TRINTA E QUATRO

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Três semanas haviam de passado e minha vida parecia estagnada em algumas coisas que eu queria mudar, mas não tive como.

"Gabriella: mas eu preciso muito que isso dê certo, vc não tá entendendo
Manu: Porque precisa sair tão rápido do escritório? O que tá rolando?
Gabriella: não é rápido..tô há semanas enviando currículo atrás de currículo, Manu
Gabriella: seu neném vai nascer e vou continuar sem encontrar
Manu: Para de drama..logo tudo se ajeita"

Suspirei e joguei meu celular ao meu lado, estava cansada daquela situação com meu chefe, minha irmã grávida foi morar com um cara que mal conheço e me abandonou e meu namorado está extremamente estressado com o trabalho dele, o que acaba afetando nosso relacionamento. Tá difícil.
Eu estava no escritório nesse momento, depois de alguns dias de homeoffice já que realmente não me senti muito bem nos últimos dias, mas maximizei a situação para ficar poder ficar na paz do meu apartamento.
Precisei ir até a sala do Eduardo, meu chefe, para alinharmos algumas coisas importante do trabalho.

- Será que a gente pode conversar rapidinho? - perguntei logo após bater na porta e entrar na sala dele.

- Pode ser no almoço? - respirei fundo e vi que não teria saída, assenti com a cabeça forçando um falso sorriso e voltei para minha sala em seguida.

Ele não havia feito nada diretamente para mim, mas continuava me constrangendo com elogios em momentos inapropriados, perguntava sobre meu namoro a cada três dias e me olhava de uma maneira um tanto quanto nojenta. A minha sorte é que ele estava atendendo a muitos clientes ultimamente e me esquecia um pouco.
Até tentei conversar com o Giorgian a respeito do assunto há alguns dias, quando estávamos juntos, mas não deu certo, inclusive, não estamos muito bem depois disso.

03 dias atrás

Estávamos no carro dele indo almoçar em um restaurante que eu queria muito conhecer há um tempinho. Naquele momento senti necessidade de conversar para desabafar sobre a situação no meu trabalho.

- Meu chefe anda sendo muito inconveniente comigo nas últimas semanas, sabia? - perguntei enquanto olhava para suas mãos no volante, uma das minhas cenas favoritas, inclusive.

- Muito trabalho? - ele perguntou e eu neguei com a cabeça.

- Muito trabalho sim, mas não é só isso - ele me olhou rapidamente com o cenhi franzido - Ele fala umas coisas que me incomodam - o encarei esperando que entendesse pelo menos 1% de onde eu queria chegar.

- Porque você não fala logo o que tá acontecendo? - ele perguntou de forma ríspida e completamente impaciente.

- Porque você não vai a merda? Eu não vou te falar mais nada se for pra me tratar desse jeito - ele apertou os dedos no volante e acelerou um pouco o carro - Há dias você tá agindo desse jeito esquisito com todo mundo porque até no telefone com sua família você tá sendo estúpido.

Ele não respondeu nada, apenas continuou dirigindo em silêncio e com todos os sinais de irritação, que com o passar dos segundos fui reparando que diminuiu.

- Tô irritado com o trabalho e não com você nem ninguém - respondeu baixo e passou a mão no cabelo.

- Não tenho nada a ver com isso - o encarei irritada - Posso te ouvir e te ajudar da forma que precisar, mas não posso ser seu saco da pancadas das frustrações do trabalho até mesmo porque nunca fiz isso com você.

- Perdoname mi Amor - ele colocou a mão na minha coxa e fez um carinho de leve - Sei que tô errado e vou parar com isso, você não merece.

- Não, eu não mereço mesmo - quis concluir o assunto para não começar a chorar de raiva/tristeza.

Sirena | De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora