Capítulo Trinta e Sete - Nova Versão!

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[Hall Endres]

Rafael Laurent me recebera com um olhar ferino. Há vinte minutos eu havia ligado para o lugar onde ele trabalhava e havia pedido (quase cheguei a implorar) para que o funcionário me colocasse na linha com ele. Foi preciso apenas que o rapaz dissesse meu nome para que eu estivesse na linha com ele. Ele pagou um táxi para mim, e aqui estou, sentado em um sofá de couro caro e escuro muito confortável, em uma sala quase completamente cinza e etérea; o dono dela estava tão informal que não parecia certo tê-lo nesse cenário. Camisa preta justa, calças social, sapatênis branco... Sua pele era menos dourada que a de Diego, como se Rafael rejeitasse o Sol como rejeita a empatia. E seu olhar dominava ainda aquele sentimento de sabe-tudo que ninguém ostenta melhor que ele. E talvez o diabo, também. - Em que posso ajudá-lo que meu irmão não ajudou? Sinto vontade de avançar no seu pescoço. Abafo a raiva. Coloco a panela quente na água, penso. Vou direito ao assunto: - Vim cobrar aquele favor. Ele arqueou uma sobrancelha. - Não sei do que está falando. - Na casa dos seus pais. Eu disse que você me devia um favor, e você riu. Lembra? - Noto seus olhos recebendo a compreensão, por isso continuo - Quero descobrir algo.

Ele espera, calmo e indiferente como uma pedra de gelo.

— Rafael, eu quero... Acho que Diego matou meu padrasto.

Eu esperei alguma reação. Esperei que ele sorrisse daquele jeito característico de quem não acredita em ninguém. Ou algo ainda mais explosivo, raiva ou orgulho? Não sei o que esperar, mas com certeza não era esse nada.

— O que eu tenho a ver com isso? Aliás, o que você quer com isso?

— Ele é... era meu padrasto!

— Você gostava dele? — Seu olhar intenso me fez encolher no sofá; era algo naquele verde e azul que me deixava submisso, como uma criança culpada.

Rafael recebeu, ao nascer, graça e inteligência, e sabia usar isso melhor que ninguém.

— Não importa se eu gostava ou não dele, só quero saber se foi Diego quem o matou — Ou outra pessoa.

O que eu queria era bem simples na verdade: Precisava colocar Rafael Laurent, que mais se parece com um cachorro farejador, atrás de Gerry. Consequente atrás de mim, mas eu não me importava. Se ele acabasse descobrindo tudo, Gerry cairia primeiro. É claro que quero descobrir o que aconteceu com Nilton, quero que ele seja enterrado e não continuar sujeito para ameaças como um objeto. Ele merece, apesar de tudo. É isso que se faz com todo mundo, merecemos, apesar de tudo. Havia ele também. O irmão mais novo. Eu confiava nele para se manter vivo apesar do perigo, e acho que Rafael não vai me desapontar nisso.

— Como sabe que seu padrasto está mesmo morto? Paro e penso. Tem que ser uma resposta dada com cuidado.

— Ele nunca mais apareceu — Quanto mais vaga melhor.

Isso não era o suficiente para ele, eu sabia. Mas teria de ser.

— Porque simplesmente não pergunta ao meu irmão? Ele tem um complexo muito exagerado de saber de tudo. A não ser que vocês... ah, entendi.

Tento não demonstrar como aquela simples frase vinda dele me afeta. Sinto que minhas bochechas estão me denunciando, assim como meu coração acelerado ao máximo. Rafael Laurent, será que pode ouvir meu coração? Consegue ouvir a culpa fazendo parte desse líquido que transita pelas minhas veias? Acabo engolindo em seco, aflito.

— O que você sabe?

— Ah, pequeno Hall...

— Não me chame assim. — Eu sei que você e meu irmão tem uma amizade tão linda... uma amizade... muito íntima.

Minha Salvação | Série Irmãos Laurent-(Livro 1) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora