Diego Laurent
Acordo sozinho na cama e levanto a contragosto para ir trabalhar. Quando estou saindo de casa recebo uma ligação da minha mãe, mas não me interesso em atender e desligo o celular indo para o meu banheiro. Entro no closet e coloco meu melhor terno preto, entrando na cozinha quando termina e encontrando a Rosa cozinhando, ela é a mulher que trabalha para mim a muito tempo, desde que sai da Espanha e vim para o Brasil eu confio muito nessa mulher.
— Bom dia senhor Diego. — Ela fala alegre.
— Bom dia, Rosa. Eu vou trabalhar.
— Nada disso, sente aqui e coma o café da manhã. — Ela manda.
Um traço da Rosa é que ela fica muito chateada quando não comem a comida dela, a mulher não desiste até você não sentar e comer. Suspirando derrotado comecei a comer. Quando terminei sai logo de casa pegando meu carro e indo para o trabalho. Construí minha empresa no Brasil a pouco tempo mas ela já é um sucesso, claro tive a ajuda dos meus pais nisso, eles também ajudaram na construção das empresas dos meus irmãos. Meus pais tentam de tudo para que meus irmãos e eu ficamos bem, mas de nada adianta somos todos distantes. Paro no sinal vermelho e olho para o nada até ver na beirada da ponte uma figura mediana que está chegando perigosamente perto do final da barra grossa de metal. Saio do meu carro rapidamente para tentar impedi-lo, ninguém parece se importar com a situação, mas é a primeira vez que estou vendo alguém tentar fazer isso. Ele dá mais um passo e meu coração palpita dentro do peito, apresso meus passos e quando faltava apenas um pouco para que ele se jogasse eu o segurei pela cintura o agarrando para sair dali. Minhas mãos seguram suas costas e sua cabeça, escuto as buzinas atrás de nós e sinto o cheiro do shampoo desse garoto que esta em meus braços.
— Você está bem? — Pergunto.
Ele não responde apenas se levanta rápido se separando de mim quando tento me aproximar ele recua parecendo um animal assustado. Ele está tremendo, tento manter a calma e não voar em cima dele e coloca-lo em meus braços novamente.
— O que estava tentando fazer? — Pergunto com raiva, frustado na verdade.
— Nada... Eu... — Ele pega a bolsa que está jogada no chão. — Vou embora.
Segurei-o pelo braço, a pele lisa totalmente gelada. Os olhos castanhos tristes fazem contatos com os meus e parecem se admirar. Desço meus dedos segurando em sua mão pequena.
— Venha para o meu carro, tem lugar para ir?
— Não... Não posso ir eu não...
— Venha, prometo não te machucar.
— Desculpa. — Ele corre.
Tentei correr atrás dele, porém as buzinas dos carros me impediram, meu carro ainda está parado no meio da pista atrapalhando o trânsito. Voltei para o carro dirigindo rapidamente para a minha empresa.
Entro na minha sala sem falar com muitas pessoas e sento na cadeira e suspiro, aquele garoto já tentou se matar hoje e o dia está apenas começando e a minha preocupação aumenta, eu nem o conheço porque me preocupo? Ele tem algo, algo que me chama atenção que me deixa atraído de um jeito muito louco. não tenho problemas com minha sexualidade, gosto dos dois sexos mas mulheres é quem fico mais, meus pais sempre falaram algo para mim e meus irmãos quando éramos menores:-"Ame quem for, homem ou mulher o importante é o sentimento", nunca vou esquecer disso.— Com licença senhor-Minha secretaria entra na minha sala — O senhor tem uma reunião em meia hora com os particionadores.
— Certo. Obrigado.
Ela saiu.
Nunca fui de falar muito, com ninguém. Meus pensamentos voam para um garoto de cabelos marrom, de pele clara e lábios rosados, o que ele pode está fazendo agora? Será que está bem?
Meu celular começa a tocar, novamente minha mãe está ligando.— Sim?
— Achei que não iria me atender hijo. — Ela fala.
— Desculpa madre. O que foi? — Mentalmente desejei não ter feito a pergunta, quando ela suspira e dá uma risada só pode ser uma coisa.
— Te chamar para ir a um jantar querido, os seus irmãos já confirmaram presença só falta você. Você vem não?
— Eu não sei você sabe melhor que ninguém que eu e meus irmãos não nos damos bem.
— Vamos tentar essa vez, tenho certeza que hoje dará tudo certo.
— Você disse isso das outras vezes.
— Pare de ser tão rabugento! Se você não vier eu juro pelos céus como te dou uns tapas.
— Tudo bem, irei. Preciso desligar.
— Sempre trabalhando Diego... Você precisa ter mais vida filho.
— Minha vida já está bem resolvida mãe. Obrigado.
— Então cadê o amor da sua vida? Quando vai me apresentar?
— Não preciso disso agora... Quando for a hora certa.
— Se você diz. Sabia que seu pai dizia quase a mesma coisa e depois nós...
- Adiós madre.
- Adiós hijo. Rabugento.
Desliguei. Sai da minha sala e fui para a sala de reuniões onde os patrocinadores já me esperavam.
*******
Saí da empresa entrando no carro e não pude não pensar no garoto de hoje de manhã, são sete da noite o jantar seria as oito então dirijo logo para casa. Passo por uma conveniência e reconheço a camisa preta suja de terra junto ao cabelo marrom bagunçado, ele está com um saco de batatinhas nas mãos, aumentei a velocidade do carro e parei em frente dele o deixando assustado, abri a porta e deixo seu rosto ainda mais perplexo. Ele tinha, além da sujeira no rosto e os cabelos arrepiados, uma boa aparência. Seu rosto é lindo.
— É você... — Ele murmura.
— Para onde vai? — Perguntei.
— Para... Casa.
— Eu levo você.
— Não precisa, vou sozinho.
— Eu insisto. Vamos.
Ele parece envergonhado, seu rosto fica muito vermelho. Está mentindo com certeza. Fico surpreso ao o desvendar tão bem.
— Você está mentindo não é? — Pergunto.
- Não! Mas acho que você poderia me deixar em uma loja e depois eu vou para casa, sozinho.
— Seu plano é que eu leve você para algum lugar estranho e depois quer que eu acredite que você vai para casa?
Ele cora mais.
— Entre no carro. — Pedi.
— Eu...
— Prometo que não vou lhe machucar... já disse isso. Se não deixei você pular daquela ponte, não é agora que deixarei você morrer.
— Certo.
Ele entra no carro quando eu abro a porta, o garoto está inseguro, mas quero mesmo mostrar que nunca faria mal a ele.
— Para onde vai me levar?
— Para minha casa, eu tenho quer ir a um jantar em família hoje e você vai comigo.
— Por quê? Eu não vou.
— Vai sim, minha governanta não está na minha casa agora então não vou deixar você sozinho. Você vem.
Ele não fala nada. Acelero o carro em direção a minha casa.
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Minha Salvação | Série Irmãos Laurent-(Livro 1) (Romance Gay)
Roman d'amourEm uma ponte no centro da Cidade, todos passam mas ninguém tenta impedi-lo para os que vagam ali ele é apenas mais um fazendo drama com a vida. Hall está prestes a cometer suicídio mas parece que no último segundo quando seus pés já estão em posição...