NOVE

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Comecei a encarar o chão sem saber como agir, nesse momento acho que até o álcool do meu corpo estava sumindo levando em consideração o quão nervosa estava.

De imediato pensei que poderia mandar mensagem para a Manu me salvar e logo em seguida lembrei que ela foi para a casa de alguém que desconheço e meu único plano possível tinha ido por água abaixo.

Não tinha como minha noite estar terminando de um jeito pior. Tudo que queria era desaparecer em questão de segundos.

O Xamã e o jogador estavam conversando ainda muito entusiasmados enquanto eu vestia a jaqueta que o Giorgian me emprestou bem devagar para tentar raciocinar. Resolvi trazer meu lado mais racional à tona: Devia alguma coisa ao Giorgian? Não. Devia alguma coisa ao Xamã? Muito menos. O uruguaio ficaria com raiva de mim e talvez não quisesse mais olhar na minha cara? Sim, e era isso que me afligia de uma forma que nem entendi direito.

Giorgian estava ao meu lado, muito perto, por sinal.

- Você tava aqui a noite toda? – Questionei com a voz muito baixa e rouca, mas ele entendeu.

- Sim, na verdade chegamos faz umas duas horas, viemos de outra festa – Ele apontou para o Gabriel, indicando que era a companhia – E você? Gostou mesmo desse lugar né?! – Me encarou e eu nem imagino qual expressão estava estampada na minha cara, meu nervosismo era explícito.

- Pois é, acabei vindo de novo – Eu não sei se ele já tinha notado qual era a minha companhia, mas seria melhor eu falar logo – Com ele – Indiquei com a cabeça o lugar onde os dois ainda conversavam e Giogian me encarou sem expressão nenhuma – Na verdade vim com minha irmã e...

- E vai passar a noite com ele – Fez o mesmo gesto que eu com a cabeça apontando para a conversa ao lado interrompendo minha fala.

- Na verdade, não – Detesto que me interrompam e fechei a cara enquanto ainda olhava na direção dele.

- Eu vi vocês abraçados – E ainda me deu a jaqueta dele? Estranho – Ofereci ela pra você não congelar – Olhou para a própria jaqueta em meu corpo.

- Agradeço, estamos esperando o carro dele para eu ir pra minha casa e ele pra dele – Sorri levemente e pensei novamente em porque eu queria me explicar tanto sobre a situação. Em circunstancias assim com meus ficantes, eu jamais ficaria dessa forma, acho que eram os drinks. – Me viu lá dentro?

- Eu não – Olhou em direção à rua – Curti minha noite também – Continuei encarando-o e juntei minhas sobrancelhas tentando entender por que ele disse aquilo daquela forma mesmo que no fundo eu já soubesse.

- Tá. Legal pra você – Finalizei aquela conversando extremamente estranha e desconfortável.

Vi o chofer saindo de um carro e entregando as chaves para o Xamã, muito provavelmente o carro dele tinha chego, no fundo tinha ficado aliviada por finalmente poder ir embora. Xamã e Gabriel vieram sorridentes caminhando em direção a nós.

- Gabi, seu xará convidou a gente pra fazer uma resenha na casa dele agora – Jamais – Vai ser tranquilo, vamos? Podemos voltar de manhã.

-  Tem mais gente lá, mais mulher também, não teria que aguentar nós três não – Gabriel falou me olhando e minha cara devia estar péssima, não sou nada boa em disfarçar o que sinto, fica totalmente claro pela minha cara.

- Gente, eu agradeço muito o convite, mas tô muito cansada e prefiro ir pra casa hoje – Zero condições de aceitar esse convite por óbvias razões, além de que, eu realmente tô muito cansada e quero minha cama.

- Mesmo? – Xamã me olhou com os olhinhos do gato do Shrek e eu assenti várias vezes com a cabeça.

- Pô Gabi, a gente se fala outro dia então por que seria tarde pra colar lá, vou deixar ela em casa e partir pra minha – Falou com o Gabriel enquanto eu batia o pé ansiosa pra sair daquela rodinha de conversa que nunca deveria ter começado comigo inclusa. Vi de relance que o Giorgian coçou a cabeça e bateu os braços ao lado de seu corpo. Eu hein.

Sirena | De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora