Capítulo 27 🌹

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A chuva caíra mesmo afinal. No meio da noite meus olhos se abriram apenas alguns centímetros com o barulho da tempestade martelando o chão de cascalho do lado de fora e vez ou outra o vento forte assoviando noite adentro.

Porém segundos depois o sono me envolveu novamente.

Antes do horário do almoço, mais cedo do que imaginei, estávamos em Long Beach. Com os pagamentos aprovados nos primeiros horários da manhã a agência de seguro prometeu buscar meu carro na localização que enviamos e ainda nos mandou transporte de volta à cidade.

No caminho, sentada ao lado de Rain no banco de trás do carro da companhia, conforme eu olhava pela janela o céu ainda cinzento por causa das chuvas, tentei esquecer de mais cedo. Quando eu acordara.

Antes de abrir os olhos eu me senti mais confortável do que nunca. Mais quente que nunca. Eu estava me sentindo tão bem que poderia ficar ali por horas, dias, uma vida, sentindo o calor e o cheiro de baunilha com roupas limpas.

E foi então que me toquei, e ao abrir os olhos meu corpo ficou completamente imóvel.

Rain e eu estávamos literalmente entrelaçados, como se em algum momento da noite precisássemos de mais calor e tivéssemos procurado um no outro. Meu rosto estava enfiado no pescoço dele enquanto um de seus braços estava por baixo do meu pescoço. Seu outro estava agarrado a minha cintura, me puxando para si. Enquanto nossas pernas... a minha entre as dele.

Aí meu Deus, foi tudo o que consegui pensar.

Minha mente começou a trabalhar rapidamente, procurando um modo de eu sair de seus braços sem que ele acordasse. Não queria que soubesse como estávamos dormindo.

Mas por um instante. Por um pequeno instante eu me permiti apreciar a sensação. Era boa. E foi isso que me assustou. Gostar tanto da sensação de nossos corpos tão juntos. Do calor e aconchego.

Senti meu corpo ainda mais aquecido, como se tivesse tomado um copo bem quente de chá de uma só vez. Um leve latejar transpassou meu corpo, saindo do meu umbigo e descendo até entre minhas pernas.

Eu só podia estar ficando maluca.

Mas o fato é que sentir ele tão perto assim.... ah, quem eu estava querendo enganar ?

Eu havia sentido no outro dia também. Quando dançamos juntos e Rain segurou minha cintura, as mãos quentes e grandes fazendo pressão ali. Disse a mim mesma que era a euforia do momento e então comecei a falar para segurar o impulso de agarrar o rosto bonito e puxar para o meu. Provar tudo o que Rain tivesse a me oferecer.

Convenci a mim mesma que aqueles olhos brilhantes eram apenas as luzes refletindo. Que aqueles lábios delineados, se abrindo em um sorriso de canto de boca, completamente sensual, não era para mim. Por que não deveria ser.

Meus dedos estremeceram junto ao meu peito, praticamente podia sentir aqueles músculos sob minhas palmas.

Mas era tudo besteira, claro que era. Ele só era muito lindo e atraente e eu, fazia séculos que não fazia sexo. Ah caramba, fazia muito tempo mesmo.

E tão enterrada na fossa eu não me preocupava em deslizar as mãos entre as pernas e resolver a questão por mim mesma.

No dia anterior era a primeira vez, em tempos, que eu me sentia tão desperta e viva. Fora isso. Fora por isso que eu senti aquelas cosias. E porque sentira na cama também. Porque meu cérebro estava desperto e estava me traindo, querendo aliviar a tensão com o primeiro cara bonito que estava na minha frente.

Meu rosto queimou e deve ter ficado escarlate com a direção dos pensamentos, então me apressei a me desvencilhar dele. Com delicadeza tirei as pernas, depois puxei o tronco pra longe e por último rolei pro lado.

Flores para LisOnde histórias criam vida. Descubra agora