorosa, falar dessa forma das inseguranças que tanto me doíam ou usar a palavra no passado. "Foi", sou seja, o amor dele tinha chegado ao fim e o problema nem era esse, mas sim a forma como eu descobri que me quebrou em vários pedacinhos e eu sabia que nunca mais iria juntá-los como antes.
Meu choro fazia meu peito doer. Quando dizem que um coração partido dói é porque realmente dói, a gente algo que foi construído ao longo do tempo com tanta dedicação e amor se despedaçando e machucando absolutamente tudo lá dentro.
- Eu te amei, você era o amor da minha vida – Nem sabia se havia restado algum resquício de voz.
- Eu sinto muito, mesmo – Era desesperador, era cruel. Ninguém merece esse sentimento, ou melhor, esse vazio de sentimento enquanto tudo que doou, foi amor.
Dormi após a praia já que estava cansada e acordei atordoada, coração disparado e sentindo meu corpo todo trêmulo. Isso foi muito bizarro. Levantei da cama num pulo e peguei meu celular, esperei minha mão parar de tremer e liguei para minha melhor amiga (que também é psicóloga e por vezes agradeço por isso, por vezes não).
- E aí, meu amor, tudo bem? – Ela atendeu toda feliz, coitada.
- Não, tô atônita, acordei com uma sensação muito esquisita, meu corpo tremendo e meu coração palpitando, e o pior de tudo isso: porque sonhei com o Victor. – Eu falava com pressa, querendo botar pra fora o mais rápido possível tudo que estava sentindo. – E nem sei se posso chamar de sonho, Luana, o desespero maior é que a cena que se passou na minha e tudo que eu senti são fatos de momentos que realmente aconteceram, e até mesmo algumas frases muito parecidas com a realidade quando descobri que ele estava me traindo, como ele estava me traindo e que era com a Amanda, minha ex melhor amiga.
- Antes de tudo preciso que você respire, se for necessário conta até dez mentalmente, respira pelo nariz e vai se acalmando aos poucos. Desse jeito seu corpo vai voltando ao estado normal – Eu fiz tudo que ela mandou enquanto ela falava comigo e realmente estava tudo ficando como deveria e aquela sensação de pânico foi melhorando aos poucos - Gabi? Amiga? Fala comigo – Ela estava meio desesperada pelo tom de voz.
- Desculpa, eu fiz tudo que mandou - Mas fiquei em silêncio enquanto isso - Não morri, tô aqui.
- Por Deus, mulher, quase me matou de preocupação só pela forma que sua voz e sua respiração estavam. Melhorou mesmo? – Ela perguntou.
- Sim, acho que tô de boa agora. Desculpa mesmo, amiga mas precisava falar com você, isso foi muito esquisito – Eu respondi com a respiração e os batimentos aparentemente normalizados – Será que esse trauma nunca vai passar? Eu não aguento mais, Luana – Fiquei com vontade chorar, troquei taquicardia por tristeza.
- Você sonhou com seu ex-noivo sobre o que aconteceu no término de vocês, coisas que realmente aconteceram, foi isso? – Ela questionou e eu sabia que em breve viria alguma explicação que me deixaria muito pensativa e talvez preocupada. Era sempre assim.
- Sim, foi isso – Respondi num suspiro.
- Cara, um dia você vai me matar de susto com seu desespero, Gabriella – Já ouvi essa frase algumas vezes então só continuei em silêncio – Bom, eu diria de forma superficial que pode ser um sinal de que isso ainda não foi superado totalmente apesar da sua clara evolução neste ponto mas também pode sinalizar que você mesma criou barreiras pra sua vida e elas ainda estão firmes e fortes, e elas estão te machucando.
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Sirena | De Arrascaeta
FanfictionAté onde o amor pode sustentar uma relação? * Conteúdo meramente fictício.