Logo que entramos, fui atendida em questão de minutos, até por conta do que narrei na recepção. E isso me deixou um pouco receosa e desastabilizada, sinto essa dor desde o início da gravidez, a Manu chegou a pedir que eu fosse ao médico quando a sentisse, mas eu ignorei por achar a situação normal e agora, a essa altura, tudo isso estava me assustando.
E, por incrível que pareça, enquanto tudo isso passava pela minha cabeça, o pai do meu bebê voltou a mexer em seu celular enquanto aguardávamos na recepção. No momento apenas me concentrei em melhorar naquele dor e resolvi ignorar tudo aquilo.
Depois que o médico nos chamou, fiz alguns exames rápidos e teríamos que aguardar por mais alguns instantes para que fosse possível ter algum diagnóstico. Minha mãe entrou em uma ligação e ficou no final do corredor em que estávamos, eu aproveitei o momento para falar com ele.- Vida, o que tá acontecendo? - o questionei com a voz baixa e abracei seu corpo, me aproximando.
- Nada, meu amor, nada - suspirei e senti sua mão na minha cintura.
- Você não é de ficar mexendo no celular quando estamos juntos, você mal liga pra isso - ele olhou para o teto, fazendo minha calma começar a desaparecer.
- Mas não é ninguém importante, eu só tô entediado e aí mexo - deu de ombros e eu coloquei minhas duas mãos em seu rosto, ficando bem próxima da sua boca.
- Se você tá entediado no dia em que minha sobrinha nasce e eu preciso vir ao hospital porque tô com uma dor que não faço ideia do que pode ser, é melhor a gente terminar agora porque essa relação não faz mais sentido nenhum pra nós - ele me olhou assustado e tirou minhas mãos de seu rosto.
- Para com isso, Gabi - pediu com o tom de voz um pouco mais alto que antes, pelo menos agora eu tinha sua atenção - Desde aquele dia no quarto você tá falando coisas sem sentido pra mim.
- Eu não sei mais se são tão sem sentido assim - me afastei de seu corpo e neguei com a cabeça diante daquela situação.
- Eu não fui para o jogo - virou o celular com WhatsApp aberto na minha direção e eu olhei as conversas, a única com uma mulher era com a mãe dele e uma outra com uma tal de Alice, que ele já tinha colocado como uma amiga em outra conversa nossa - Por não ter ido tô me sentindo uma merda e conversando com os caras.
Me senti idiota? Sim. A tal da Alice me incomodava muito? Também. Eu queria perder minha razão? Óbvio que não, mas também não queria brigar.
- Você devia explicar as coisas em uma das quinze vezes que eu pergunto se tá tudo bem então - resmunguei.
- Você sabe como eu fico quando as coisas não saem como eu quero no meu trabalho - assenti com os braços cruzados - Não gosto de ficar falando, sempre fico quieto e aí você começa a falar que é melhor a gente terminar, por díos.
- Você falou que tava entediado em um dia como o de hoje, queria que eu pensasse o que? Que você tá pouco se importando comigo e com a Catarina - desabafei.
- Eu não podia entrar pra ver ela e já tinha dito pra gente vir ao hospital ver o que você tem - o rosto dele estava um pouco vermelho e isso indicava que estava muito irritado.
- Se você não me fala o mínimo, eu não consigo adivinhar e aí começo a pensar coisas que não são a realidade, que saco - agora minha cabeça também doía, eu não aguentava mais essas nossas discussões que sempre pareciam completa loucura da minha cabeça, mas eu sabia que eram resultado da nossa comunicação falha.
- A gente precisa parar de brigar por conta dessas coisas - ele falou com a voz mais calma e eu concordei com a cabeça.
- Eu já disse que nossa comunicação tá ruim, isso não pode acontecer mais - ele se rendeu e colocou o braço em volta da minha cintura e eu retribui o abraço.
- Amo você - ele falou no meu ouvido.
- Também amo você - o apertei em nosso abraço e dei um selinho em seus lábios - O que essa Alice tanto quer com você agora?
- Ela é fisioterapeuta do CT e estamos falando sobre minha dor na lombar - era tudo que eu queria.
- Ah que ótimo, ela vai ver meu homem quase todos os dias - falei mais para mim do que para ele, que acabou ouvindo e rindo baixinho de mim - Não ri de mim.
- Meu filho tá deixando você maluca - colocou a mão direita na minha barriga e acariciou.
- Quem me deixa maluca é você, uruguaio, só você - quando ele ia responder, o médico chamou pelo meu nome e minha mãe andou até onde estávamos rapidamente para nos acompanhar até a sala.
A avaliação do médico e tudo que ouvi já era mais do que esperado diante da situação que estava vivendo ultimamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sirena | De Arrascaeta
FanfictionAté onde o amor pode sustentar uma relação? * Conteúdo meramente fictício.