Epílogo

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Pessoal, chegamos definitivamente ao ultimo capítulo. Ficou um pouco longo mas eu escrevi com muito amor para vocês. Espero de verdade que gostem. Aproveitem os últimos momentos com Lis e Rain. 

Boa leitura. 




O cheiro doce e pungente das flores preenchia o local com diferentes perfumes e essências. A brisa fresca do meio da tarde entrava pelas janelas abertas e carregava esse perfume para além das portas duplas de entrada anunciando uma nova primavera. Mas aqui, nesta loja, seria primavera o ano todo para quem se interessasse pela beleza, simplicidade e elegância das flores.

Olhei ao redor para ver se estava tudo no seu devido lugar. As prateleiras de vidro nas paredes estavam abarrotadas com variedades de centenas de flores de todos os tipo, tamanhos, cores e perfumes.

Os lírios, as rosas, as orquídeas, as papoulas, as tulipas e todas as minhas flores preferidas haviam sido colocadas de forma organizada na vitrine de frente para a rua, de modo que os pedestres passariam na frente e poderiam admirar a sua beleza.

Caminhei até o balcão de madeira polida e encostei nele, checando pela centésima vez se estava do jeito que eu queria. Sobre o balcão tinha uma plaquinha de vidro escrito: As flores não resolvem todos os seus problemas, mas é um grande começo. Além do mais são lindas.

Essa frase era verdadeira. As flores deixava tudo mais bonito e mais perfumado para quem sabia como admira-las.

O restante da loja era delicado e honesto com paredes de tijolinhos avermelhados e um suporte de madeira no meio abrigando mais uma variedade de flores e vasos de vidro. Os vasinhos de barro com margaridas, jasmins e lavandas estavam suspensos por cordas em algumas paredes. A lavanda com certeza se sobrepunha sobre os outros aromas.

Incapaz de ficar quieta caminhei com passos lentos até a porta, o sininho soou quando a abri e atravessei a soleira até a calçada, parando de costas para rua enquanto meus olhos percorria por toda a fachada. Estava do jeito que sonhei.

As vitrines de vidro e logo em cima o painel de madeira com o logotipo da minha loja. Flores de Amarílis.

Era um sonho, mesmo que recente, que estava se tornando realidade. Quando Adriana me fez questionar-me sobre minha profissão foi exatamente isso que fiz. No começo pareceu bobo e sem sentido. Mas abri minha mente, busquei bem fundo e pensei no que eu queria. Descobri que apesar de gostar da advocacia genuinamente, de ser muito boa nisso, ser advogada era mais o que fazia, não o que era. Diferente disto.

Eu tinha, sim, sido influenciada pela gana do meu pai de buscar justiça. Ou vingança quem sabe, mesmo que na única forma que ele conseguiu. Mas essa era uma vontade dele, não minha, mas que passou para mim de tanto que ele insistia nisso. E eu aceitei porque queria orgulhá-lo acima de tudo. E queria ser como ele. Nós havíamos feito um belo trabalho de fato, ajudamos milhares de pessoas. Mas estava na hora de pensar em mim e deixar para que outros ajudassem outras pessoas.

Buscando dentro de mim achei aquela vontade que eu tinha desde pequenina de admirar as flores. Eu amava quando meu pai me trazia um buque e eu cuidava dele até que murchasse e não tivesse mais jeito.

Adorava quando ia aos parques na primavera e os arbustos e arvoredos estavam cheios e exuberantes. Eu havia ficado encantada quando Rain me levara naquele ensaio fotográfico em uma linda floricultura.

Essa era uma paixão verdadeira, passada de uma geração para outra. Meu avô era botânico e apreciava cada plantinha. Minha mãe amava as flores na sua essência assim como eu. Papai era florista, mas seu amor por isso morreu junto com nossa mãe.

Flores para LisOnde histórias criam vida. Descubra agora