Capítulo Vinte e Nove - Nova Versão!

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[Hall Endres]

A mensagem ainda rodava na minha cabeça, por mais que eu mantivesse uma boa aparência no carro, com ele; estava pegando as conversas, sabia o que responder e quando ficar calado. Eu sorria e balançava a cabeça.

Mas Diego percebeu que eu não estava verdadeiramente ali.

— O que está te preocupando?

— Acho que é... Tudo. — Não era mentira — Mas ainda não sei como... Me ajustar. Você viu os fotógrafos?

Quando saímos do hotel havia duas dúzias ou mais de homens e mulheres com câmeras, flash na nossa direção, microfones e celulares estendidos na nossa cara, as perguntas sendo gritadas e sem nexo, eu não conseguia entender o que três deles estavam me perguntando mesmo que estivesse bem na minha frente, consequentemente atrapalhando meu andar. Parei diversas vezes com medo de tropeçar neles e causar um desastre, porque era tudo o que eu — e Diego — menos precisávamos. Mas um homem, que usava um uniforme preto, surgiu e afastou a maioria deles. Diego o agradeceu, então soube que trabalhava para ele, e isso me fez questionar quantas pessoas mais naquele espaço trabalhavam para Diego, e quantas eu teria de me preocupar.

Os jornalistas tentaram seguir o carro, mas desistiram em algum momento.

— Eles são um bando de chatos mesmo, mas não se preocupe. Eu disse que você era apenas um conhecido.

— Eles não vão saber quem eu sou?

— Depende. Você fez algo chamativo? Antes, quero dizer.

Soltei uma risada fraca.

— Quer dizer, só tentar pular de uma ponte.

Diego não riu. Era para ele ter rido, mas percebi como aquele assunto ainda mexia com ele mesmo que não mexesse mais comigo. Eu era assim, conseguia deixar de me importar com minhas ações se sentia vergonha delas, a cena da ponte é um exemplo, já tinha considerado aquilo uma coisa totalmente aleatória, esquecível, tanto faz como tanto fez, estou vivo. Ao que parece, Diego ainda não esqueceu, e não vai esquecer tão cedo.

— Qual é — murmuro — foi uma piada.

— Não foi.

Reviro os olhos.

— Eu tranquei a faculdade — solto, de repente, desejando mudar de assunto. Já que não podíamos abrir os vidros do carro, que tal o ar mudar espontaneamente? — Percebi que administração não é o que quero. Já tinha suspeitado disso, claro, mas nunca tive coragem para largar de vez. Acho que por causa da minha mãe e do meu pai, foi o que eu disse que queria fazer quando crescesse. Acreditei na minha própria palavra, mas estava errado, de praxe.

Diego absorveu aquela enxurrada de palavras. Percebi que ele sorria discretamente, apenas de um lado do rosto, aquele que eu podia perceber. A bochecha dele, pela barba, era bem simétrica, tornava o rosto dele mais belo.

— E o que vai fazer?

— Contar com a sorte da vida e tentar qualquer coisa.

Disso, ele riu.

— Você é bem convencido.

— Só às vezes.

— Percebe-se.

— Ah, se eu me der bem no quesito "escrita" já está valendo.

Ele assentiu, ficando sério agora.

— Vai dar tudo certo.

Gostaria de acreditar na palavra dele, mas seria retroceder dez convicções minhas até agora, e eu não estava disposto a fazer isso no momento em que me encontro, tão certo que as coisas podem dar errado.

Minha Salvação | Série Irmãos Laurent-(Livro 1) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora