Capítulo Dezesseis - Nova Versão!

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[Fora da narrativa dos personagens]

Quando Hall fugiu de casa, sua mãe percebeu que as coisas fugiram do controle.

Foi um choque de realidade que a atingiu em lugares diferentes ao mesmo tempo: uma dor lacinante na nuca, como se alguém estivesse tentando desamassar pregos tortos ali, um chute em suas costelas e a queimação da bile em sua garganta, e tudo isso durou menos que cinco segundos. veio tão rápido e sumira com a mesma velocidade que uma vozinha em sua cabeça a chamou de louca.

Estou louca, se pôs a pensar, sorrindo. Um sorriso amargo de toda a manhã desde que seu marido morrera.

Quando acordara e percebera que algumas coisas de Hall não estavam no lugar de sempre, ela não sentiu nada mais que uma onda de tristeza a invadindo, e mesmo assim, se sentiu incapaz de pensar em um jeito de consertar seu erro. Havia errado de tantas maneiras diferentes em sua vida que perdera o otimismo de cada um deles: Ei, podemos consertar isso, apenas pense, pense, sua burra! As coisas já haviam sido mais fáceis em sua vida.

Agora, tudo piorou.

Ela estava em um bar com decoração feia: as paredes eram cinzas, mas não por um pintura — quem dera fosse —, era apenas o cimento, ninguém havia se dado ao trabalho de decorar o lugar para parecer decente. Talvez, ela pensou, fosse essa a intenção. Um bar deprimente para atrair pessoas deprimentes. Ela fora o peixe que mordera a isca. Já havia bebido demais, mas sua mente se recusou a ficar na quase inercia de sempre, as coisas simplesmente não pareciam parar de fluir, pensamentos e lembranças, e assim Nayara decidira que não pararia de virar o copo até estar satisfeita e seus pensamentos, calados.

Antes de decidir empacotar todas as suas coisas aproveitando a rara ausência de Nilton, e agora a ausência de seu filho, seu plano foi mesmo ir para a casa da sua irmã devota, ela jura que sim. Mas então houve uma batida em sua porta, daquelas suaves e tímidas, alguém do outro lado se perguntando se devia estar mesmo ali, se era uma boa opção. E ela, lá dentro, de joelhos e com uma camada de poeira sobre os dedos, atendeu a porta e deu de cara com um garoto familiar.

Ela não soubera, naqueles primeiros segundos, o porquê da sensação que lhe acertara tão quente atrás dos olhos e em seu ventre. Foi algo desconhecido até que as peças do quebra-cabeça tragos pelo vento e pela colônia barata daquele rapaz, conseguissem achar seus locais ideais: o queixo proeminente, a pele era mais branca, mesmo assim, se encaixava perfeitamente. E havia aqueles lábios, que eram tão delicados quanto o de uma modelo sexy da Vogue.

Olhos claros.

Sorriso envergonhado e uma marca de queimadura de sol em seu nariz.

— Quem é você? — Fora sua primeira pergunta.

Ela se sentiu em um filme, daqueles de terror. A pior notícia da sua vida seria dada naquele momento e logo depois, ela tentaria correr, mas as coisas sairiam ainda mais do controle então algum carro — ou algo vindo em sua direção sem precisar de rodas — a acertava.

Era seu fim. Não era?

— Sou Haniel. Eu... Estou aqui para ver meu pai. Ele está?

Nayara sequer precisou que ele dissesse o nome do homem que poderia ser seu pai. Ela sabia. Ela já sabia, e haviam se passado apenas dois minutos.

Sua mente fez um click e doeu.

— O que?

O rapaz a sua frente deu outro sorriso torto, parecia estar tão desconfortável que sairia correndo. Ele tremia, seus dedos estavam nervosos se entrelaçando uns nos outros. Ele começaria a suar logo se Nayara continuasse a olhá-lo de modo tão intenso, talvez derretesse seu corpo em cera.

Minha Salvação | Série Irmãos Laurent-(Livro 1) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora