[Hall Endres]
Eu estava na ponte de novo. E Diego estava vindo na minha direção. Mas ele estava vindo lento demais, como se estivesse com medo de mim ou de chegar na plataforma da ponte onde estou. Eu não sabia se altura era um dos seus medos; só sabia que não era um dos meus.
Na verdade, eu não sentia nada. Estava me sentindo gelado e oco. As batidas do meu coração eram lentas, e eu quase não as sentia. Era estranho saber que eu tinha um coração, mas não ouvia quando ele batia, ou me importava, ou questionava.
Quando Diego me alçou, fui tirado da beira da ponte, como deveria ser feito. Foi isso que aconteceu. Eu só não estava esperando que um carro desgovernado viesse em nossa direção e atingisse-nos, nos mandando pelos ares. Foi a queda que me despertou. Foi a queda que fez eu realmente perceber que tinha um coração forte dentro do meu peito e de como agora ele parecia que ia quebrar minhas costelas devido a suas batidas.
Eu arfava e suava. Pesadelos tinham esse efeito em mim, ainda mais quando eram tão reais.
Pesadelos onde eu morria não me assustavam — nunca me assustaram.
Mas pesadelos onde eu levo alguém comigo para a morte certa me apavoram. Diego deveria ter me salvado no sonho. Não sei por que simplesmente fomos lançados no ar, em queda livre.
Em queda livre. Gostei desse título.
Olho as horas no meu celular. 3:24h.
O braço pesado de Diego ainda está na minha cintura, o que me faz questionar se ele mudou de posição desde que se deitou. Forcei minha mente a apagar depois de um momento, então os ruídos que ele pode ter feito não me despertaram. Eu os preferiria ao pesadelo. Meu corpo fica tenso por alguns segundos enquanto penso em como vou sair da cama, mas não tenho muitas opções. Arrasto-me, lentamente, pelo espaço que tenho até conseguir tirar minhas pernas e me sentar. A mão de Diego caiu ao meu lado. Ele continua a dormir. Ainda bem.
Meu diário está no fundo da mochila. O pego e procuro uma caneta nos bolsos, mas acabo não encontrando. A luz da cozinha está acesa, e, descalço ando até lá e me pergunto em que porta seria o escritório de Diego. Escolho a segunda porta no corredor depois da cozinha e, minha nossa, eu acertei. Não lembro da porta do banheiro, por isso temi entrar lá no escuro. Mas estou no escritório e as luzes daqui não machucam os olhos, na verdade... Aqui é aconchegante.
As paredes são azuis. Um tom belo e suave de azul e a mesa dele era de vidro e madeira, o notebook descansava ali, perto de papéis organizados do lado esquerdo, do lado direito, uma caixinha preta. A cadeira é de couro. Não há cadeiras em frente à mesa, mas há um sofá de dois lugares ao lado da porta, que tem vista para a rua solitária lá fora e das luzes quentes da cidade. Estávamos quase nas nuvens.
Eu me sentia poderosos estando aqui e olhando para os outros edifícios. Me pareceu o lugar certo para começar.
Em queda-livre fico sem amparo
Me considero um pássaro solitário
Esperando vencer o dia
Quando o sol se pôr, talvez.
Meu pai odiava chuva,
O sol era seu Senhor e ele,
O adorava.
Eu sou chuva, feito de granizo
Um novo tipo de furacão, sou antônimo
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Minha Salvação | Série Irmãos Laurent-(Livro 1) (Romance Gay)
RomanceEm uma ponte no centro da Cidade, todos passam mas ninguém tenta impedi-lo para os que vagam ali ele é apenas mais um fazendo drama com a vida. Hall está prestes a cometer suicídio mas parece que no último segundo quando seus pés já estão em posição...