Capítulo Seis - Nova Versão!

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[Hall Endres]

Era um enorme hotel com uma enorme piscina e enorme árvores. Talvez "enorme" se encaixe bem em tudo o que foi apresentado aos meus olhos assim que desci do carro. Minhas pernas estavam feitas da mesma textura de gelatina e, a cada passo meu, elas tremiam. Pior ainda, Diego mantinha sua mão nas minhas costas, me incentivando a sempre ir para frente. Com ele. À recepção, eu me senti deslocado mais do que o normal. Deve existir um limite para o quanto uma pessoa deva se sentir deslocado, como ir à casa dos amigos ou ir a uma empresa fazer uma entrevista. Há certo nível de desconforto. Mas aqui... Sinto que posso me quebrar de tão tenso que estou. Gostaria de poder respirar corretamente, mas até mesmo respirar me deixava apreensivo. E se minha respiração chamasse a atenção daquelas pessoas? E se fosse ruidosa demais?

Milhões de interrogações surgiram na minha cabeça.

Diego Laurent espantou a todas apenas colocando — de novo — sua enorme mão nas minhas costas. Eu não queria que ele me tocasse por dois motivos: a) eu não o conhecia e b) eu me sentia sujo demais.

Se meu cheiro tivesse cor, seria como aquele verde-vômito das revistinhas da Turma da Mônica. Eu seria o Cascão. Sinto-me enrubescer quando paramos e vi o pesadelo que estava prestes a enfrentar.

Como não pensei que iriamos de elevador?

Aquelas portas metálicas fizeram um som que me fizeram arrepiar (plim!) e eu percebi que estava vazio. Meus pés me deixaram plantado no corredor enquanto Diego segurava a porta. Seu olhar queria dizer Vem logo enquanto o meu poderia ser algo mais Vou acabar desmaiando aqui mesmo. Então ele me puxou. Literalmente. A mão que segurava a porta agarrou meu braço com violência e me puxou para dentro, e eu já sou atrapalhado o suficiente sem isso. Acabei tropeçando em meus próprios pés e a porta (Plim!) fechou. Eu estava nos braços dele. Literalmente.

Meu Deus, meu Deus... Esse é o perfume dele? É maravilhoso.

Afastei-me imediatamente.

— Tudo bem? — Perguntou ele, o rastro de um sorriso que tentava com todas as forças conter. Nem tanto assim. Ele deixou escapar um risinho.

Cruzo os braços e tento parecer raivoso.

— Você me puxou como se eu fosse uma criança.

— Bom... Desculpe. Só quero chegar logo em casa.

Franzi o cenho para ele. Outro risinho contido.

— Eu moro aqui há um tempo. Não quero comprar uma casa e ter que contratar empregados... Aqui eu posso só pedir. E, de qualquer maneira, passo mais tempo fora. — Diego dá de ombros.

Eu posso apostar que ele passa mesmo muito tempo fora. Ele é um daqueles homens de olhar ferino e de sorriso conquistador. Fala sério, ele poderia muito bem ser algum dublê do Henry Cavill ou algum assim. Será que ele já atuou como modelo? Não pelas pesquisas — embora rasas — que fiz. Talvez algumas horas na internet com o nome dele em busca eu consiga alguma coisa.

— Para que andar nós vamos? — Questiono. Ainda saíamos do quarto andar.

— Para a cobertura. — Ele me disse, como se eu devesse saber.

Eu não tenho que saber nada aqui!

Isso me fez ter algumas perguntas na ponta da língua.

— O que sua mãe diria se soubesse que está trazendo um cara que você nem conhece para dentro da sua... moradia?

Ele parou e pensou por um instante.

Eu soube que ele amava a mãe dele, e que era amado de volta. Deu para perceber isso só pelo jeito que eles se encararam em frente aos jornalistas comigo ainda parado como um tonto olhando-os. Havia tanto amor em seus olhares que, confesso, fiquei com uma certa inveja. Mas não me culpo totalmente e se Diego soubesse sobre minha mãe e de como era minha vida, não me julgaria.

Minha Salvação | Série Irmãos Laurent-(Livro 1) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora