Capítulo 10

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Os dias eram massacrantes desde que eu acordei. Algo, dentro de mim, doía o tempo inteiro e eu não descobria o que era. Se eu lembrasse como era sentir saudade, provavelmente falaria que esse é o sentimento.

Aparentemente, eu não gostava tanto da minha casa quanto eu pensava e o meu único refúgio era deitar telhado em frente à janela do meu quarto para ver as estrelas.

- Você tem uma visita. - diz minha mãe se aproximando da janela acompanhada do Noah - Vou deixar vocês sozinhos.

Ele se aproxima aos poucos e senta o mais próximo possível de mim.

- Eu liguei pra você perguntando se poderia vir e acho que o seu pai atendeu.
- Eu não ouvi o telefone de casa tocando hoje.
- Eu liguei para o seu celular.
- Eu acho que não tenho um.
- Ah... acho que eu liguei errado.
- Isso não faz sentido.
- Você lembrou de mais alguma coisa? - pergunta mudando de assunto.
- Não. - olho para ele - Você pode me responder uma coisa?
- O que?
- Eu gostava de você?
- Você acha que gostava?
- Eu não sei.
- Você quer descobrir?
- Como?

Ele me beijou antes que eu pudesse ter alguma reação.

O beijo dele não me causou sentimento algum além de culpa, era como se eu estivesse cometendo um pecado imperdoável, mas talvez eu só estivesse complicando as coisas. Eu era difícil de lidar, como a minha mãe falava.

- O que você acha? - ele pergunta após se afastar.
- Talvez eu goste.

Eu precisava de algo para preencher o vazio e a dor que eu sentia no meu peito o tempo inteiro. Eu precisava de alguém que me tirasse de casa e eu usei ele para isso.

- Posso beijar você de novo?
- Você se importa em ir embora? Eu preciso organizar algumas coisas.
- Você quer que eu vá embora? - pergunta confuso.
- Por favor.
- Você é estranha. - diz voltando para o quarto e sumindo ao sair dele.

Espero para ter certeza de que Noah não estava mais na minha casa e invado o quarto dos meus pais na intenção de encontrar algum celular.

- Está tudo bem? - pergunta o meu pai parado na porta - Procura por alguma coisa?
- Eu estava... - pego um colar de ouro que estava no armário - Eu estava procurando o colar da mamãe que eu gostava.
- Ah... - ele ri - Toma cuidado com ele.
- Eu vou tomar, mas não fala nada pra ela. - digo colocando o colar.
- Eu não vou me meter nas brigas de vocês.
- Valeu. - digo indo para o meu quarto.

Eu realmente não conseguia parar de pensar nesse celular. Eu não sabia se ele estava escondido em algum lugar ou eu perdi quando tudo aconteceu.

De volta para o telhado, olhando as estrelas, ouço barulhos de passos próximos a casa e consigo ouvir uma conversa sussurrada.

- É aqui?
- Você falou que sabia onde era.
- Mas eu sei, joga a pedra.
- Mas e se não for aqui?
- É aqui.
- Você nem tem certeza.
- Joga logo. Se não for aqui, a gente corre.
- Eu vou matar você se a gente se der mal. - diz jogando a pedra no telhado.

Eu não estava entendendo o que estava acontecendo e me mantive em silêncio, até a maldita pedra acertar a minha cabeça.

- Que merda vocês estão fazendo? - pergunto passando a mão onde a pedra atingiu.
- Você acertou a cabeça dela, Blake.
- Não começa, Addison. Como eu ia saber que ela estava no telhado?

Fico parada em pé segurando o riso enquanto eles discutiam pelas coisas mais bobas existentes.

- Vocês não vão me falar quem são vocês? - pergunto.
- Eu sou a Addison e ele é o Blake. - ela respondeu.
- O que vocês querem aqui?
- Viemos ver você.
- Nós éramos amigos?
- Nós somos amigos. - disse ele.
- Eu não lembro de vocês.
- Tudo bem, nós vamos ajudar você a lembrar.
- Como?
- Você pode vir com a gente?
- Eu não posso sair, os meus pais não deixam por causa do acidente.
- Eles estão dormindo?
- Sim.
- Prometemos trazer você de volta antes do nascer do sol.
- Eu não sei se deveria sair agora.
- Vai ser rápido, a gente promete.
- Só queremos que tudo volte ao normal.

Não foi tão difícil me convencer, eu também queria descobrir quem eles eram.

- Tem uma escada aí do lado, não tem?
- Tem.
- Pega ela e coloca aqui. - aponto.
- Tá legal.

Desço as escadas e fico olhando para eles, eles estavam com sorrisos estampados no rosto e eu não entendia ao certo o que seus olhos diziam.

- Pra onde nós vamos?
- Você vai ver.

i still couldn't reach your ego 2: depois do fim - Jaden HosslerOnde histórias criam vida. Descubra agora