Capítulo Vinte e Cinco - Nova Versão!

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[Hall Endres]

No fim das contas, o pai de Diego tinha um restaurante e foi lá que nos encontramos, algumas horas antes que abrisse para os clientes à tarde.

O lugar era marfim, pérola, madeira escura e cheiro de folhas de chá. Eu estava apreensivo em frente a Diego, por isso não conseguia parar de mexer a minha perna, em sinal de ansiedade, não importava o quanto eu desejasse parar, não conseguia.

— Então? O que aconteceu? — Ele estava sorrindo.

Não estaria sorrindo se soubesse o que eu planejava. No que estava sendo forçado a fazer.

O quão difícil seria contar a ele?

Diego, o inimigo da sua família acabou me encontrando e me contratando para fazer o trabalho sujo dele, tenho que detalhar seus passos e ficar o mais próximo da sua família que eu conseguir, então ele vai arquitetar um plano para sei lá o que enquanto eu vou ganhar uma bolada em dinheiro e deixar a minha família totalmente a salvo, e por falar nisso, como vai o seu emprego?

— Nada — respondo, passando as mãos suadas na calça —, só estava... querendo ver você.

As ruguinhas nos olhos dele só apareciam quando estava realmente feliz. Acho que era algo que ele puxou do pai dele.

Desviei o olhar.

Queria pôr minhas mãos na mesa, só que não queria arriscar que ele olhasse para os meus braços depois de ter visto o que viu, o que eu o forcei a ver. Eu sabia que ele ainda se lembrava, era uma lembrança recente. Tudo ainda era muito recente, menos a minha lembrança de quando fui totalmente verdadeiro com alguém. Parecia ter sido há muito tempo.

— Como estão seus pais? — Perguntei, para afugentar as sombras que minha mente estava projetando. Eu queria escapar do assunto, ao tempo, em que queria fugir dele.

— Estão bem. E sua mãe? E Haniel?

— Bem, todos os dois.

— E você? — A dose de preocupação na voz dele sempre fazia com que aquela parte fragilizada e incurável minha pulsasse, como uma ferida cutucada por uma vareta. Doía, mas era bom saber que aquela ferida significava que você ainda podia sentir alguma coisa, seus membros ainda eram seus membros, você não havia morrido ainda.

Assinto, sorrindo, ou tentando.

— Estou, sim. Escute... Você vai me achar meio doido mas... Será que poderíamos... Conversar sobre o que aconteceu na casa dos seus pais? Sobre tudo? Sobre nós?

— Nós? — O fio de esperança na voz dele o fez ficar com uma cara engraçada.

Seus cabelos ainda estavam arrumados para trás, apesar de ele não usar gel para fixá-los. Eu sabia que o cheiro que eu estava sentindo não era nada mais que o sabonete dele, não havia perfume, ele era cheiroso assim mesmo, e seu peito subia e descia a cada segundo rápido, mostrando o quão ansioso estava, tanto quanto eu.

Mas sou eu quem estou conduzindo essa conversa, por um caminho que não conheço ainda, por um caminho minado e o maior risco éramos nós, além das pessoas próximas.

Engulo em seco. A voz de Gerry ecoa na minha cabeça.

— É. Eu realmente... Acho... Que devíamos... Tentar... Alguma coisa.

Diego piscou e seu olhar se tornou desconfiado.

Era o que eu estava temendo.

Quanto mais eu parecesse hesitante estando perto dele, mais desconfiado ele ficaria. Eu sabia que sim. Diego não é burro, ele sabe que pode haver algo errado, era meu trabalho fazer com que ele pensasse que não. Eu seria o outro lado da moeda, aquela parte que mentiria para ele enquanto ele acreditava. Eu seria a pior parte de um ser.

Minha Salvação | Série Irmãos Laurent-(Livro 1) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora