TRINTA E SETE

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Estávamos sentados na recepção dos hospital aguardando a minha senha ser chamada para que eu pudesse ser atendida e tivesse de uma vez por todas a certeza sobre esse possível bebê.
Mexia no celular respondendo várias perguntas do Eduardo sobre o trabalho já que eu nem sei se iria para lá hoje e o avisei sobre isso.
Giorgian seguia exatamente com a mesma carranca que estava ontem ao sair do meu apartamento e hoje no carro ao me trazer até aqui. E, sinceramente, grávida ou não eu sabia que a chance dele terminar nosso relacionamento era enorme. Afinal, ele claramente queria muito ser pai e não fazia o menor esforço para compreender meus motivos de não querer ser mãe. Ele tinha as razões dele e eu as minhas, sabia disso, ninguém estava 100% certo ou errado nessa história. Era tudo muito complexo e delicado e eu não soube lidar com a forma com que me expressei com ele ontem. Tanto que por essa razão, chorei a noite toda, meu olho estava inchado e minhas olheiras terríveis.
Já havia feito o exame de sangue logo que chegamos, agora só nos restava aguardar mais um pouco.

- Você vai voltar a olhar na minha cara algum dia? - perguntei enquanto ele estava com a cabeça encostada na cadeira e de braços cruzados.

- Vou - seguiu exatamente na mesma posição - Mas não agora.

Acho que foi a forma mais delicada de alguém me mandar calar a boca. Mas eu continuei, estava disposta a melhorar pelo menos um pouco da situação.

- Você entende minha situação nessa história, né? - fiz outra pergunta, ignorando o fato dele não querer conversar comigo - Sei que é difícil demais lidar com isso, mas eu preciso que você entenda, pelo menos a parte de eu não querer, tá tudo bem você ficar puto por eu dizer que era um problema só meu, foi errado - pensei rápido sobre ele odiar isso, mas mesmo assim coloquei minha mão em sua barba a acariciei de leve.

- Entendo você - suspirei porque ele ficou um bom tempo em silêncio - Eu nem acho que é um problema, mas se você quer tratar assim, tudo bem, é seu direito, obrigada por ver que eu também posso falar nessa história.

- Você pode muito mais do que falar - meus olhos encheram de lágrimas - Você é meu homem e a gente passou por todas essas coisas juntos nesse tempo - Suspirei, reavaliando minha frase - Ou pelo menos era meu homem.

Ele finalmente se moveu, virou a cabeça de lado e me encarou com os olhos cansados e um sorrisinho querendo surgir em seus lábios. Olhou em direção a minha boca e eu me aproximei, ele selou meus lábios de leve e deitei a cabeça em seu ombro.

- Você é difícil demais, pior que os jogos mais difíceis - ri de sua analogia e senti um frio enorme na barriga assim que vi minha senha no painel - Mas eu tô com você - ele me passou essa segurança na melhor hora possível, levantei primeiro, estendi a mão que ele logo pegou e fomos até o consultório.

- Gabriella Vellasquez? - o médico perguntou e eu assenti, engolindo a seco, esse nervoso tava bizarro de tão grande - Bom, acho que logo de cara nós deveríamos ir direto ao assunto que interessa a vocês, não temos um bebê pra anunciar hoje, infelizmente.

Infelizmente ou felizmente? Nem eu sabia mais, acho que tinha me preparado tanto para um sim que quando o não veio, fiquei meio sem reação, parecia que o mundo a minha volta tinha desligado e eu comecei a viajar nos meus pensamentos.

- Gabi - Giorgian apertou minha mão que segurava desde a sala de espera - Tudo bem?

- Aham, tudo certo - sorri de maneira mais forçada que consegui - Desculpa, eu não ouvi, Doutor.

- Bem, como eu havia dito - ele apontou com uma caneta para meu exame de sangue - Você está com deficiência de várias vitaminas, índices baixos e pelo que eu analisei, provavelmente se trata de anemia, suas plaquetas estão muito abaixo do normal.

Sirena | De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora