Capítulo 02 🌹

144 25 358
                                    

Algumas semanas se passaram desde o fatídico dia do aniversário de casamento.

Jean chegou tarde em casa aquele dia. Estava tudo arrumado, mas a comida já estava fria. O vinho boiava no gelo há muito derretido, as velas aromáticas, com cheiro de lilás, em volta da sala e em cima da lareira de pedra já estavam pela metade. E eu estava sentada no chão, com a roupa cuidadosamente escolhida para aquela noite, girando a aliança entre os dedos me perguntando se eu deveria jogá-la no fogo crepitante.

- Me desculpe mesmo Lis - foi o que ele disse ao entrar e se ajoelhar ao meu lado. - Eu não consegui terminar antes. O que posso fazer para recompensá-la ?

A briga a seguir foi uma das piores. Eu o acusei e o xinguei.

- Eu estava trabalhando. O que eu poderia fazer ? Você também é advogada deveria entender quando se trata de um cliente desesperado - ele argumentou.

E então eu me senti culpada. Porque ele nunca fizera nada parecido antes. Ele sempre lembrou dos nossos aniversários. Sempre comemorou comigo. E ele tinha razão, eu realmente sabia como alguns clientes podiam ser.

Depois dele me contar com detalhes sobre o processo e eu me oferecer para ajudar no que eu pudesse tomamos banho juntos. E depois trepamos até meu corpo ficar dolorido e eu mal consegui me mover.

Mas eu não sabia exatamente se me sentia melhor.

Porém o ocorrido foi esquecido para sempre.

Não tocamos no assunto desde então.

Não brigamos mais. Bem, não por esse motivo.

Agora eu caminhava sob as lajotas de porcelanato até a recepção. Quando parei em frente ao balcão, Ross sorriu docemente para mim.

- Ross, por favor avise ao senhor Litherry, que chegará a qualquer momento, que eu vou atende-lo em 15 minutos.

- Ok.

Eu já estava de costas quando ouvi alguém chamar meu nome.

- Lis - a voz parecia familiar.

Ao me virar sobre os calcanhares me deparei com um homem muito loiro, com olhos muito verdes e muitas sardas no nariz comprido.

- Tommy - falei com um sorriso.

Ele veio até mim e me deu um abraço, o que eu devolvi meio sem jeito, olhando para os lados.

- Como você está ? - ele perguntou com sua voz arrastada e um pouco entediada.

- Bem. Quanto tempo. O que faz aqui ?

Ele passou os dedos nos cabelos dourado e deu de ombros.

- Ver você - disse displicente. Arregalei os olhos, então ele deu risada e acrescentou: - Estou só brincando. Nem sabia que a encontraria. Vocês tem advogados aqui, certo ?

Ele olhou para o logotipo da empresa na parede mais adiante.

- Você se meteu em alguma encrenca ? - cruzei os braços.

- Não. É só um b.o onde eu trabalhava. Os desgraçados me ferraram - disse ele revirando os olhos.

Tommy era um homem bonito, mais que bonito. E para minha infelicidade era meio que meu ex. Não chegamos a namorar, mas ficamos um bom tempo, até que eu conheci Jean e ele entendeu que nosso lance tinha acabado.

Mas para minha outra infelicidade Jean sabia bem quem Tommy era. Isso significava que eu tinha que auxiliá-lo rápido e encontrar alguém para resolver o problema dele.

Me inclinei sobre o balcão de mármore.

- Ross, Ventura já chegou ? - perguntei.

- Sim. Provavelmente está na sala dele.

Flores para LisOnde histórias criam vida. Descubra agora