Capítulo Quinze - Nova Versão!

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[Hall Endres]

Diego chegou duas horas depois; eu ainda estava acordado, eu não havia conseguido fazer com que minha mente desligasse o suficiente para dar importância ao cansaço, que pressionava meus ossos e meus músculos. Meus olhos permaneceram abertos e lacrimejantes, expulsando o sono com piscadas furiosas.

— O que aconteceu? — Exigi saber.

Eu estava assustado. O rosto dele... o modo como ficou pálido de medo, sua pressa, tudo isso me fez ficar assustado pra caralho.

— Coisas da minha família. Nada demais.

— Não acredito. Diego, eu vi como você... Você quase voou na direção da porta. É algum segredo?

Se ele dissesse que sim, então eu não insistiria. Eu poderia compartilhar com ele todas as falhas da minha família, todos os buracos e todas as histórias ruins que eu sabia e que eu vivi, mas sei que Diego e eu somos pessoas diferentes, eu me deixaria ser levado no caminho do alívio de ter contado depois de tanto tempo. Diego, não. Ele pensaria melhor, ele avaliaria se vale a pena confiar em mim.

— É. Um segredo... — ele coçou o queixo. Parecia cansado. — Um segredo que atormenta minha família há muito tempo.

— Hã — digo, desconfortável. Eu não sabia o que viria a seguir.

Diego se jogou no sofá ao meu lado. O corpo dele ficou flácido, seus músculos relaxaram em um suspiro grato por finalmente chegar em casa. Seus olhos se fecharam e eu pude ver as olheiras abaixo.

Ele coçou o queixo de novo.

— O perigo ronda os meus pais. Sempre que meu pai me liga eu tenho que ir saber como eles estão, se está tudo bem. E meus irmãos também.

— Vocês todos?

— Sim. Não foi nada, acredite. — dessa vez ele tocou no meu joelho. Um toque acalentador: Não se preocupe, estou bem.

Mas o que ele queria que eu fizesse? Realmente acreditasse que ele estava bem? Acho que não consigo. Não consigo fazer com minha mente relaxasse até que tudo estivesse mesmo bem, o que, nunca pode acontecer. Diego sabe, eu sei, minha família sabe que sou um amontoado de problemas preocupantes, células deformadas em um corpo sempre ligado, sempre próximo do próximo erro a ser cometido.

Minhas falhas eram meus pensamentos.

Fico com a mão dele no meu joelho até decidir que queria abraçá-lo.

— Está bem tarde — diz ele, contra meu pescoço —, a gente devia ir dormir.

Não esperei que ele fosse me erguer nos braços — Eu vou cair! Diego! Diego! — e me levasse até a única cama que tinha no hotel. Nos deitamos ali. Diego tirou a camisa e a calça. Seu cinto foi lançado para longe. Tive que desviar o olhar porque, por mais que eu tenha o beijado, ainda tenho vergonha de ver ele assim.

Diego dá um risinho orgulhoso antes de se deitar e se cobrir com o lençol.

— Vai dormir de roupa?

Assinto.

Eu não estou preparado para mostrar meu corpo para ele. Não como ele mostrava o dele; aquela sensação de arrepio da primeira noite por algo gelado nas minhas costas, eu já sabia o que era. Diego tinha piercings nos mamilos, e quando eu vi, apenas arqueei uma sobrancelha em dúvida.

Piercings não faziam a cara dele, mas lá estavam, naquele peitoral forte e com pelos nascentes, escuros como a noite.

Não falamos sobre isso, mas gosto de pensar sobre.

Minha Salvação | Série Irmãos Laurent-(Livro 1) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora