i still couldn't reach your ego 2: depois do fim - Jaden Hossler

Capítulo 79

Foi insuportável. Tudo aquilo foi tão difícil que eu sentia o meu corpo anestesiado no caminho de volta pra casa.

- Está se sentindo bem?
- Sim.
- Deixa eu ver o seu rosto.

Ele segura o meu queixo e me faz virar completamente para ele.

- Está doendo?
- Eu estou bem, Jaden.

Eu continuaria negando à cada pergunta dele, era o que eu fazia quando estava machucada e ele sabia. Por isso, continuava perguntando.

- Eu perguntei se está doendo, Rachel.
- Não, eu falei que estou bem!

Ajeito o meu corpo no banco novamente e fico olhando o movimento pela janela.

Os meus pensamentos não paravam, mais uma vez. Eu estava tão triste que sentia o meu corpo pesar o suficiente ao pronto de ficar imóvel.

No reflexo no vidro, eu podia ver o meu rosto marcado e a minha boca inchada com sangue seco no canto direito do lábio inferior. Sinto o meu estômago revirar e os meus pelos arrepiarem como se eu fosse vomitar naquele instante. Mais uma vez, respiro alto na intenção de me acalmar sozinha focando unicamente no som da minha respiração e, mais uma vez, a tentativa foi completamente falha.

- Passarinho...
- Eu estou bem!

Tento deixar o cabelo no rosto para que ele não me visse derreter em lágrimas, mas ele podia me ver pelo reflexo do vidro. Ele via, em silêncio, as lágrimas escorrendo pelo meu tosto e molhando as minhas roupas.

Subitamente, ele bate forte as palmas das mãos no volante me assustando com o barulho. Ele tenta tirar o cabelo do meu rosto para me olhar, mas eu me esquivo e viro o rosto fazendo ele parar, imediatamente, no encostamento.

- Eu sempre estarei esperando pra ouvir você falar sobre os seus sentimentos, mas eu sei que isso pode ser terrivelmente doloroso pra você agora. Então, se você não quiser falar e quiser apenas chorar, por mais que meu sangue queime por inteiro, eu vou aceitar a sua decisão.

Coloco as mãos no rosto e subo as pernas para perto do meu corpo abraçando as mesmas. Eu choro alto enquanto ele olhando para mim em silêncio absoluto. Eu sentia o meu corpo flutuar como se eu não estivesse mais ali, mas volto rapidamente à realidade quando ouço ele fungar.

- Eu só quero que você lembre que eu estou aqui por você. Eu sempre estarei aqui por você e com você.

Volto a olhar para janela enquanto seco o meu rosto com as mangas do moletom que eu estava vestindo. Pelo reflexo, vejo o seu olhar de dor em cima de mim.

- Você acha que a minha mãe se arrepende da forma que me tratou? Você acha que... - olho para ele com os olhos inchados - Que ela pode me amar algum dia?
- É o que você quer?

Respiro fundo na tentativa de segurar as lágrimas dentro de mim. Sinto o meu peito doer e, prontamente, elas escorrem depressa dos meus olhos mais uma vez.

- Uhum... - respondo afirmando com a cabeça.

A dor de não ser amada por eles era estranha. Tem dias que eu sinto tanta raiva que não ligaria se eles aparecessem mortos, mas tem dias que tudo que eu sinto o meu peito doer tanto ao ponto de me travar por inteira.

- Eu quero que você guarde o que eu vou falar agora.

Ele segura o meu rosto e, com os polegares, impede que as lágrimas continuem escorrendo.

- A culpa nunca foi sua. Definitivamente, não foi algo que você fez ou que deixou de fazer. O problema está unicamente neles, meu amor. Talvez, eles nunca tenham presenciado o amor da forma que nós presenciamos e eles não sabem como amar você. Você vai sentir muita falta deles, eu sei disso, mas eu estarei aqui para amenizar a sua dor. Ou, provavelmente, sentir ela com você. Eu não posso fazer os outros amarem você, mas eu posso afirmar que amarei você até depois do fim. Eu vou amar e proteger você nessa e nas outras vidas. Se eu fosse capaz, eu juro por Deus que obrigaria todos a amarem e respeitarem você. Eu juro que cometeria qualquer crime se me dessem a garantia de que você seria amada.

Sempre me disseram que a droga passa uma sensação temporária de conforto. Sempre me ensinaram que álcool viciava. Mas ninguém, absolutamente ninguém, me falou sobre ele. Ninguém me falou sobre como as palavras que saiam de sua boca eram como músicas e poderiam anestesiar todo o meu corpo em segundos.

- E tem quem ouse falar que você não me ama. - sorrio - Obrigada por todas as coisas que você faz por mim, são todas essas coisas que me fazem lembrar diariamente porquê eu me apaixonei por você.

Os seus olhos lacrimejam, mais uma vez, à medida em que sorri olhando no fundo dos meus olhos.

- Eu sinto tanto que você tenha que passar por tantas coisas ruins.
- Eu vou ficar bem. Eu sempre fico bem porque eu tenho você, entendeu? É por você que eu ainda estou aqui.

Imediatamente, ele segura o meu rosto mais forte e me beija como se estivesse sugando toda dor de mim.

- Eu sempre amarei você! - sussurra em meu ouvido.
- Pra sempre?
- Até depois do fim. - sorri - Vamos voltar pra nossa casa agora, meu amor.

O meu olhar fica preso nele durante todo o caminho de volta para casa. Na minha cabeça, eu só conseguia pensar no quanto eu o amava e estava presa nele pra sempre.