Capítulo 53

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CASEY

Deitada em uma cama com um avental de hospital eu não conseguia ouvir nada que o médico dizia a minha mãe, só encarava a TV desligada do quarto e torcia pra eu já ter sido anunciada como finalista, mas também fugia de encarar olhos cheio de dor e mágoas da minha mãe.

— vamos começar com uma lavagem estomacal pra retirar tudo que ela ingeriu de medicamentos, depois ela vai iniciar o tratamento para tendinopatia, como eu já disse ela desenvolveu uma tendinite no quadril causado por esforços repetitivos dos tendões, e como reação sofreu dores e formigamento na perna, pro tratamento eu indico repouso e fisioterapia não há necessidade de cirurgia, você só precisa parar um pouco e tudo vai ficar bem em umas semanas — senti a mão trêmula da minha mãe agarrar a minha e olhei pra ela finalmente, enquanto o médico saia da sala silenciosamente.

— o que eu fiz de errado Casey, me fala — meu coração caiu em um buraco negro ver a minha mãe chorar e sua mão nervosa empurrar a franja pra trás limpando a testa suada — eu fui uma mãe tão ruim que estraguei você também.

— isso não é verdade, você não tem culpa mãe eu juro, eu só cai e não liguei, até que tudo virou uma bola de neve — olhei minha situação de agora, nunca pensei que acabaria aqui — mas quando ficou impossível continuar vivendo com essa merda de dor eu pensei na saída mais fácil e peguei uns remédios da Heather, e depois uns seus e quando eu vi já esquecia quando tomava e quando não tomava — joguei a cabeça no travesseiro e ela deitou na cama comigo me deixando deitar no seu peito.

— me desculpa não enxergar você tigrinha, sua dor e seus medos que só existem por minha causa — apertei seu braço e chorei negando com a cabeça.

— foi minha culpa, eu só queria vencer — minha mãe puxou meu rosto até o seu e encostou nossas testas.

— e você venceu, está na final das nacionais, contra a Sarah Turner e a Dana Russel — sussurrou me olhando nos olhos e eu pisquei me sentindo tonta, com calor, cheia de esperança e então só chorei com um sorriso no rosto e no colo da minha mãe até me faltar ar.

— ai meu Deus — sequei meu rosto encarando o teto branco e sorri pra lâmpada.

— primeiro o mais importante Casey, vai ser uma longa caminhada — concordei e dois enfermeiros entraram na sala acompanhados do meu médico.

Estive com uma sonda no nariz, todo o remédio foi retirado com seringas, fui furada algumas vezes para exames de sangue, conversei com uma psicóloga, com a minha mais nova fisioterapeuta, tive uma conversa muito séria com a treinadora Charlotte, que estava decidia a não me treinar a não ser que eu esteja 100% até o dia 21. Tenho 28 dias para estar saudável. E então finalmente depois de 4 dias nessa cama eu pude ir embora, fui empurrada em uma cadeira de rodas até o carro e então tive que fazer um esforço pra ficar em pé e entrar nele.

— como tá a dor tigrinha? — minha mãe perguntou no volante me olhando e olhando pra rua.

— sem dor quando estou sentada — e era verdade, era ruim quando me virava na cama do hospital, ou fazer o mínimo de esforço como andar — e a Lili?.

— está com a Jess e o Logan — a porra do Logan Mckey, que parecia o herói da minha vida decidido a não me deixar morrer de overdose ou rachando o crânio no gelo — ele esteve no hospital todo dia, mas preferiu não entrar.

— quem? — perguntei franzindo a testa e ela não respondeu, só vi o canto da sua boca subir um milésimo.

— já levei seu atestado para a universidade, você só pode voltar quando estiver andando igual uma modelo de novo — me afundei no banco, e as garotas? Deus eu ia morrer de saudade mas nunca iria admitir.

— como isso vai funcionar mãe? — ela me olhou como se eu fosse uma burra.

— eu vou cuidar de você por uns dias e eu vou gostar de fazer apesar das circunstâncias — sorri pra ela — você não pode levantar ou andar muito, mas pode tomar banho sozinha se você aguentar, vai ter fisioterapia 4 vezes por semana e precisa falar com a psicóloga pelo menos 2 dias por semana — certo não parece tão horrível.

— tudo bem, obrigada mãe — segurou minha mão até chegarmos em casa e quando ela estacionou na nossa calçada e eu vi quem estava lá já neguei com a cabeça — que exagero, não precisa fazer isso — falei pro Logan que abria a minha porta pronto pra me carregar no colo até em casa.

— Casey relaxa, não vai me custar nada — se curvou até mim e eu aceitei passando o braço pelo seu pescoço enquanto seu braço me segurou pelas costas e por trás dos joelhos.

— obrigada Logan meu bem pode deixar ela no sofá, vou levar as malas — Logan andou comigo como se eu pesasse o mesmo que um travesseiro e eu prendi a respiração estando tão perto do seu rosto e envergonhada de falar com ele.

— obrigada — ele me deixou no sofá e ainda arrumou a almofada atrás de mim querendo me deixar confortável — tudo bem eu tô legal — ele se afastou e suspirou como se precisasse confirmar que eu estava mesmo bem e se sentou na mesa de centro a minha frente.

— eu nem sei o que dizer — bagunçou os cabelos relaxando os ombros e eu concordei.

— me desculpa ter te colocado no meio disso, eu sei que foi difícil não fazer nada — nos olhamos por um tempo até eu decidir cortar o clima péssimo que estava — mas em compensação, me classifiquei e estou em tratamento, tudo vai voltar ao normal.

— vou vir aqui nos fins de semana pra você não odiar tanto o seu repouso — revirei os olhos segurando o riso — Heather, Tessa e os caras viram jantar aqui hoje — avisou me fazendo sorrir e joguei a cabeça no sofá fofinho.

— ótima ideia — relaxei e cruzei minhas pernas em cima do sofá enquanto ele se levantava.

— eu volto a noite, se precisar de ajuda me manda uma mensagem — deu a volta no sofá ficando atrás de mim e eu joguei a cabeça pra trás encarado ele.

— eu não tô morta, consigo fazer tudo — fiz careta e ele devolveu deixando um beijo na minha cabeça e andou até a porta.

— até mais vizinha — gritou me deixando sorrindo e nem deu tempo de fechar o sorriso quando Lili entrou pela porta correndo com os cabelos loiros bagunçados de um jeito fofo.

— Cass — gritou e se desequilibrou na mesa caindo no meu colo e a tomei nos braços.

— que saudade Lilibug — beijei seu rosto e ele começou a tagarelar me contando como foi legal ficar na Jess desde ontem a noite e tudo o que fizeram de legal.

Meu destino - amores improváveis #2Onde histórias criam vida. Descubra agora