VINTE E QUATRO

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Quando eu percebi que ele ia recuar e se afastar de mim, segurei seus braços para que continuasse com as mãos nos meus ombros.

- Eu tô viajando ou foi realmente um pedido de namoro? - perguntei só por garantia porque o pedido em si não foi verbalizado e ele poderia estar falando de continuar ficando, porém com exclusividade, ou algo do gênero.

- Se você ia dizer não, então não foi um pedido - ficamos sérios mas alguns segundos depois os dois soltaram uma risada.

- Eu não disse que não, só que não sei se tô pronta pra isso, lindo - ele lambeu a própria boca e eu meu olhar e meu pensamento se desviaram, por um momento só queria beijar ele e mais nada.

Me aproximei com os olhos fechados pronta para dar um beijo. Ele segurou firme meu maxilar e afastou sua boca da minha.

- Hora de comer, sirena - susurrei um grunhido em forma de reclamação, ele já tinha saído em direção ao armário e pegou os pratos.

Giorgian serviu os dois pratos enquanto eu observava, parada no mesmo lugar como uma grande idiota.
Ele montou a mesa e eu resolvi me mexer e fui ajudá-lo.

- Eu não tive tempo nem de comprar algo pra gente beber, foi mal, péssima convidada - ele riu e se aproximou enquanto eu ajeitava a mesa

- Tudo bem - ele ficou por trás de mim, puxou meu corpo em direção ao seu e beijou meu pescoço - Você já trouxe a sobremesa.

Encarei ele com a boca aberta e semicerrei os olhos em direção a ele.

- Tarado, muito tarado – fiz sinal negativo com a cabeça e ele fez um bico e foi em direção ao armário, pegando um vinho.

Organizamos tudo na mesa até que de forma bem rápida, nos sentamos e comemos.

- Eu tava morrendo de fome, tá muito bom, sério – falei e ele piscou para mim enquanto mastigava.

Nosso jantar foi bem mais silencioso do que eu imaginava, e eu fico extremamente incomodada com silêncios que deixam o clima um tanto quanto pesado e desconfortável.
Nós terminamos de comer e continuamos sentados, bebendo o vinho e ele mexeu no celular e logo em seguida bloqueou. Eu estava ficando um pouco irritada.

- Olha pra mim – pedi e ele fez isso – Porque uma hora ou outra nosso clima acaba ficando desse jeito?

- Porque as vezes eu não entendo o motivo de você estar comigo – franzi o cenho – Nem sei se tá comigo ou não.

Deixei a possibilidade de ficar magoada de lado, ergui a cabeça e resolvi agir e falar como meu coração mandava, e mais nada.

- Eu sou muito racional – ele levantou as sobrancelhas como se quisesse dizer um grande "eu sei" – E todas as vezes em que eu quero me jogar em alguma situação, acabo pensando mais nas consequências dos meus atos e isso vem na frente da minha real vontade.

- Eu nunca te dei motivos pra não confiar em mim – passei as mãos pelo meu rosto e suspirei.

- Você, não – respondeu de supetão.

- Não posso mudar seu passado e não consigo entender se você me quer no seu futuro ou só prefere evitar o que nem aconteceu.

Ele estava certo e eu não tinha nenhum argumento para rebater as coisas que ele me falava.

- Te quero sim – ele me olhou mas não disse nada – E eu não te disse que não naquela hora do fogão.

- Nem que sim – colocou o cotovelo na mesa e apoiou o rosto em sua mão direita e eu não pude deixar de admirá-lo, já que além de bagunçar minha cabeça falando essas coisas, ainda estava sem camisa.

Me levantei, fui até ele e sentei em seu colo mas sem nenhuma malícia.

- Eu tô cansada das nossas conversas ficarem em looping e não terem nenhum desfecho – ele demorou um pouco mas concordou com a cabeça e colocou as costas na cadeira – Já que você não perguntou de verdade, eu faço isso – levantei do colo dele e estava pronta para me agachar e fazer a fatídica pergunta que eu reclamei que ele não me fez, apesar da conversa.

Quando ele entendeu o que eu faria, soltou uma gargalhada, me puxou pela mão direita e acabei no colo dele de novo.

- Para de graça – Giorgian me puxou meu rosto para mais perto do dele e me beijou, depois me olhou fixamente – Namora comigo?

- Namoro – coloquei minha cabeça no ombro dele e sorri enquanto ele fazia carinho na minha cabeça – No que isso vai dar hein, jogador?

- A gente descobre junto – ele disse bem baixinho no meu ouvido.

Nos beijamos com intensidade durante alguns minutos. Foi nosso primeiro beijo como namorados e posso afirmar que foi o mais calmo e sereno de todos, apesar da vontade.

- Eu tenho uma novidade – falei animada porque queria falar sobre isso com ele desde que descobri – Vou ter um bebezinho na minha família – falei com uma voz doce e ele sorriu mas ao mesmo tempo, me lançou um olhar confuso.

- Você vai ter um bebê? – meu sorriso de desfez e depois de 10 segundos comecei a rir da cara dele.

- Tá doido?! Eu não, né, lindo – ele continuava com uma cara de incógnita – A Manu tá grávida.

- É sério? – ele quase gritou e ficou boquiaberto por uns segundos – Eu pergunto quem é o pai?

- Não, não pergunta – dei uma risada abafada, nem eu conhecia de verdade esse boy, quem dirá ele.

- Ela tá bem? Feliz? – Assenti rápido.

- Sim, mas também muito preocupada e perdida em certos aspectos.

- As coisas se ajeitam – ele afirmou e colocou a mão na minha cintura – E a gente vai ajudar ela também.

Sorri com ele falando "a gente" pela segunda vez hoje.

- Lindo – beijei todo o rosto dele – Posso dormir aqui hoje?

Ele assentiu e eu levantei, olhei em volta e vi a piscina. Ainda estava muito calor e eu usava uma lingerie que poderia mostrar para ele de um jeito diferente do comum.
Ainda bem que coloquei um conjunto bonito, sabia que hoje poderia ser um fracasso, mas havia chances da nossa noite acabar da mesma forma que geralmente acaba quando estávamos juntos.

- Vamos nadar? – levantei do colo dele e o puxei pela mão.

Ele não respondeu e eu pensei que não tivesse gostado da minha ideia, até que simplesmente desabotoou a bermuda e abaixou, ficando só de cueca e eu sorri mordendo o lábio.

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Sirena | De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora