Meus olhos voltaram para Rain, que se encolheu ligeiramente.
- Eu posso dormir no chão, não se preocupe. Só preciso de um cobertor para forrar - se ofereceu. Meu coração deu um nó de imaginá-lo encolhido num chão frio.
- Não seja ridículo - falei, entrando no quatro e caminhando até a cama. - Acho que é grande o bastante para nós dois.
Não era uma cama de casal, o que significava que teríamos que ficar muito perto um do outro, mas era grande o bastante para caber duas pessoas tranquilamente. Mesmo Rain sendo muito grande.
- Eu perguntei a ela se tinha um saco de dormir, mas ela não tem - se explicou.
- Eu não vou te morder de noite, sabe - falei, esticando a mão na frente dos olhos e observando minhas unhas.
Ele bufou, jogou a mochila em uma cadeira no canto e sentou-se na cama. Fiz o mesmo ao seu lado. Era mais macia do que eu imaginava. E mais limpa também, os lençóis branco estavam reluzentes sob a luz aguada, e o chão de madeira não tinha sequer uma poeira. Puxei a enorme coberta até o nariz, cheirava a sabão de coco.
- Isto é melhor do que eu esperava - confessei.
- Você deve estar acostumada a hotéis caros e pousadas sofisticadas - sugeriu ele, tirando jaqueta, em seguida as botas.
Fiquei observando o movimento, sentindo vontade de fazer o mesmo, mas meus braços se recusavam a se mexer.
- Para falar a verdade sim - contei. - Mas acho que não importa o lugar. Eu frequentava esses lugares porque podia. Porém todos sempre pareciam iguais. Com as mesmas pessoas esnobes. Eu gostava quando Jaz levava Finn e a mim, quando éramos mais jovens, a hotéis que faziam festas regadas a álcool e musicas. Onde as pessoas se divertiam de verdade.
Rain deu risada, mas depois se virou para mim, puxando uma perna pra cima da cama.
- Seu irmão levava vocês a festas ?
- Sim. Mas só quando atingimos idade suficiente - esclareci diante do espanto dele. - Eu costumava beber, mas meu fraco mesmo era pela diversão. Mas isso também durou pouco, como você sabe.
Rain agora sem as botas e a jaqueta, puxou mais uma vez minha perna para cima, afrouxando o cadarço dos coturnos.
- Ah obrigada, eu não sabia se conseguiria me mexer - falei, encostando a cabeça na cabeceira.
- Disponha madame - disse com diversão.
Era estranho alguém fazer algo assim por mim de forma tão natural. Era um gesto demasiado pequeno, mas pareceu tão grande. Porque ninguém nunca tirou os meus maldito sapatos para mim. Não depois dos oito anos de idade.
- Me diga Rain, de que parte da Inglaterra você é ? - perguntei, enquanto se ocupava do outro pé.
Ele levantou o olhar.
- Quem te disse que sou de lá ?
Revirei os olhos.
- Ah, por favor. Apesar de você falar muito bem o inglês americano você tem o sotaque britânico. Em certos momentos mais acentuado do que outros - observei.
Ele sorriu.
- Sou de Birmingham. Uma cidade bem grande da Inglaterra que abriga os bares e os cafés modernos mais bonitos da Grã-Bretanha - disse ele com pompa.
- Me conte mais sobre a cidade - pedi, agora com os dois pés livres, os deslizei para cima do colchão.
Rain sentou-se de frente para mim e cruzou as pernas em cima da cama.
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Flores para Lis
RomanceLis é uma das mais renomadas advogadas de sua cidade, com éticas de trabalho pessoais que conquistou a confiança de seus clientes, junto de seus outros quatro irmãos advogados. Mas alguns deles parecem não mais compartilhar das mesmas opiniões. Uma...