Capítulo 25

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Jaden voltou com algumas roupas enquanto esperávamos e sujávamos a sala branca de sangue.

- Quantos banheiros têm aqui? - perguntou Cooper.
- Vários.
- Acho melhor vocês se dividirem e tomarem banho rápido pra parar de sujar tudo.
- Alguém vai ter que limpar o chão. - Bryce.
- Eu limpo, mas vão logo. - Addison.

A casa era imensa e, tirando Jaden e eu, todos foram para lados opostos.

Entramos no banheiro e ele senta no vaso enquanto eu procuro algo para limpar o rosto dele. Por sorte, tinham algumas gazes e soro no banheiro. Tirando os medicamentos.

- Como você está? - paro em frente à ele - Eu vou ter que limpar isso.
- Eu estou com você.
- Eu sinto muito por fazer você me salvar o tempo todo.
- A culpa não é sua.
- É. - molho a gaze com soro - É sim.

Passo a gaze levemente por volta do olho dele e vejo ele fechar os olhos com expressão de dor sempre que chegava perto do corte.

- Você pode me dizer se estiver doendo.
- Não está doendo.

Era óbvio que estava doendo, mas ele nunca me falaria. Ele gostava que eu cuidasse dele ou que, talvez, eu não me culpasse tanto.

- Nós vamos ter que ir pra algum hospital.
- Como? A gente não pode.
- Sim, a gente pode. Eu não me importo em denunciar eles.
- Eles são os seus pais, eu não vou fazer isso com você.
- Você lembra quando a sua mãe fez aquilo comigo? Você falou que não se importava com ela, só comigo.
- E, mesmo assim, você não quis denunciar ela. Eu não vou denunciar os seus pais agora, entendeu?
- Você não pode me impedir se eu quiser fazer isso.

Ele fica em silêncio.

Limpo o resto do rosto dele com água e sabão e seco levemente com a toalha. Prendo uma gaze com esparadrapo em cima do corte, até decidirmos o que fazer, para que não entrasse nenhuma sujidade.

Parada em frente a pia, tento retirar a toalha amarrada na minha mão. Eu estava com ela há tanto tempo que o sangue tinha grudado, o que doía só de tocar.

- Eu ajudo você.

Ele liga a torneira na água morna e coloca a minha mão em baixo da água corrente.

- Está doendo? - ele pergunta. Afirma com a cabeça.

A expressão em seu rosto me causava confusão. Ele parecia irritado, mas ainda com pena.

- Você está irritado comigo?
- Com você não. - olha para mim - Comigo. - desvia o olhar novamente.
- Por quê?
- Porque eu prometi cuidar de você e algo sempre acaba acontecendo com você. Essa era a única coisa que eu deveria fazer direito.
- Mas você cuida de mim. Se não fosse por você, talvez eu estivesse presa ainda.
- Se não fosse por mim, você nem seria presa. Você não teria... - para de falar.
- Atirado na minha cabeça?

Ele olha sério no fundo dos meus olhos e desvia o olhar para a minha mão novamente. Desenrola a toalha e começa a tirar aos poucos.

- Você não atirou na sua cabeça.
- Eu atirei.
- Não atirou.
- O tiro não pegou porque você me empurrou, mas eu atirei.
- Não atirou.
- Por que você não aceita?
- O que eu preciso aceitar?
- Aceita que eu ia desistir de novo. Eu sempre fui covarde, sempre tive medo de tudo, e ia desistir mais uma vez.
- Por que você fica se chamando de convarde?
- Porque eu sinto medo o tempo inteiro. Eu sinto tanto medo que eu fiz o que fiz várias vezes.
- Eu não vejo você assim.
- Eu sou problemática.
- Eu causei isso em você.
- Eu sempre fui um caso perdido.
- Se você é um caso perdido, o que eu era? Eu não era nada até você me amar. - desliga a torneira - Você esqueceu que eu só estou aqui agora porque você me amou? Você é tudo que eu tenho e eu vou fazer qualquer merda pra que você fique bem de novo.
- E se você não conseguir? Isso pode acontecer de novo. - olho para ele - E se eu desistir de novo?
- Eu vou estar aqui pra salvar você.
- Você não sente raiva pelo que eu fiz antes do acidente? Eu menti pra você. Por que você não me odeia?
- Você me odeia?
- Eu não poderia.
- Eu fiz você sofrer tanto que nem posso contar nos dedos e você me perdoou todas as vezes.
- Você não fez.
- Eu sei o que eu fiz com você, meu amor. - me faz olhar para ele - Eu ainda não entendi porque você fez o que fez, mas eu amo você o suficiente pra não ficar mais nenhum segundo longe por uma mentira tão pequena perto de toda essa imensidão que ainda podemos ter. Eu prometi à você que seria pra sempre e acho que esse é o meu delito: eu prometi e agora tudo vai fazer eu pagar. Você é a única no mundo com quem eu me importo, nada vai acontecer com você enquanto eu estiver aqui.

A minha primeira reação, como sempre, foi beijá-lo. Todas as vezes que o meu lábio encosta no dele, eu percebo o quanto sinto falta disso o tempo inteiro.

- Eu senti sua falta. - digo.
- Ninguém vai nos separar de novo.
- Eu amo você.
- Pra sempre? - sorri.
- Sim. - sorrio - Pra sempre.

Ele tenta tirar a toalha de novo, mas para todas as vezes em que eu demonstro sentir um pingo de dor.

- Você vai ter que acabar com isso de uma vez.
- Eu não quero machucar você.
- Você precisa.
- Eu não consigo machucar você.
- Você não vai me machucar. Alguém vai ter que fazer isso de qualquer jeito e eu prefiro que seja você, tudo bem?
- Eu não sei.
- Por favor, meu amor. - beijo ele - Você consegue, tudo bem?

Coloco uma toalha na boca e viro o rosto para o lado contrário do que a minha mão estava.

- Pode ir. - digo com a toalha na boca.
- Eu sinto muito.

Ele termina de falar e puxa a toalha rapidamente. Eu gritei e chorei tão alto que a outra toalha na minha boca não foi o suficiente para o som ficar abafado.

- Desculpa. - diz me puxando para perto e me abraçando no mesmo instante.

O sangramento estava intenso novamente, mas deixei a água do chuveiro fazer com que parasse.

i still couldn't reach your ego 2: depois do fim - Jaden HosslerOnde histórias criam vida. Descubra agora