Capítulo 42

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CASEY

Deslizei pelo gelo assumindo a posição que minha coreografia se iniciaria e bati a ponta do patins no gelo contando a música na minha cabeça, sob os olhos da treinadora eu comecei a patinar enquanto ela gritava os passos pra que eu pudesse fazer uma boa sequencia, até ela soltar seu suspiro de insatisfação quando eu derrapei depois do salto sem firmeza nenhuma nos pés e dor no quadril.

— Casey suas pernas não são de papel, ela é perfeitamente capaz de sustentarem o seu peso, então faça direito — cocei o nariz fechando os olhos ignorando seus gritos e fui de novo até a borda do gelo, de canto de olho vi algumas pessoas no canto do rinque mas eu só me importei em concluir a droga do salto, eu fiz tudo perfeito, giro certo, mãos nos lugares certos, usando o máximo da pista, e quando eu saltei certa de que iria acertar, meu corpo girou no ar três vezes com maestria, mas quando eu pousei minha perna deu uma fisgada que subiu até a minha nuca me fazendo cair no chão e bater a cabeça no gelo, uma queda muito feia. Coloquei a mão sobre a cabeça procurando sinal de sangue e nada, enquanto minha treinadora e o treinador de hóquei apareceram apontando uma lanterna pros meus olhos.

— você tá zonza? Enjoada? — neguei e fui já me levantando, mas sendo impedida por uma muralha de equipamentos de proteção.

— você acabou de bater com a cabeça — Logan parou na minha frente junto com todo o time e eu continuei sentada no gelo.

— vamos até a enfermaria pelo menos — minha treinadora ofereceu e eu aceitei, sendo levantada pelos garotos, que patinaram comigo até a sala de atendimento.

— beleza já tô legal, obrigada — eles me soltaram e eu me sentei na maca sozinha esperando a médica me atender.

— olha você tem muita sorte, não houve nenhuma lesão ou fratura, tá tudo perfeito — a doutora falava enquanto colocava meu raio x em uma tela com luz — toma mais cuidado.

— pode deixar doutora — já me levantei da maca indo até a porta.

— você podia fazer um checkout, ver se está tudo bem pra competição na semana que vem — a treinadora sugeriu e eu neguei já andando pelo corredor.

— outro dia, vou me atrasar pra aula, até amanhã — andei me despedindo dela e suspirando a cada vez que meu pé tocava no chão mas não me impedindo de andar , fui até o vestiário tomando uma ducha gelada e me vesti pronta pra ir pra aula, rezei pra não encontrar nenhuma das meninas até o fim do dia pra não perguntarem da minha queda, mas pior que isso foi quando entrei na sala e me lembrei que Logan e eu éramos duplas na aula de química. Caminhei até nossa bancada e soltei minha mochila no chão me ajeitando no banco.

— tudo bem? — perguntou enquanto a sala estava aquela bagunça antes do professor entrar.

— sim, fiz um raio X e não aconteceu nada — abri o livro na página da última lição evitando olhar pra ele.

— você não parece bem — virou seu corpo pra mim e eu apertei os olhos apoiando a testa na mão.

— Logan para com isso, para de se importar comigo, nada mudou na nossa relação a gente só transou — me irritei por ele insistir nessa história e acabei sendo grosseira, mas agora já foi.

— eu sei que você tá escondendo alguma coisa — virou pro seu lugar parando de me olhar, é claro que ele sabe e não vai esquecer essa história.

Passei o dia com dor e não fui trabalhar, enquanto a Heather estava na lanchonete eu fui pra casa e entrei pela porta meio tonta, andei até as escadas e subi indo até o meu quarto, onde eu arranquei a calça e me assustei em como meu hematoma cresceu, apertei com a ponta dos dedos e doía, o que fez meus olhos marejarem.

— que merda, que merda — cocei a cabeça, faltando 4 dias pra minha competição isso nunca melhoraria, e foi só por isso que eu fiz o que fiz. Fui até o banheiro da Heather abrindo as portas e encontrei um frasco de analgésicos — 2 devem servir — joguei dois comprimidos na minha mão trêmula e me olhei no espelho, estava pálida, sem cor nos lábios e sem outra solução, e foi só por isso que eu engoli esse remédio pegando água da torneira, depois voltei pro meu quarto e deitei na cama completamente aérea. E enquanto encarava o teto e chorava em silêncio lembrei da minha mãe. o primeiro vício dela foi em comprimidos, depois ela começou a tomar morfina e não conseguiu mais parar, eu não posso ficar igual a ela.

Meu destino - amores improváveis #2Onde histórias criam vida. Descubra agora