O fim de semana passou se arrastando, só porque estava ansiosa e curiosa para a conversa que teria com ele. Planejei mil discursos para quando nos encontrássemos, caso ele falasse que não queria mais ou que estava com alguma outra pessoa. A verdade é que eu sempre espero pelo pior, seja qual for a situação, mas na área amorosa essa sensação se multiplica milhares de vezes. Relacionamentos ruins resultam em insegurança na maior parte das vezes, e agora eu e qualquer pessoa com quem eu me relacione, sofremos com isso. É complicado, mas pode valer muito a pena, e eu espero, com todo meu coração, não sofrer novamente.
Domingo pela manhã, fui caminhar no calçadão, a praia não era tão perto do apartamento mas eu precisava mexer meu tornozelo que estava machucado, só caminhei para não forçar. Assim que entrei, a Manoela estava no sofá da sala abraçando os próprios joelhos e assistindo um programa de culinária que fazia zero o estilo dela. Não entendi nada, e por mais que eu estivesse me esforçando para dar o espaço dela e calar a minha boca, senti que era o momento de ter uma conversa, afinal, ela estava esquisita há dias e eu não fazia a menor ideia do porquê.
- Você tá um pouco esquisita há uns dias já - falei baixo e me aproximei dela, só não sentei no sofá com ela porque estava suada - Quer conversar sobre isso? - perguntei e me senti apreensiva pela resposta ser algo que eu fiz a magoou, era tudo que eu não queria.
- Eu tô normal - olhou para o próprio pé - Só quis ficar na minha esses dias aí.
- Isso não é seu normal - agachei e fiquei de frente para ela - Deixa eu ajudar, seja lá o que for - ela não respondeu então prossegui - Sempre foi assim, eu sempre estive aqui pra você, odeio e me machuca te ver mal.
Manu parou de olhar para baixo e me encarou com os olhos marejados, quase iniciando um choro e eu fiquei mais preocupada ainda.
- Por favor - segurei na mão esquerda dela - Me fala porque você tá desse jeito.
- Eu só faço merda - a primeira lágrima escorreu - O tempo todo, sempre.
Ela pegou o celular que estava jogado no sofá ao seu lado e eu fiquei esperando ela me mostrar algo que justificasse aquilo. Eu tava completamente perdida nessa história.
- Eu - começou a falar mas só chorou mais, eu estendi a mão para ela me entregar seja o que fosse que estava no celular.
Assim que peguei no aparelho vi a foto de um teste de gravidez, desses mais simples de farmácia. Eu fiz esse teste umas três vezes na vida e sei muito bem o que dois risquinhos vermelhos significam.
Segundos depois que vi a foto apareceu o nome do Giorgian na tela do meu celular indicando três mensagens não lidas. Bloqueei novamente e voltei minha atenção a minha irmã.
- Você tá grávida do garoto que conheceu na praia há umas semanas atrás? - eu perguntei muito mais calma do que eu acho que deveria estar.
Geralmente, eu situações delicadas, como essa, eu consigo manter a linha de raciocínio livre de emoções e ajo de forma prática. Em compensação, alguns acontecimentos bem menores me desestabilizam imediatamente.
- Tô? - ela me respondeu em tom de pergunta.
- Você tá me perguntando sobre o pai do seu filho, Manu? - me exaltei um pouco mas sei que preciso manter a calma se não ela vai perder o controle.
- Não briga comigo agora, por favor - fiquei encarando ela perdida e tentando pensar no que faríamos - Só pode ser dele.
- Você já começou o pré-natal? - ela negou com a cabeça e chorou mais - Ele sabe que vai ser pai? - ela assentiu e levantou os ombros.
- Ele disse que vai pagar o que for necessário se realmente for dele e parou de falar comigo - ela disse olhando para um ponto fixo e de repente as lágrimas secaram e o olhar dela ficou vazio - Contei pra mamãe também, ela disse que eu deveria voltar pra São Paulo.
![](https://img.wattpad.com/cover/296332553-288-k310966.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sirena | De Arrascaeta
FanfictionAté onde o amor pode sustentar uma relação? * Conteúdo meramente fictício.