Capítulo 15

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CASEY

Deviam ser umas 22:00 da noite quando a Jess me ligou, a única coisa que ela disse foi que estava preocupada com a minha mãe, como eu já suspeitei do que tinha acontecido eu peguei minha mochila com umas coisas e sai de casa às pressas. peguei o último ônibus que iria pra East Rock, foram longos 30 minutos com a cabeça encostada na janela e inquieta, enquanto andava até a casa dela minha cabeça me dominava pensando em todas as coisas que poderiam ter acontecido.

— Lili? — chamei por ela e entrei tropeçando em casa tirando meu casaco e fechando a porta — eu cheguei, mãe? — a casa estava toda apagada então acendi as luzes, a mesa de centro da cozinha estava cheia de desenhos e lápis de cor, e em cima dos desenhos latas de cerveja e uma bituca de cigarro acessa, apaguei ela antes de correr pro andar de cima — mãe — chamei pela última vez enquanto meu peito ia se afundando e eu rezava pra ela não ter tido uma recaída. Abri a porta do seu quarto e ela estava sentada na beira da cama, com rímel borrado nos olhos e pálida.

— Casey?, por que você tá aqui? — ela se assustou e eu me encostei na porta me preparando pra tudo mais uma vez.

— mãe cadê a Lili, o que você tá fazendo? — ela levantou secando o rosto.

— relaxa, eu não usei heroína e nem outra coisa — ela foi ríspida e começou a andar pelo quarto — ontem eu estava lá, você sabe, no jantar, e eu quis tanto matar aquelas vadias, elas falam como se eu fosse uma doença contagiosa, uma erva daninha crescendo e se enroscando no pé da mesa, e você sabe que eu perco o controle e eu acabei fazendo merda, muita merda, e o Mark me deixou em casa disse que ligaria mas não me ligou e eu estou surtando — ela se descontrolou e apertava as têmporas enquanto falava e eu tinha certeza que ela tinha usado alguma coisa.

— o que foi que você usou, me fala mãe por favor — entrei no seu banheiro e dentro do lixo achei um frasco laranja de analgésicos e estava vazio — você tomou com o que dessa vez? Com a cerveja que tá lá em baixo? — controlei o meu grito e sai do quarto com ela me seguindo.

— você não sabe como eu tô me sentindo, eu precisava dormir por umas horas — ela falou e antes de entrar no quarto da Lili me virei.

— e a Lili? E a sua filha?, você pelo menos deu comida pra ela hoje? — perguntei e ela socou a parede enquanto chorava completamente fora de si.

— eu não sou uma mãe ruim porra, eu só estava ocupada com outras coisas, por que você não entende? —  gritou comigo e eu me aproximei dela tentado falar o mais baixo possível.

— eu entendo que você tem outras preocupações na sua vida, mas ela é sua prioridade então eu estou pouco me lixando se o seu namorado te ligou ou não — esbravejei e entrei no quarto da Lili e ela estava deitada em baixo das cobertas mas estava acordada.

— oi eu cheguei, a gente vai dormir fora hoje você topa? — ela fez que sim e peguei ela dos lençóis cor de rosa — vamos levar o ursinho e que tal seu cobertor favorito?.

— por que você vai levar ela? Ela não vai pra lugar algum Casey você tá me escutando? — minha mãe meme agarrou pela roupa e eu deixei a Lili no chão do corredor.

— ela não vai ficar aqui com você, ate você se acalmar e vomitar tudo que você tomou — ela apertou meus braços e encarei seus olhos vazios e ela estava completamente aérea.

— não é você que decide.

— fica assistindo então — fui empurrada pro lado e meu quadril se chocou contra a cômoda ao lado da porta e senti uma dor que me fez suspirar — vamos Lili — sai do quarto com pressa e peguei ela no meu colo segurando seu urso, minha mãe gritava atrás de mim e a essa altura acordamos alguns vizinhos, abri a porta dando de cara com a Jess que me olhou com pena antes de passar o braço pelos meus ombros.

— vamos lá pra casa querida, sem problemas, fica calma — enquanto atravessava o jardim abafei meu choro no ombro da Lili que estava deitada no meu ombro, entrei na sua casa e o Logan estava lá parado do escuro segurando a porta pra eu passar. Como não era a primeira vez que a Jess me ajudava eu não me incomodei por ela nem o Logan me verem chorando, demorou uns minutos até a minha mãe parar de gritar por mim e entrar pra casa, me sentei no sofá ainda com a Lili no colo e funguei controlando minha respiração.

— me dá ela aqui, vou te trazer um copo de água — Jess pegou a Lili do meu colo e segui ela até a cozinha, bebi um copo de água e sequei todas as minhas lágrimas — você sabe que podem passar a noite aqui, você não precisa pedir ou perguntar.

— obrigada — ela beijou minha cabeça. Usei o banheiro do corredor pra lavar o meu rosto e enquanto olhava meu reflexo eu abaixei a lateral da minha calça, meu hematoma estava muito maior, agora estava avermelhado e também roxo, levantei a cabeça e iria aguentar aquilo, eu nunca tomaria nenhum remédio se quer, por que no fundo eu sentia que eu poderia ficar igual a ela, arrumando um cura pra todas minhas dores.

— vocês podem dormir aqui, eu fico no sofá — Logan falou enquanto eu estava parada na porta do seu quarto e a Lili já estava deitada na sua cama toda branca enrolada em um cobertor rosa.

— eu não vou pegar a sua cama — neguei e ele puxou a porta pra fechá-la.

— claro que vai, vejo vocês amanhã de manhã meninas — piscou pra Lili antes de sair e eu me repreendo por não ter agradecido antes.

— vamos dormir agora? — perguntei tirando meus tênis.

— vamos — entrei nas cobertas junto com ela e segurei na sua pequena mão — você é a melhor irmã do mundo — sorri ao ouvir isso.

— você que é — apaguei o abajur e deitando a cabeça no travesseiro eu só sentia o cheiro do perfume do Logan, e foi assim que eu adormeci.

Meu destino - amores improváveis #2Onde histórias criam vida. Descubra agora