VINTE E UM

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Depois que levantamos, fomos tomar café da manhã e hoje não achei estranho que ele e minha irmã se dessem bem, a sensação foi até boa, até mesmo porque a Manu não gostava do meu ex. Nem eu deveria ter gostado na verdade.

- Manu, depois que voltar compra um celular pra mim? - ela assentiu com a cabeça enquanto comia - Te transfiro o dinheiro.
- Se precisar de algo, me avisa - acho que era a oitava vez que o Giorgian falava isso desde que acordamos.
- Tá tudo certo comigo, fica tranquilo, jogador.
- Já avisou seu chefe? - Manu me perguntou e respondi que sim com a cabeça.

Mandei mensagem para ele pelo Instagram da Manu e por sorte ele viu e me disse para trabalhar de casa por uns dias. Tenho sorte dele ser bem tranquilo.
Giorgian tinha ido ao quarto pegar o celular e a carteira dele, enquanto eu pensava em como me sentia praticamente nua sem o meu.

- Ei - Manu me tirou do meu transe me chamando com um estalo de dedos e falou baixinho - Ele vai te pedir em namoro quando? Ou você dorme com ele ou ele com você, que grude.
- Cala a boca, Manu - bebi outro gole do meu suco e fiquei pensativa sobre o que ela tinha dito - Nem sei se isso chega perto dos planos dele.
- Não faz sentido - fiz um shiu para ela cortar o assunto, até porque ele tava bem próximo da gente e seria chato se ouvisse. Odeio ser taxada de solteira desesperada, além de que não acho que ele vá querer namorar comigo agora, foi tudo muito rápido.

Ele saiu do quarto e se despediu da minha irmã e ela saiu da cozinha depois que seu celular tocou.

- Viajo amanhã por causa do jogo - assenti e continuei olhando para ele - Eu venho te ver assim que conseguir.
- Já falei isso até demais mas muito obrigada por toda a ajuda - ele sentou e arrastou a cadeira fica do frente a frente comigo - Você é especial - coloquei uma mão na lateral do rosto dele e fiz carinho, do jeito que ele costumava fazer comigo.
- Queria poder te ver mais vezes - colocou a mão em cima da minha e ficamos nos encarando.
- Eu não tô reclamando - fui sincera, realmente não ligo para essa rotina doida de jogador de futebol.
- Fico mais tempo do que queria longe da minha família e agora de você também - as vezes ele falava muito rápido e eu tinha que esforçar para entender porque o sotaque ficava bem acentuado, mas dessa vez foi fácil e abri um sorriso.
- Não faz eu me apaixonar por você, Giorgian - falei em tom de brincadeira mas ele ficou sério e levantou uma sombracelha.
- Porque? - ele perguntou e colocou a mão no meu joelho.
- Você quer? - eu fiz outra pergunta ao invés de respondê-lo e ele só levantou as sombracelhas - Eu tenho medo disso - se eu falasse um pouco mais iria chorar e era a última coisa que queria logo cedo, ainda mais na frente dele.
- Me dá só um voto de confiança - ele fez o número um com o dedo indicador e deixou a cabeça pender para o lado.
- O problema sou eu, não você - nossas conversas são estranhamente intensas demais as vezes, e eu suspirei - Eu vou confiar, tá?!
- Tá bom - puxei a gola da camisa dele já que não estava nas melhoras condições de levantar da minha cadeira no momento.
- Te adoro - iniciei um beijo e ele correspondeu no mesmo instante, não aprofundamos tanto porque minha irmã poderia aparecer e porque ele provavelmente já está há muito tempo aqui.
- Preciso ir - sussurrei um "ok" e dei um último selinho nele, que em seguida levantou para ir embora.
(...)

Tirei minha botinha ortopédica na sexta-feira, meu tornozelo estava ótimo e, por estar em casa em homeoffice, consegui falar com minha mãe e minhas amigas quase todos os dias, isso foi ótimo. Eu precisava planejar uma visita a São Paulo o mais rápido possível.
Tinha decidido também que daria uma pequena pausa nos meus rolês, até porque em cada um deles eu me arrependia de algo que fazia.
A Manu estava estranha, meio distante mesmo que perto de mim fisicamente no nosso apartamento. Respeitei o tempo dela e decidi que tentaria conversar sobre isso só depois que percebesse alguma brecha da parte dela.
Era sexta-feira à noite e eu não tinha absolutamente nada para fazer. Falei com o jogador pela última vez ontem de manhã e sabia que ele estava treinando muito, mesmo que fora do CT e super focada para a temporada, não queria ser chata mas queria vê-lo.

"Gabriella: lindo, eu tô com saudade"

Às vezes eu até me surpreendia com a abertura que eu estava dando a mim mesma, nem era sobre ele. Ele estava sendo fofo quase todo o tempo. Não sei o que estávamos construindo mas era bom e me deixava bem e feliz.

"Giorgian: A gente precisa conversar, gabi"

Será que mesmo sem sair de casa as coisas vão dar errado?

"Gabriella: sobre o quê?
Giorgian: Você
Giorgian: E eu
Giorgian: Segunda a noite depois do jogo você consegue?
Gabriella: sim, pode ser
Gabriella: tá tudo bem?
Giorgian: Tudo bem, tô com muita saudade também 🤍'

Isso foi de 8 à 80 em 3 minutos de conversa. Do jeitinho que as coisas costumam rolar na minha vida.

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Notas da Autora

oii pessoal, eu não consegui escrever muito nessa semana porque foi beem corrido 🥲 Vou tentar recompensar nesse fim de semana.
E avisem se estão curtindo a história, além de me motivar, ajuda a entender se tô num rumo legal.

Sirena | De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora