Hall Endres.
— Jaly, aqui tem uma funcionária chamada Nayara?
A garota está mais sorridente que antes, o uniforme do restaurante combina com os olhos verdes dela. Ela bota o dedo no queixo e pensa um pouco. O sorriso que me recebeu se desmanchou em segundos quando ela me encarou.
— Tinha. —Ela fala.
— Tinha? Ela foi demitida?
— Olhe eu não sei nada a respeito, mas eu ouvi algumas fofocas na cozinha. Se quiser saber, meu turno acaba em dez minutos me espera?
— Claro.
Afastei o prato com o almoço porque meu estômago embrulhou, já penso no que ela vai dizer. "Sua mãe foi demitida porque foi pega bebendo como uma louca todas as bebidas da adega". Ou "Ela chegou aqui embriagada e gritou com todos fazendo o maior escândalo". Olho pela janela, um banco perto de uma placa de trânsito estava um garoto acho que tem dez anos e ao lado dele tem um homem que aparenta ter quarenta, são parecido—possivelmente pai e filho. Os dois estão rindo de alguma coisa, o cabelo meio grisalho do homem é desarrumado pelo vento e o garoto ri quando folhas secas voam na cara dele.
— Que falta você me faz pai.
(...)
O turno da Jaly acabou há dois minutos, estamos do lado de fora do Berry's em uma calçada, sentados com o lanche dela ao lado.
— A mulher que você perguntou fez um escândalo aqui.
— Ela bebeu. —Constatei.
— Na verdade não, ela parecia cem por cento sóbria. Chegou um homem careca quem tinha uma barba horrível e parecia que não tomava banho há algum tempo, pegou sua mãe pelo braço e a arrastou para fora do restaurante. Foi um escândalo para fazer aquele homem ir embora... Desde então ela não apareceu mais aqui. Quer dizer, só para pegar o salário de três dias.
— Um homem careca... —Merda!—Jaly foi muito bom conversar com você, mas eu preciso ir... Minha mãe pode está em perigo.
Corri para o ponto de ônibus, mas meu destino não é a empresa. Abri a porta de casa rapidamente e fui para o quarto da minha mãe está completamente arrumado e parece que ela não dorme em casa faz dois dias... Os dois dias que não fiquei em casa ela também não estava. Como eu não percebi isso? Meu Deus! Um aperto toma conta do meu peito em só de pensar nas coisas horríveis que aquele filho da mãe pode está fazendo com ela agora. Meu celular começa a tocar no bolso, quem quer que for vai ter que esperar. Saio de casa e tranco a porta indo diretamente para a delegacia mais próxima.
— Por favor, vocês precisam me ajudar!
— Ei, calma está tudo bem... —Uma mulher fardada vem até mim— O que aconteceu?
— Minha mãe está desaparecida faz dois dias eu... Eu não notei... Droga, é culpa minha...
— Calma garoto não é culpa sua, vamos ajudar com tudo venha, conte exatamente o que aconteceu.
Entramos em uma sala com cheiro de desinfetante e limão, tem uma mesa pequena cinza no meio e duas cadeiras uma de frente para outra. Ela pediu que eu me sentasse e assim fiz. Algumas pessoas nos encaravam pela janela.
— Quero que me conte como é a sua mãe e depois como você soube que ela desapareceu. Tudo bem?
Funguei silenciosamente e olhei para a mulher de cabelos cacheados na minha frente, ela tem um olhar preocupado comigo. Comecei a contar que fiquei fora de casa por dois dias tecnicamente e não notei que ela não estava que fui ao trabalho e tudo mais.
— Então esse homem chamado Nilton... Você a acha que ele esta com sua mãe? Onde eles podem ter ido?
— Eu não sei... Realmente não sei... o que vocês vão fazer a respeito?
— Primeiro vamos fazer uma ronda pelas casas abandonadas das redondezas e depois falaremos com você caso encontremos alguma coisa. Preciso do seu número de telefone. Também vamos pega a ficha dele.
— Claro...
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Diego Laurent.
— Sely você viu o Hall?
— Não senhor. Ele saiu para almoçar, mas não voltou.
— Obrigado.
Já liguei para ele e nada. Estou começando a ficar preocupado ao extremo com isso, espero que não tenha acontecido nada com ele. Turney entra na minha sala depois de bater duas vezes na porta, ver o sorriso dele direcionado para a mesa de Hall me faz ficar possesso, seu sorriso desmanchou quando ele viu que o meu garoto não estava lá.
— Seja breve. —Pedi.
— Bem... o projeto Classec está em um andamento muito bom mas eu pensei que poderíamos aumentar mais ainda, digo... Com um desfile apresentando todas as coleções produzidas pela Laurent. O que acha?
— Uma boa ideia, precisamos mesmo chamar atenção depois daquele escândalo com o Frederico. Faça isso.
— Certo... —Ele olha para a mesa de Hall mais uma vez— Pensarei em tudo. —Se retira.
Droga Hall, onde você está? Peguei meu celular mandando à calma e a paz para puta que pariu e ligando para ele novamente.
— Alô?—Sua voz é chorosa e ao fundo escuto algumas pessoas conversando.
— Onde você está? O que aconteceu?
— Eu estou indo para aí...
— Não. Vá para casa, conversaremos quando eu chegar.
— Você tem que trabalhar... Eu vou para a casa dos seus pais se isso te deixa mais tranquilo não quero ficar em casa agora.
— Perfeito. Tentarei terminar tudo o mais rápido possível.
Desliguei e comecei a trabalhar o mais rápido possível, mas minha cabeça dava voltas e voltas no tom da voz dele, o quão parecia abatido e eu não estou do lado dele. Como se trabalha assim?
*****
— Hall?—Chamei alto por seu nome.
Andei para a cozinha achando ele tomando um suco junto com minha mãe, ela estava olhando alguma revista de roupas. Sentei ao lado dele e perguntei o que aconteceu, imediatamente ele começa a chorar.
— Minha...mãe... f—foi...sequestrada... e—e foi cul—pa minha...
— Não... não foi culpa sua... vamos subir para você dormir um pouco e depois me contar o que aconteceu.
— C—certo...
Ele deixou o copo com o suco na mesa e subiu os degraus para o meu quarto, olhei para minha mãe que me lançou um olhar que dizia "Vá cuidar dele".
— Me conte o que aconteceu. —Pedi
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Minha Salvação | Série Irmãos Laurent-(Livro 1) (Romance Gay)
RomanceEm uma ponte no centro da Cidade, todos passam mas ninguém tenta impedi-lo para os que vagam ali ele é apenas mais um fazendo drama com a vida. Hall está prestes a cometer suicídio mas parece que no último segundo quando seus pés já estão em posição...