Algumas semanas se passaram desde o fatídico dia do aniversário de casamento.
Jean chegou tarde em casa aquele dia. Estava tudo arrumado, mas a comida já estava fria. O vinho boiava no gelo há muito derretido, as velas aromáticas, com cheiro de lilás, em volta da sala e em cima da lareira de pedra já estavam pela metade. E eu estava sentada no chão, com a roupa cuidadosamente escolhida para aquela noite, girando a aliança entre os dedos me perguntando se eu deveria jogá-la no fogo crepitante.
- Me desculpe mesmo Lis - foi o que ele disse ao entrar e se ajoelhar ao meu lado. - Eu não consegui terminar antes. O que posso fazer para recompensá-la ?
A briga a seguir foi uma das piores. Eu o acusei e o xinguei.
- Eu estava trabalhando. O que eu poderia fazer ? Você também é advogada deveria entender quando se trata de um cliente desesperado - ele argumentou.
E então eu me senti culpada. Porque ele nunca fizera nada parecido antes. Ele sempre lembrou dos nossos aniversários. Sempre comemorou comigo. E ele tinha razão, eu realmente sabia como alguns clientes podiam ser.
Depois dele me contar com detalhes sobre o processo e eu me oferecer para ajudar no que eu pudesse tomamos banho juntos. E depois trepamos até meu corpo ficar dolorido e eu mal consegui me mover.
Mas eu não sabia exatamente se me sentia melhor.
Porém o ocorrido foi esquecido para sempre.
Não tocamos no assunto desde então.
Não brigamos mais. Bem, não por esse motivo.
Agora eu caminhava sob as lajotas de porcelanato até a recepção. Quando parei em frente ao balcão, Ross sorriu docemente para mim.
- Ross, por favor avise ao senhor Litherry, que chegará a qualquer momento, que eu vou atende-lo em 15 minutos.
- Ok.
Eu já estava de costas quando ouvi alguém chamar meu nome.
- Lis - a voz parecia familiar.
Ao me virar sobre os calcanhares me deparei com um homem muito loiro, com olhos muito verdes e muitas sardas no nariz comprido.
- Tommy - falei com um sorriso.
Ele veio até mim e me deu um abraço, o que eu devolvi meio sem jeito, olhando para os lados.
- Como você está ? - ele perguntou com sua voz arrastada e um pouco entediada.
- Bem. Quanto tempo. O que faz aqui ?
Ele passou os dedos nos cabelos dourado e deu de ombros.
- Ver você - disse displicente. Arregalei os olhos, então ele deu risada e acrescentou: - Estou só brincando. Nem sabia que a encontraria. Vocês tem advogados aqui, certo ?
Ele olhou para o logotipo da empresa na parede mais adiante.
- Você se meteu em alguma encrenca ? - cruzei os braços.
- Não. É só um b.o onde eu trabalhava. Os desgraçados me ferraram - disse ele revirando os olhos.
Tommy era um homem bonito, mais que bonito. E para minha infelicidade era meio que meu ex. Não chegamos a namorar, mas ficamos um bom tempo, até que eu conheci Jean e ele entendeu que nosso lance tinha acabado.
Mas para minha outra infelicidade Jean sabia bem quem Tommy era. Isso significava que eu tinha que auxiliá-lo rápido e encontrar alguém para resolver o problema dele.
Me inclinei sobre o balcão de mármore.
- Ross, Ventura já chegou ? - perguntei.
- Sim. Provavelmente está na sala dele.
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Flores para Lis
RomanceLis é uma das mais renomadas advogadas de sua cidade, com éticas de trabalho pessoais que conquistou a confiança de seus clientes, junto de seus outros quatro irmãos advogados. Mas alguns deles parecem não mais compartilhar das mesmas opiniões. Uma...