No final do dia da sexta-feira eu estava no saguão do escritório conversando com Eloise.
Minha amiga estava sentada no braço do sofá de couro, a luz do fim de tarde entrava pela janela de vidro a suas costas deixando seus cabelos mais laranjas e brilhosos.
Eu estava parada em sua frente, uma das mãos dentro do bolso do sobretudo e a outra segurando uma pequena xícara de vidro com café fumegante.
- Você volta no domingo então? - perguntou Eloise, com uma xícara entre os dedos de unhas longas e pintadas de vermelho sangue.
- Sim. De inicio Rain queria ficar somente o sábado. Mas o convenci a ficar até domingo, não se dá pra ver quase nada em um único dia.
Dei um gole bem vindo no café que desceu quente.
- E a tal Patrícia?
- O que tem ela ? - perguntei naturalmente.
Eloise revirou os olhos e cruzou as pernas, apoiando o ante braço no joelho.
- Descobriu o que tem entre ela e Rain ?
- Não acho que tenha nada - falei sem convicção. - Nem sei ao menos se ela é casada ou não.
- O que não significa nada - especulou minha amiga.
- Rain não faria esse tipo de coisa Eloise - falei séria. Ela deu de ombros, esvaziando sua xícara.
- Se você diz. Mas você pareceu bastante incomodada.
- Eu só me senti meio de lado durante a conversa. Mas o que eu tinha para opinar ? Nada, não é? Eles são os pais.
- Admite que você sentiu ciúmes - insistiu Eloise com um sorriso incisivo.
Revirei os olhos.
- Não enche.
Desde o dia do fatídico encontro com Patrícia eu tinha ignorando a pontada de ciúmes que sentira naquele dia. Ela era uma mulher linda e agradável, tinha de admitir. Mas isso era besteira. Pura e total besteira.
- Por que vocês dois não se pegam logo ? - Eloise gemeu em frustração. - Se tranquem em um quarto e resolvam essa tensão sexual entre vocês.
- Já disse que não tem tensão sexual nenhuma entre a gente - repliquei impaciente.
Mas eu só estava fazendo o que aparentemente sabia fazer de melhor. Negar as cosias a mim mesma. Se eu fosse contar a quantidade de vezes que fantasiei Rain na minha cama, entre minhas pernas e sobre mim...
Mas eu nunca diria isso alto.
Ele era lindo, sexy e aquela voz maravilhosa... era só isso, não era? Puro desejo sexual.
- Porra, você está pensando em muita sacanagem - disse Eloise aos risos.
Pisquei um bocado de vezes e senti a vermelhidão subir do meu pescoço até a raiz dos cabelos.
Minha amiga ficou de pé com um gesto gracioso.
- É sério amiga, resolva isso - aconselhou, ainda dando risada quando se afastou, dando uma batidinha no meu ombro.
Fiquei parada no meio do saguão olhando para a o céu de inverno se tornar dourado e laranja com o sol se pondo mais um dia.
Terminei o café e fiquei com a xícara vazia ainda erguida na altura dos lábios, me perguntando se estava tão na cara meus pensamentos, quando uma voz me sobressaltos.
- Então é isso, né ?
Me virei com o coração um pouco acelerado para encarar Jean.
- É isso, o quê? - disparei sem tentar ser agradável.
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Flores para Lis
RomanceLis é uma das mais renomadas advogadas de sua cidade, com éticas de trabalho pessoais que conquistou a confiança de seus clientes, junto de seus outros quatro irmãos advogados. Mas alguns deles parecem não mais compartilhar das mesmas opiniões. Uma...