VINTE E SEIS

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Depois de um bom tempo chorando e olhando para o céu, começou a chuviscar e eu não queria entrar depois do que tinha rolado. E para ajudar, agora minhas roupas ficariam mais molhadas ainda. Ótimo.

- Ei – olhei para trás e o Giorgian me chamou e fez sinal com as mãos para que eu entrasse.

Neguei com a cabeça e vi que ele colocou as mãos na cintura como se estivesse sem paciência.

- Gabriella – acho que ele nunca tinha me chamado pelo nome completo até hoje – Você vai ficar doente, vem logo.

Continuei parada no mesmo lugar tomando chuva e sem perspectiva nenhuma do que eu deveria ou queria fazer naquele momento até que vi uma mão estendida ao meu lado.

- Por favor? – continuei imóvel e então ele, de repente, passou os braços por baixo das minhas pernas e eu percebi que ele queria me pegar no colo e na mesma hora bati nos braços dele e me levantei sozinha.

- Tô indo – peguei minha roupa e sai andando para dentro da casa dele.

A chuva ficou um pouco mais forte e ele fechou todas as janelas enquanto eu fiquei paralisada olhando os movimentos dele.

- Quer uma roupa minha enquanto essa seca? – ele perguntou apontando para a roupa das minhas mãos.

- Quero ir embora logo – respondi irritada e me segurando para nenhuma lágrima cair, seja de raiva ou de decepção pelo o que ele tinha falado mais cedo.

- Você que começou – respondeu baixo e sem expressão alguma.

- Eu falei a verdade – alterei meu tom de voz, coisa que inicialmente não queria fazer – A gente não tinha nada sério, até um tempo atrás você postou fotinha abraçado com uma garota que me confessou que ficou – ele me olhava sério e irritantemente calmo – Eu não sei com quem você ficava, se usava alguma proteção ou não, eu simplesmente não sei.

- Você confia pelo menos um pouco em mim? – era difícil a gente chegar em um consenso nas discussões.

- Precisa perguntar? Claro que confio – passei a mão pelo rosto e suspirei – Eu falei aquilo porque a gente precisa se proteger, não era pra te ofender, Giorgian, mas você falou o que falou com maldade só pra me afetar – ele olhou para baixo e depois para mim novamente.

- É mentira? – neguei com a cabeça.

- Mas eu jamais faria sem camisinha sem confiar ou sem estar apaixonada – me irritei de novo – Aquilo não significou nada e você vive voltando nesse assunto, você lembra mais disso do que eu mesma – era a verdade, ele já falou mais de uma vez sobre isso.

- Desculpa? Fiquei bravo porque não saio por aí transando feito maluco, muito menos sem me cuidar – assenti e abracei minha própria barriga, já que ainda estava de calcinha e sutiã e comecei a sentir frio – Mas você era solteira.

Ia demorar um pouco até cair a ficha de que era solteira, não sou mais.

- Não fala mais disso, por favor – ele respondeu um "tudo bem" e me olhou da cabeça aos pés.

- Você precisa tomar banho – ele pegou minha mão e  me levou até sua suíte, me deu uma toalha e eu fui para o banheiro.
(...)

A gente não ficou no melhor clima do mundo durante a noite, depois que acordamos, nos arrumamos e tomamos café da manhã mais quietos que o normal.

No carro, ele seguiu em silêncio e assim que chegamos e ele estacionou, dei um beijo rápido nele e antes que eu fosse para trás ele segurou minha cintura.

- Linda – dei um outro selinho mais prolongado nele – Não quero discutir mais por coisas assim.

- Primeira noite namorando igual primeira DR de casal – rimos, mas eu tinha total ciência que se continuássemos assim, essa relação seria desgastante ao máximo – Vamos fazer de tudo pra evitar essas coisas, combinado?

- Combinado – demos outro beijo, o que deixou aquele momento meloso ao máximo e eu sorri pensando nisso.

- Eu vou pra São Paulo daqui umas duas semanas, foi quando consegui passagem de avião – ele assentiu e mordeu os lábios – Será que você consegue ir?

Ele abriu um sorriso e assentiu com a cabeça.

- Como estamos na temporada, eu consigo ir por um dia e voltar se não for próximo a algum jogo – ele respondeu e eu me afastei me ajeitando no meu banco.

- Claro, eu sei – encarei aquele rostinho lindo mais uma vez, olhei o horário e vi que precisava ir logo para o escritório – Tchau, lindo, a gente não pode se atrasar!

Demos o trigésimo beijo dessa manhã e eu sai em direção ao escritório. Assim que entrei, arrumei toda minha rotina de compromissos do dia, fiz duas audiências e uma delas foi bem complicada. Na hora do almoço, eu ainda estava com algumas pendências e, de repente, meu chefe bateu na minha sala e entrou.

- E aí, Gabi – abriu um sorriso e eu fiz o mesmo mas sem nenhuma empolgação – Vamos almoçar juntos hoje?

Que saco.

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Sirena | De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora